SARA
Acaricio os cabelos ruivos e sedosos de Clarice que deixa escapar algumas gargalhadas enquanto seus olhos verdes estão presos na tela da televisão onde passa um desenho qualquer.
Depois de ter aberto o jogo com Rodolfo eu fui buscar Clarice na escola e desde de então estamos juntas, emboladas em um cobertor quentinho para nos livrar do frio que veio junto com a chuva que não dá trégua.
Sempre fui uma grande apreciadora do sol e do calor, mas estranhamente estou me sentindo bem apenas em escutar o barulho da chuva caindo lá fora, pois sinto como se ela estivesse lavando minha alma e coração, me deixando mais leve, sorrindo como eu não sorria desde de quando Levi sumiu da minha vida.
Isso é um bom sinal certo ? Algo dentro de mim grita a pleno pulmões que SIM e eu estou feliz por estar escutando a voz que vem de dentro de mim e não aquela do desespero que o tempo todo estava me fazendo agir sem pensar.
- Mamãe. - olho para Clarice assim que escuto ela resmungar por mim. Só agora notando que ela esfrega os olhos, tentando lutar contra o sono.
- Oque foi, meu amor ?
- Agora será apenas nós duas ? Você não vai mais namorar o tio Rodolfo ?
- Sim, seremos apenas eu e você. - sorrio beijando sua bochecha enfeitada por pequenas sardinhas. - Está bom assim ?
- Não, mamãe. - como se já não sentisse mais sono, Clarice se levanta em um pulo do sofá, me olhando séria enquanto tenta afastar sua franja para longe dos olhos. - Está faltando alguém, mas enquanto ele não chega não irei me importa de ser apenas nós duas. Gosto do tio Rodolfo, mas não quero que ele volte a ser seu namorado.
- Clarice, não está faltando ninguém, nossa família já está completa. Eu e você formamos ela e tenho certeza que seremos muito felizes. Você não está feliz ?
- Estou, mas é que eu queria ter alguém para chamar de papai. - abandono o sofá para ir até minha pequena que agora está cabisbaixa, olhando insistentemente para o chão enquanto move suas mãos sem parar. Pega em suas mãozinhas nervosas trazendo agora seu olhar para mim.
- Você pode chamar o vovô Hector de pai, tenho certeza que ele não vai se importar.
- Não é a mesma coisa, mamãe, eu gosto do vovô Hector, mas não vou conseguir chamar ele de pai. Quero que o príncipe seja meu pai.
Solto uma grande lufada de ar, buscando manter a calma. Não há motivos para ficar nervosa, Clarice é apenas uma criança que assim como a maioria fala coisas movida a inocência que reina dentro de si, então mesmo que me incomode ela sempre trazer Levi em nossa conversa, eu irei ser paciente para aos poucos fazê-la entender toda essa situação.
- Clarice já conversamos sobre isso e você sabe que não há como isso acontecer.
- Eu sei, mas não acredito mamãe, tenho um motivo para continuar acreditando no meu sonho.
- Tudo bem... - mormuro cansada - Esse é o seu sonho, Clarice, mas não é o meu. Cada um acredita naquilo que seu coração manda e se o seu nutre a esperança que ele irá voltar está tudo bem, mas não se apegue muito nisso, não quero que sofra. - aperto sua bochecha, ganhando um sorriso terno em troca.
Não tenho o direito de destruir esse sonho dela. Cabe a mim respeitar os devaneios de Clarice.
- Agora acho que está na hora de você ir dormir mocinha.
- Já vou mãe, mas antes quero que me prometa uma coisa.
- O que você quiser meu amor.
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Tudo Começou Com Um Olhar #2
RomanceOBS: Não é necessário ler o livro 1. Sara não imaginava que um olhar sedutor pudesse mudar sua vida, muito menos imaginava que o dono dos olhos pelo o qual ela se encantou a jogaria em uma grande e assustadora montanha russa de sentimentos, onde por...