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Eu já me proibi de pedir perdão, de me sabotar. De me arriscar, tentar me redimir. O beijo foi impreciso. Minha reação deu-se correta. Não a culpo por agir assim. É normal, as pessoas colocam expectativas em você, expectativas as quais você não precisa cumprir. Eu não sou sempre a mocinha desta estória. Tive uma adolescência controversa, deslealdade no decorrer do caminho. Aprendi a ser sozinha, fazer sozinha, não depender de ninguém além da minha mãe. Ela é incrível, sempre me ajuda quando necessito. Já o papai, nem sempre fora assim. Nossa relação é complicada, mas eu o amo.

Nem tudo é um belo jardim, cor de rosas. No entanto, esta tudo bem. Não há problema em se perder no decorrer do caminho. Você irá se reencontrar no final, basta acreditar.

Casar-se com Thalita foi algo que eu sempre imaginei. Ela é inimaginável, única. O momento pelo qual esperei por anos no fim de contas irá se concretizar. Eu não preciso de uma cerimônia extravagante. Nós não precisamos. A única coisa que precisamos é oficializar esta união de almas. Apenas nós duas, prometendo amar a outra até o dia de nossas mortes.

Logo depois do pedido, Thalita e eu voltamos ao pátio para comunicar aos nossos colegas e amigos a notícia.

— Eu estou tão feliz por vocês duas! — Eliza Sanches falou, abraçando nos.

Em seguida, a energia voltou. Todos agradecemos as forças superiores pela volta. As brincadeiras estavam sendo chatas e repetitivas, Sam e Diogo desapareceram a noite toda. Imagino o que eles devem estar fazendo, aproveitando as últimas horas restantes antes de oficializar. Eles optaram por não fazer despedida de solteiro. Ambos estão contentes, pensam que é desperdício de tempo e de dinheiro. A viagem já conta por si só.

Colocamos a duas camas de solteiro posicionadas, uma perto da outra, assim formando uma cama de casal, digamos. Eu já não consigo dormir sem sentir seu corpo colado no meu. Tendo em vista que os pesadelos acabaram desde começamos a dormir juntas. É uma sensação incrível.

São por volta das duas horas da manhã, estou com notebook ligado pesquisando cursos profissionais da área jornalística. Troquei o diário por um bloco de anotações. O curso é ‘online’, no horário da noite. O que é ótimo, devido à faculdade de administração durante o dia. Estou conseguindo organizar um novo plano de metas. A primeira de todas é casar-se com a Albuquerque.

O dia está a amanhecer, no entanto, ainda estou vidrada na tela desse computador. Acabei ficando focada em outras, como, por exemplo, assistir séries. Thalita não acordou ainda, então pensei em fazer um pequeno gesto de carinho. Desci para o jardim e peguei um ramo de rosas tulipas. Elas são lindas, assim como ela. Espero que a pessoa encarregada de cuidar do jardim não ache ruim, é por algo bom. É por amor. Fui na vendinha ao lado da pousada comprar uma caixa de suco de abacaxi, seu preferido. Pão e presunto, e mussarela. Na ‘vitrine’ havia uma enorme fatia de bolo de chocolate com morangos no topo. Não conseguir ter controle e acabei levando também. Por fim, uma salada de frutas. Na cozinha peguei talheres, uma bandeja de alumínio e subi para o quarto.

Coloquei ao lado da cama e voltei a deitar esperando por ela. Os planos para hoje é relaxar na jacuzzi e observar as estrelas no telescópio. Sam confessou que havia um, no quarto em que estavam. Pedi para que ele entregasse para mim, para eu poder utilizá-lo nesta noite com a Thalita. Fazer um gesto de carinho, tendo em vista que ela é apaixonada por estrelas e tudo o que elas representam.

Abri novamente o notebook e digitei o começo do que eventualmente, mudaria a minha vida inteira. “Capítulo 1”. Escrever um livro sempre esteve na minha lista de metas. É agora que eu pretendo realizá-lo. Ganhando reconhecimento ou não, sei que valera apena. Não planejo publicá-lo, não ainda. Seja o que for, será. Esta é uma frase que levo a sério.

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