BÔNUS 2

739 90 83
                                    

Lolita na foto ☝

LOLA

Esfrego meus olhos na intenção de espantar o sono provocado pelos os medicamentos, mas acredito que isso não irá funcionar muito sendo que Rodolfo acabará de me fazer tomar mais um maldito remédio.

Sinto-me fraca como a muito eu não me sentia, meu corpo está preguiçoso e dolorido me atiçando a me afundar mais no emaranhado de cobertores quentinhos que estou enrolada desde de hoje de manhã quando Rodolfo me trouxe para casa, mas a verdade é que preciso andar um pouquinho, minhas pernas imploram para serem esticadas e meu estômago protesta por comida.

Preguiçosamente abandono a cama sentindo uma onda de calafrio invadir meu corpo me fazendo torcer o rosto em uma careta quando vejo meu reflexo no espelho e noto está vestindo uma camisa enorme, a camisa do meu irmão, a camisa que antes tinha o cheiro dele que amenizava um pouco da saudade que eu sentia e ainda sinto, mas de tanto ser usada o cheiro marcante de Levi acabou abandonando o tecido macio, assim como Levi abandonou a mim.

Desde de quando ele sumiu eu vejo a cada dia que passa as coisas com menos cores, oque me leva a crer que não irá demorar muito para tudo ficar cinza, sem graça e com um teor melancólico. Oque mais me dói é aguentar tudo isso sozinha, a única pessoa que eu tinha não está mais aqui comigo, Levi não está mais aqui para me ouvir pacientemente como ele fazia e isso me mata.

Não gosto de conviver sozinha com meus medos, pois temo ser aprisionada por eles. Choro todas as noites por não saber nada do meu irmão, por não saber se ele está vivo ou morto e tudo piora quando chego a pensar que ele teve o mesmo fim que nosso pai.

Se isso aconteceu eu não vou mais conseguir mascarar minha tristeza com sorrisos forçados que sou obrigada a manter no hospital, não sou tão forte assim a prova disso é que diariamente tenho meus momentos de fraqueza como agora onde me sento no chão abraçando meu próprio corpo enquanto soluços altos escapam de mim. Meu interior está muito frio e eu como uma louca tento sozinha me aquecer um pouco, mas eu nunca consigo...

Abro os olhos quando sou puxada para um abraço apertado onde encontro braços quentes e aconchegantes, exatamente como eram os braços de Levi, mas não é ele quem me abraça agora, mas sim Rodolfo que acaricia meus cabelos enquanto apoio minha cabeça em seu peito.

- Não chora, Por favor. Eu estou aqui com você, Lola. Eu sempre estive - agarro com força sua camisa quando sinto uma pontada forte de dor em meu coração por ouvir mais uma grande mentira saindo da boca dele.

Rodolfo é um idiota, um mentiroso e por vezes me pergunto se ele faz isso para se sentir melhor, para provar a si mesmo que ele é um ótimo amigo que sempre está ao meu lado ou se ele mente porque acha que sou boba, que acredito em tudo oque ele fala.

A verdade é que Rodolfo só diz está comigo, ao meu lado, mas ele nunca esteve me oferecendo um ombro amigo nos momentos que mais precisei, ele nunca se propôs a me ouvir para saber oque sinto por estar longe do meu irmão, por não saber se ele está bem. Desde de quando Levi foi embora Rodolfo só esteve ao lado da Sara que sei também sofrer tanto quanto eu, então não é justo ele dizer que sempre esteve comigo.

Ele se prendeu tanto no que sentia por ela que nem ao menos se preocupou em olhar para o lado onde eu sempre estava sozinha, querendo que alguém me ouvisse. Por inúmeras vezes ele me encontrou com o rosto inchado pelo o choro no corredor do hospital onde trabalhamos e tudo oque ele fazia era ligar seu modo engraçado, ele nem ao menos teve a sensibilidade de olhar com mais atenção para mim.

Eu não queria ter sua atenção o tempo todo, eu só queria ter meu amigo cuidadoso de volta, que sempre pegava em minha mão e me puxava para tomar um café, para que eu pudesse desabafar, mas esse Rodolfo não existe mais.

Tudo Começou Com Um Olhar #2 Onde histórias criam vida. Descubra agora