Capítulo 46

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Boa leitura!

Jorge Blanco

- A intenção é doer mesmo, seu idiota!- resmunga, cruzando os braços.

- Mãe, nós não terminamos porque eu estou aqui.- suspiro e respiro fundo, preparando-me para continuar.- Nós terminamos porque ela precisava de um tempo para assimilar o antigo relacionamento e eu preciso de um tempo longe dela, preciso viver por mim. Nem que seja apenas alguns meses longe dela.

- Eu sinto muito por isso, filho.- isso é o que ela diz apenas.

Não tem o que se dizer na verdade. Martina e eu temos muito para sermos um casal de novela, mas isso não vai dar certo enquanto os dois não se ajustarem. Estar aqui em Seattle, mesmo que por alguns minutos, já me deixa mais calmo. Saber que eu não estou quilômetros perto dela ou dez minutos que seja (distância das nossas casas) me deixa muito mais calmo. Eu sei que não aguentaria esse tempo longe dela se eu estivesse no Brasil. Isso está mais do que certo para mim.

Chego em meu quarto e me despeço da minha mãe. A bonita disse que vai sair com umas amigas daqui. E eu, bom, eu vou curtir uma boa música enquanto saboreio a minha recém-pedida pizza de frango com catupiry. 

Ligo meu telefone e aguardo ele iniciar. Assim que a tele acende, uma notificação dela  aparece. Ela me ligou ontem. 23:58 da noite. 

Respiro fundo e questiono-me mentalmente: Será que eu retorno a sua ligação? Ou eu deixo ela de lado e reforço a ideia de distância entre nós?

Segunda-feira - Martina Stoessel

Saio da editora e enfrento um trânsito chatinho, mas comum para São Paulo. Ao chegar em casa encontro a Tati sentada na calçada, próxima ao portão de pedestres do condomínio.

- Ei garota, o que faz aqui?- pergunto e ela levanta o seu rosto, assustando-me. Ela está com os olhos vermelhos e inchados de tanto chorar.

- Tini.- sussurra chorosa.

- Entra aqui meu amor. Vamos tomar uma aguinha e um café.- chamo-a e ele se levanta, caminhando até a porta do passageiro.

Manobro na minha vaga e desligo o meu bebê, suspirando.

- E então? O que houve?- pergunto preocupada e ela soluça, bebendo mais um gole d'água.

- Minha tia Flávia acabou de falecer, Tini.- fico em choque. Como assim a mãe do Jonathan faleceu?

Ela era saudável, toda alegre e espontânea. Flávia, ou minha ex-sogra, era uma mulher incrível e sempre cuidava de mim quando tinha brigas no meu relacionamento.

- Eu nem sei o que dizer, Tati. Vem cá.- puxo ela para um abraço apertado. Tentando consolá-la.

- Eu sei que você também está abalada, afinal ela era sua segunda mãe, mas eu preciso muito de um abraço seu.

- Está tudo bem. Eu vou ficar bem.- asseguro-a.- Vocês já têm informações do velório, enterro, essas coisas?

- Sim. O Jonathan está resolvendo isso. Eu vou ligar para ele e resolver essas pendências.

- Não, deixa que eu ligo.- ela se assusta.- Está tudo bem. Eu não guardo mágoas do Jonathan.

- Tudo bem então.- suspira, bebendo mais água.

Pego o meu telefone e disco o número que é mais do que conhecido para mim.

- Tini?- sua voz chorosa denuncia seu estado.

- Oi Jonathan. Sou eu.

- Meu Deus! Eu nem sei o que dizer? Está tudo bem?

- Sim, tudo bem. Como você está se sentindo? Eu sinto muito Jonathan. De verdade, meus pêsames.

- Obrigado Tini. Eu vou ficar bem. Só preciso que a dor passe logo.

- Então, eu liguei para perguntar as informações do velório. A Tati está aqui comigo.

- Eu sabia que ela ia procurar você. Vai começar às 20:00. Vamos enterrar às 17:00 de terça-feira.

- Muito obrigada Jonathan. Nós já vamos sair daqui.

- Eu te espero lá. Obrigado por tudo. De verdade! Tchau minha linda.

- Tchau Jonathan.

Encerro a ligação e limpo as lágrimas que caem. Eu preciso ser forte pela Tati. Se pelo menos o Jorge estivesse aqui. Tudo seria mais fácil.

- Vai começar 20:00.- aviso a Tati.

- Você não vai avisar ao Jorge? Ele até pode ir conosco, estou lidando melhor com ele. Só porque eu sei que ele te ama muito, viu?- resmunga em tom de brincadeira e eu sorrio.

Eu sei que ele me ama. Mas eu estraguei tudo, Tati. Perdi o grande amor da minha vida.

- O Jorge está morando em Seattle, amiga.

- O quê? Como assim? Gente que rico!- foi impossível não rir.

Gosto de estar com a Tati por isso, ela sempre arruma um motivo para sorrir. Me doeu ver ela dessa forma, foram poucas vezes que eu a vi chorar assim. Mas aqui está a minha amiga. Mesmo com toda a situação ela pensa no bem-estar de todos.

- Eu sei, ele é rico mesmo, mas fazer o que né? Eu sou apaixonada por ele.

- Haha amiga. Eu te entendo. Aquele olhinhos esmeraldas brilham quando te vêem. Guarda ele amiga, não perde para as norte-americanas não.- caímos na risada.

Eu não consegui dizer sobre o término. Tanto é que eu ainda uso a nossa aliança. Não consigo e nem quero tirá-la daqui. Esse é o lugar dela e ponto final.

Continua
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