CAPÍTULO 42

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S A R A

Seguro uma risadinha quando Levi mal entra no orfanato e já é puxado por Clarice. Ela o leva até uma pequena turminha de crianças que, assim como a ruivinha, se fascinam pelas tatuagens dele. Vários dedinhos miúdos tocam com admiração o mundo que sua pele colorida é, fazendo Levi sorrir sem parar e assumo que vê-lo assim me traz uma sensação boa.

Não falei com Levi, mas, quando eu estive em seu quarto, eu percebi que alguma coisa estava atormentando-o. A câmera fotográfica jogada no chão só me fez ter a certeza disso, assim como as fotos amassadas também.

Entendo perfeitamente o que ele está sentindo, passei por isso quando ele foi embora e levou consigo minha vontade de pintar. Eu me sentia frustrada toda vez que pegava no pincel e não conseguia fazer nada, me sentindo perdida e com medo de nunca mais conseguir fazer aquilo que sempre foi minha verdadeira paixão.

Talvez tenha acontecido o mesmo com Levi. Talvez os acontecimentos da vida tenham roubado dele o amor que sentia por fotografar, mas isso não quer dizer que seu dom tenha morrido, ele está apenas adormecido dentro dele. E, para Levi voltar a pegar a câmera nas mãos e não achá-la um bicho de sete cabeças, ele precisa tentar e, se não conseguir fazer isso por conta própria, eu mesma vou ajudá-lo.

Uma gargalhada grossa chama minha atenção novamente para o grupinho de crianças. Um menininho loiro está tocando a barba de Levi, soltando pequenas risadinhas quando os fios ásperos espetam suas mãozinhas miúdas. Eu mais do que ninguém sei bem como essa sensação é gostosa.

Incrivelmente, o grandão repleto de tatuagens parece ser um grande atrativo para as crianças. Todas querem por suas mãozinhas curiosas nele, fazendo Clarice antes animada, agora ostentar uma carranca por ver que todos querem um pouquinho do seu príncipe Levi.

Ela está com ciúmes... E assumo que isso não me surpreende em nada. Clarice desenvolveu um amor forte e puro por Levi.

- O Príncipe Levi pelo jeito não tem apenas Clarice como grande fã, e, acho que ela não está gostando muito disso. - Rodolfo para ao meu lado, arrancando meu sorriso quando cruza os braços e tromba em mim de leve.

- Ela vai ter que se acostumar a dividir. Levi parece atrair o olhar das crianças.

- As tatuagens. Essas crianças nunca viram alguém que, segundo elas, possuem desenhos coloridos no corpo. - Rodolfo solta um sorriso, para depois me olhar com a sobrancelha arqueada, me fazendo dar de ombros e ir fechar os potes de tintas que as crianças deixam abertas.

As tatuagens... Malditas e atraentes tatuagens...

Sinto meu rosto queimar quando me lembro das vezes em que beijei cada desenho da pele dele. Levi adora me ver toda seduzida, não somente por ele, mas pelo que faz parte dele. Segundo ele, cada tatuagem possui uma história, ainda não ouvi nenhuma delas porque beijá-las e lambe-las enquanto olho para ele me parece ser algo mais agradável...

Mordo meu lábio inferior quando olho para ele, ainda rodeado de crianças, e o imagino logo mais em minha cama, sem qualquer obstáculo para me impedir de ver até a mais escondida das tatuagens que ele possui.

Levi nem desconfia que sua punição por se atrasar alguns minutos não é bem uma espécie de punição. Ele irá gostar, mas antes ele precisa fazer algo que sabe fazer muito bem, sei que não será fácil convencê-lo, mas tenho uma carta poderosa na manga e ele sem dúvidas alguma não resistirá.

- Algum problema, Sara? - Sobressalto quando a mão de Rodolfo toca meu ombro, fazendo meus pensamentos morrerem. - Seu rosto está vermelho. Está tudo bem?

Tudo Começou Com Um Olhar #2 Onde histórias criam vida. Descubra agora