CAPÍTULO 10

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L EV I

Acabado!!

É assim que estou ao acordar e uma dor de cabeça infernal me faz fechar os olhos mais uma vez. Levo meus dedos a massagear minhas têmporas, tentando achar nesse meu gesto uma pequena gota de alívio para as pontadas cruéis que me atingem. Meu corpo dói, dando a impressão que dormir sobre pedra. Quando volto a abrir os olhos me dou conta que o corpo todo moído não é apenas pela noite de bebedeira. Eu dormi sentado...

Apesar de humilhante eu estou pouco me importando com isso, tudo oque quero agora é me jogar na minha cama. Quero me trancar no meu quarto poluído pelo cheiro de álcool e tentar dormir decentemente.

Ainda estou no bar e olhar para esse ambiente velho me faz lembrar do que porque vim parar aqui. Porra!! Eu ainda estou me sentindo um grande filho da puta por ter machucado Sara. Quando lembro do que fiz minha vontade é de socar minha própria cara. Quem sabe assim eu não mate esse vício desgraçado?

Balaço a cabeça, não acreditando que cheguei a ter um pensamento tão idiota como esse, me pergunto se isso é o álcool afetando meu cérebro. Saio do meu próprio mundo de divagações quando escuto um copo bater sobre a mesa onde estou com os braços apoiados. Quando levanto o olhar me deparo com uma mulher jovem oferecendo para mim um pouco de café.

- Acho que isso poderá te ajudar - sorri tímida, puxando uma cadeira para se sentar, jogando sobre mim seus olhos castanhos curiosos.

- Obrigado - agradeço me deliciando com o café amargo trazido por ela, sentindo uma ilusória sensação de bem estar.

- Não precisa agradecer. Como é seu nome?

- Levi...

- Bom, é um prazer conhecer você, meu nome é Sandy e sou filha do dono do bar.

Não falo nada, apenas continuo tomando meu café, vez ou outra olhando para a menina a minha frente que assim como Sara também possui franja. Inferno!! Eu não precisava ter lembrado do quanto gosto de arrumar os fios desgraçados da sua franja, isso me faz querer fazer o mesmo com essa menina tímida, só para eu fechar os olhos e me lembrar um pouquinho mais de Sara.

Eu sei que isso é louca e assumo que talvez isso ainda possa ser a embriaguez falando por mim, mas tenho que confessar que existe grande chance desse pensamento puro ter vindo do meu coração.

Termino meu café me levantando com as chaves da moto já em mãos. Agradeço mais uma vez a moça que sorri gentilmente quando pego em sua mão delicada e deixo um pequeno beijo sobre a mesma, mais uma vez me amaldiçoando por lembrar de Sara, do quanto ela gosta desse meu cavalheirismo, geralmente mais direcionado a ela do que qualquer outra mulher. Agora, por exemplo, dei para aquela moça um pouquinho do que meu anjo sempre tem quando está comigo.

Arrumo minha jaqueta antes de subir na moto e fazer o motor roncar. Ainda vejo tudo girando e mesmo que seja irresponsável da minha parte eu vou pilotando a toda velocidade pela pista pouco movimentada pela manhã. Andar de moto para mim é como um ato de liberdade. Gosto de toda essa adrenalina, principalmente do vento gelado batendo em meu rosto. A sensação é maravilhosa....

Por inúmeras vezes sai por aí sem rumo, sem me importar de parecer um louco perdido, tudo oque eu queria era pilotar minha moto até não aguentar mais e hoje estou disposto a isso. Pilotar faz minha mente se esquecer de tudo, do meu vício, meu passado e desse sentimento sufocante dentro do peito que me invade cada vez mais a medida que passo a desejar Sara com mais força.

Paro no sinal vermelho, desviando minha atenção para os lados, eu só não imaginava que esse simples gesto seria como enfiar uma adaga em meu coração. Por coincidência do destino ou não, eu vejo Sara correndo daquele tal Rodolfo todo sujo de tinta que logo a alcança, puxando-a para si, colando o corpo dela no seu.

Tudo Começou Com Um Olhar #2 Onde histórias criam vida. Descubra agora