Desço do ônibus, cansada, devido à longa viagem de volta para casa. D'Ávila está acenando, Sanches segurando uma sacola de compras nas mãos. Entre elas, está Thalita Albuquerque, sorrindo. Ela não é de sorrir muito, mas cara… Quando ela sorri, puta merda, o sorriso dela pode fazer você sorrir com ela.
Olhando às três animadas ao me ver, sentia-me em casa outra vez. Esses dias longe fizeram me aprender a dar valor e agradecer as pessoas a quem amo. E eu as amava, muito. Não gostava de pensar na possibilidade de não tê-las por perto.
Tenho pena de quem não sabe ter amigos, nem sabe ser verdadeiro, nem tem um colo seguro para poder descansar as dores, nem faz nenhuma tristeza acabar em alegria. Tenho pena de gente que não tem família esquisita, nem histórias malucas para contar, nem amores complicados. Tenho pena de gente que não dá a cara a tapa, que não sabe que o melhor da vida é realmente viver.
— Você está bem? — indagou Thalita, tocando o meu ombro.
— Como eu estou não importa. O que importa é saber que você está feliz e sorrindo. Isso tira qualquer dor de dentro de mim — respondi, sentindo alívio.
— Então… Nós esperamos vocês ali…
Eliza falou e apontou para a parede vermelha do outro lado do ônibus. Malu a acompanha.
— Do que você tem tanto medo? — indaguei.
— Você desperta as melhores sensações em meu coração e às vezes eu não sei como reagir a elas.
— Eu gosto de você. Isso não é tudo, eu sei, não é tão descomplicado assim. Mas eu preciso de você. E você precisa de mim também. Eu sinto — falei com a voz trêmula, sabendo que logo me perderia em palavras.
— É que às vezes acho que não sou o melhor pra você. Mas às vezes penso que poderíamos ser o melhor para nós dois. Só quero que saiba que estou disposta a arriscar tudo. Demorei muito tempo para aceitar que, se você não estiver aqui, não é onde eu quero estar.
Viro a cabeça e vejo que ela tem um sorriso largo e orgulhoso no rosto, mas que seus olhos estão marejados.
Eu me inclinei para trás e olhei nos olhos dela, tocando cada lado de seu rosto com as mãos. Fiz carinho no queixo dela com o polegar. Sua expressão era de partir o coração. Fechei os olhos e me inclinei para beijar o canto de sua boca, mas ela se virou e beijei mais do que tinha pretendido. Mesmo tendo sido pega de surpresa pelo beijo, não recuei de imediato. Ela manteve os lábios nos meus, mas não foi, além disso. Por fim, eu me afastei e dei um sorriso.
Meu Deus! Como eu amo essa garota. Ouvir ela dizendo que quer tentar outra vez é… assustador. Eu me acostumei a dar errado nesses anos todos e eu simplesmente não sei mais reagir quando as coisas vão bem, eu me manipulo o tempo todo. Porém, com Thalita é diferente. Estou apostando tudo o que tenho nesse relacionamento. Ela me ama e eu a amo. Duas pessoas apaixonadas com medo do que vira depois. E mesmo assim, queremos arriscar. Sabendo que nossa relação pode durar horas, dias, semanas ou quem sabe anos. Só iremos saber se arriscarmos.
— Você me perguntou quem eu amava, eu não tive coragem pra dizer que era você — Meu coração bate tão alto que tenho certeza de que ela pode ouvi-lo. — Nós terminamos, mas é incrível como continuamos nos procurando em outras pessoas.
Eu coloco minhas mãos sobre as orelhas dela e inclino a cabeça para trás, e a beijo, e tento colocar meu coração no dela, por segurança, no caso de eu perder de novo.
Adoro o jeito que ela faz eu me sentir, como se tudo fosse possível, como… sei lá! Como se a vida valesse a pena. Se duas pessoas são feitas para ficar juntas, um dia acharão o caminho de volta. A gente conversou bastante sobre tudo, e resolveu ir com muita calma. Embora ainda cometesse erros, eu estava determinada a fazer escolhas melhores e ser uma pessoa melhor. De uma forma ou de outra, parecia que, no momento em que a conheci, minha vida tinha virado de ponta-cabeça. E eu não queria que fosse de nenhum outro jeito.
Então, lá vamos nós, mais uma vez, seja o que for. Mas que pelo menos seja, dessa vez.
•••
É isto, THE (new) DIARY OF BISSEXUAL, está chegando perto do fim :(. Eu quero que, vocês aproveitem ao máximo as leituras seguintes. O que vem a seguir?
— Wendy
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THE (new) DIARY of BISSEXUAL
Teen FictionTerceiro e último livro de TDOB Oito anos se passaram desde que Laura mudou-se. Na faculdade, ela está com dificuldade para acompanhar a rotina universitária. Laura só não esperava a volta de um amor do passado. Antigos sentimentos voltam à tona, ag...