Nossa empolgação foi tanta que alugamos um quarto em um hotel em frente a praia de Boa Viagem. A vista aqui de cima é impecável. Reparo várias pessoas de diferentes aparências fotografando e se deliciando da melhor comida praiense do estado de Pernambuco. É incrível onde chegamos. Pedimos comida na recepção para o almoço. Maria Luiza queixou-se da água quente do banheiro e propôs que fossemos tomar um banho de mar a noite.
É verão, turistas desfilam por toda a cidade. Eliza Sanches ofereceu-se para comprar a roupa de banho: biquínis. Thalita está usando um Biquíni Tomara-que-caia que se diferencia pelo formato do sutiã. Sanches, D'avila e eu usamos um Biquíni Cavado, modelagem ousada que acentua o ângulo da cava frontal da calcinha. Todas estamos maravilhosamente impecáveis. Eliza sempre fazendo compras para as amigas com o cartão de crédito Sanches.
— Laura — Thalita suspirou, me deu um beijo na testa e foi até o frigobar. Abaixou-se, e então se virou erguendo duas latas de Red Bull.
— Acho melhor eu ficar sóbria essa semana.
Recusei. Era o mais sensato a se fazer. Quero fazer novas lembranças e me divertir sem bebida. Com álcool ou sem.
— Amo você, Barros. — diz ela com as mãos no rosto. Um dia ela me mata de tanta fofura.
Eu gosto de paisagens e sempre fotografo aquilo que agrada os meus olhos. Com a câmera Polaroide que meu pai me presenteou no Natal, vou registrar vários momentos desse dia incrível.
Nico, o meu cachorro, não o vejo desde das férias no interior. A razão? Kevin o pegou. Pensei que nosso término faria me ficar com alguma lembrança boa dele. Mas não, além de trocarmos farpas como se fossemos duas crianças na quinta série conhecendo o amor e seus delírios, quando poderíamos agir como adultos. Cumprimentar, conversar, sem farpas. Entretanto, parece que isto é impossível quando se trate dele.
Isso é o que palavras descuidadas fazem. Eles fazem as pessoas te amarem um pouco menos. Aconteceu, estava fora do meu controle. Quando as coisas dão errado, você descobrirá que geralmente pioram por algum tempo; mas quando as coisas começam a dar certo, elas geralmente ficam cada vez melhores. Talvez, em algum lugar, algum dia, em um momento menos miserável, possamos nos ver novamente.
É quando você sabe que encontrou alguém especial. Quando você pode apenas calar a boca por um minuto e compartilhar o silêncio confortavelmente. É na quentura dos nossos corpos colados que entendo o verdadeiro significado do amor. O aperto das nossas mãos entrelaçadas, feitas como um fio, encaixes perfeitos, o entrelaço de almas. E eu entendo que, por vezes, posso agir com indelicadeza, insatisfação. No entanto, apenas ela pode suprir minha insensatez constante, minha aflição. Eu a amo por isso.
— Prontas? — Maria Luiza pergunta, retocando o batom no espelho.
— Acredito que sim.
— Por que você está com essa carinha? O que aconteceu?
— Nada aconteceu.
Digo, superei as minhas expectativas em relação à prova, estou com as minhas melhores amigas em um dia inteiramente nosso. É que às vezes nada parece bom o suficiente para me fazer sorrir. Confesso que ando muito cansada, sabe? Mas um cansaço diferente… Um cansaço de não querer mais reclamar, de não querer pedir, de não fazer nada, de deixar as coisas acontecerem.
Mesmo assim, encontro a necessidade de me lembrar da temporariedade de um dia, de me assegurar de que superei ontem, superarei hoje. Sempre, sempre, esses dias e noites virão, a ansiedade, a aversão, a dúvida. Ainda vou viver, e ainda vou amar a vida.
— Dá aqui a tua mão. Vou segurar ela bem forte e, juntas, vamos conseguir enfrentar qualquer coisa boba ou séria. Sabe por quê? Porque nós nos amamos. Nada mais importa.
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THE (new) DIARY of BISSEXUAL
Teen FictionTerceiro e último livro de TDOB Oito anos se passaram desde que Laura mudou-se. Na faculdade, ela está com dificuldade para acompanhar a rotina universitária. Laura só não esperava a volta de um amor do passado. Antigos sentimentos voltam à tona, ag...