CAPÍTULO 17

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L E V I

Não fazia nem 24 horas que Sara havia deixado o quarto de vidro, chorando, gritando por mim enquanto seu corpo era banhado pela chuva, que se misturava com sua lágrimas, acarretadas por mim, um homem covarde. Como consequência da minha escolha covarde eu já estou quase perdendo o controle, sinto que falta pouco para que isso aconteça e eu vá beber mais do que já bebi ou na pior das hipóteses, que minhas pernas me levem até Sara.

Quero esquecer da forma que disse amá-la. Quero esquecer que a amo. Quero esquecer da imagem desoladora que tive através da janela do meu quarto, onde eu derramava lágrimas doloridas na mesma proporção que ela a medida que seus gritos ensurdecedores chegavam até mim, esbanjando no timbre embarcado da sua voz toda a dor que seu coração estava sentindo, assim como quero esquecer que sou um alcoólatra, mas isso será impossível enquanto eu ainda viver, isso realmente é impossível quando na verdade a minha mente não me dá uma trégua.

O tempo tudo ela me faz lembrar do cheiro de Sara, da sua risada, da sensação de tê-la em meus braços e do modo que seus lindos olhos castanhos esverdeados brilhavam toda vez que ela me olhava esbanjando amor, carinho, zelo e paixão, tudo o que também sinto por ela.

Nessas últimas horas eu passei lutando para me livrar das lembranças, me refugiando ainda mais na bebida para esquecer de tudo, mas agora, jogado sobre a cama do quarto de vidro que passamos nossa última noite juntos, eu vejo que nada adiantou, as lembranças sempre voltam ainda mais dolorosas para mim, me transformando em um homem desesperado, querendo voltar atrás na minha escolha, mas acontece que não posso, não posso brincar com Sara desse jeito.

Soco inúmeras vezes o colchão, coberto pelo o lançou que além de estar com o perfume das rosas, também está com o perfume dela, da mulher que amo mas não posso viver esse amor ao lado dela. Tudo piora quando meus olhos voam até a pequena mesinha e eu vejo o vestido dela. Como um louco desesperado, eu pego a peça, levando-a até o nariz, sentindo de perto seu perfume que parece estar mais forte no tecido macio do vestido do que no lençol.

Esse vestido estava lindo nela. O corte abraçava com maestria sua cintura pequena, oque acabou puxando toda minha atenção ainda mais para ela. Sara nem deve ter percebido, mas durante sua festa de aniversário eu não tirava os olhos dela, eu a todo tempo ficava a admirando, me perguntando como é possível uma mulher ser tão linda como ela, tão sorridente e encantadora. Sara pode ter qualquer um aos seus pés, ela não precisa de muito para isso quando sua maior arma de sedução é o seu jeito meigo de ser.

Ela pode ter qualquer um, assim como ela me tem e sempre irá ter. Serei eternamente dela, não quero que outra mulher entre em minha vida, eu me recuso a tocar outro corpo que não seja o dela, me recuso a beijar outra boca.

- Sara....Sara. - chamo por ela como um completo idiota. Ela não está aqui, eu sei que não está, mas mesmo sabendo disso meu lado bêbado insiste para que eu a chame, acreditando tolamente que ela irá aparecer em minha frente como em um passe de mágica. - Volta aqui!! Eu amo você, me perdoa. - jogo minhas palavras embriagadas a se perderem no vácuo do ambiente ao mesmo tempo que me levanto cambaleando e começo a chutar a cama enquanto grito por ela, chorando por já estar sendo crucificado pela precoce saudade.

Caio no chão ao tropeçar em uma garrafa de bebida qualquer que estava em meu caminho. Xingo incontáveis vezes por estar tão bêbado ao ponto de precisar me apoiar na cama para me levantar do chão. Olho para a garrafa que me fez cair, encontrando não apenas essa como várias outras espalhadas pelo chão. Eu não parei de beber desde de quando Sara se foi e mesmo estando bêbado meu corpo ainda pede por mais, me fazendo pegar a única garrafa cheia que resta e virá-la garganta a baixo, tomando um gole demorado.

Tudo Começou Com Um Olhar #2 Onde histórias criam vida. Descubra agora