Capítulo 18

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Necrópole - Costa da Somália (Coordenadas Desconhecidas)

Tempo transcorrido após o primeiro contato: 60 dias

No interior da Caverna, a música e a baderna de inúmeros piratas preenchem o vazio do local. No coração de uma das maiores carcaças apodrecida de navio, um grupo grande de mercenários africanos está bebendo, comendo e jogando, como se não houvesse um dia seguinte. Algumas mulheres passam de colo em colo, se forçando a rirem das baboseiras e histórias contadas pelos criminosos, a fim de descolarem mais dinheiro e presentes.

O ambiente é escuro. A fumaça de odor duvidoso dos charutos e cigarros se mistura com o cheiro de álcool e suor de uma centena de homens deixando a atmosfera muito pesada, fazendo até com que alguns homens de estômago mais fraco acabem vomitando pelos cantos - o que também contribui para tornar o local cada vez mais insalubre.

Em uma área um pouco mais elevada do local, se encontra Dalmas, sentado em um tipo de trono improvisado com uma mulher em seu colo. Em uma das mãos, uma garrafa de conhaque. Sua outra mão passeia pelo corpo de sua acompanhante.

Após uma longa sorvada em sua bebida, ele larga a garrafa. Um anel grosso em seu dedo, de um metal cinza escuro com reflexos esverdeados passa a ser o centro de sua atenção. Com seu polegar, o pirata brinca com o acessório, girando-o em seu dedo, sem o tirar do lugar. Temblórium, o metal espacial e chave para o sucesso de seu plano.

O somali, apesar de todo o clima festivo ao seu redor parece entediado, com seu pensamento longe. Ao lado de seu trono tosco, um banquinho de madeira sustenta um rádio comunicador que, ao primeiro sinal de contato, é prontamente levado próximo ao seu rosto.

- Dalmas? Dalmas, você está aí?

- Estou ouvindo. O que foi, James?

- Aquele navio que você pediu que acompanhássemos. Ele começou a se mover. – Uma pausa. – Mas pela frequência do rádio, esse é um navio militar da Libra. E um dos grandes!

- Ótimo. Quanto maior a fera, mais vale a sua cabeça.

Dalmas joga o rádio no chão, entorna o resto de conhaque da garrafa e se levanta de seu trono tão abruptamente que a mulher que lhe entretia quase é jogada ao chão.

- Homens! - Sua voz reverbera por todo o aposentado, mais parecendo um rugido. Seus olhos, agora com as pupilas emanando um brilho levemente roxo, se destacam na penumbra do local e se cruzam com todos os olhares dos piratas presentes, enchendo os seus corações de coragem e euforia. – Vamos caçar!

Como o estouro de uma manada de animais na savana africana, os homens de Dalmas enlouquecem, gritando ferozmente e disparando suas armas no interior do gigante enferrujado. De forma desorganizada e desenfreada, todos deixam a carcaça do grande petroleiro em direção aos barcos atracados na beira da praia. Em poucos minutos, o pequeno exército parte em suas embarcações bimotoras rumo à arrebentação, onde um navio maior, o S.S. Saint Paul, os aguarda para partirem em caçada ao AES REGULUS.

***

Já na Ponte de Comando de seu novo navio sequestrado, Dalmas se debruça sobre o monitor do sistema de radares da embarcação, juntamente com algum de seus homens mais experientes.

- Dalmas, o REGULUS finalmente começou a se mover. Sua última localização confirmada após deixar Atlantis era na Base Naval da Frota do Pacífico, no Arquipélago de Taiwan. Agora parece que estão se movendo para o continente.

- Perfeito, James. Vamos interceptá-los na Costa de Hong Kong. - Bullet, agora vestindo uma calça militar camuflada cinza e um colete tático, ainda aprendia a usar seu braço esquerdo para tudo, já que o seu braço direito, logo após o ombro havia sido desintegrado pelo alienígena.

Armacell - Primeiro ImpactoOnde histórias criam vida. Descubra agora