Capítulo 12

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 Mar da China, Coordenadas desconhecidas.

Tempo transcorrido após o primeiro contato: 80h

Na ala dos prisioneiros repentinamente todas as luzes se apagam, o que gera imediatamente uma série de reclamações e xingamentos. Naquele local, raramente um acontecimento não era motivo de descontentamento e justificativa para motins.

- Porra! Qual é? Não são nem dez da noite ainda!

- Seus guardas de merda!

A maioria dos detentos ainda estava acordada e se distraindo da forma que podia em seus cantos para passar o tempo. Todos ainda contavam com mais 30 minutos de luminosidade. O fato das luzes terem se apagado mais cedo, gera uma revolta por parte dos condenados. Alguns objetos são arremessados para fora das celas, inclusive alguns recipientes contendo dejetos dos próprios prisioneiros.

Do lado de fora, o alienígena levanta voo e sobrevoa a prisão. Em seu visor, o display indica o local onde todos os guardas armados da prisão estão posicionados, sinalizando-os em contornos na cor laranja, enquanto que todo o local é projetado em branco. Tendo identificado todos os seus oponentes, o alienígena dispara um feixe de luz de sua testa que corta o ar em uma velocidade espantosa, destruindo completamente o primeiro de seus alvos, um ponto de vigia localizada em um piso intermediário da antiga torre de perfuração. Seu segundo disparo destrói a Sala de Rádio, localizada acima do passadiço e em frente ao heliporto.

Alguns guardas, assustados com a série de explosões deixam o casario e saem para o exterior para ver o motivo de toda aquelas detonações, uns de uniforme, outros de pijamas e trajes pessoais.

Todos os oficiais que pisam do lado de fora são alvejados pelo feixe de partículas da criatura, sem terem tempo ou chance suficiente para esboçar qualquer tipo de reação. Seus corpos, com grandes buracos em seus peitos ficam expostos ao relento, enquanto que o feixe energético e destrutivo do invasor varre cada centímetro dos patamares do casario. Alguns dos cadáveres, ou o que restara deles, ainda entram em combustão e acabam carbonizados, em razão da altíssima temperatura alcançada pelo ataque.

James "Bullet" Dickinson acorda repentinamente, assustado. A palma da mão dura e áspera de Dalmas sobre a sua boca o impede de gritar. O detento tenta em vão se desvencilhar, porém logo nota que com a outra mão, seu colega de cela faz um sinal de "silêncio" para ele, com seu dedo indicador erguido sobre os lábios.

Instintivamente James se acalma e acena positivamente com a cabeça. O africano retira sua mão de seu rosto e com um novo gesto silencioso, pede que o siga. É ao saírem de sua cela, que inexplicavelmente se encontra aberta, que Dalmas e Bullet notam toda a destruição na ala dos presos. O complexo inteiro se encontra na penumbra, com não apenas a sua, mas todas as celas abertas e vazias. A maioria dos presos já havia deixado seu cárcere e correrá para longe dali. Por isso o local se encontra incrivelmente silencioso. Esporadicamente, gritos de dor e terror podem ser ouvidos ao longe, juntamente com algum som de passos ecoando pelos corredores da embarcação, vindo de outras alas.

Do teto e das anteparas pequenos curtos elétricos iluminam esporadicamente a seção. Na antepara logo à frente de sua cela, James e Dalmas notam um gigantesco buraco, como se um enorme maçarico de corte tivesse sido usado para abrir o rasgo. Alguma coisa grande passou por ali. Os dois seguem o corredor até alcançarem as escadas que leva para a área de convivência, uma espécie de pátio coberto onde os presos passavam suas horas de lazer.

Algumas mesas de aço inoxidável se encontram tombadas. Em outros pontos, pequenos focos de incêndio provêm uma parca e inconstante luminosidade que acabam por ajudar os dois detentos a percorrerem o caminho até a saída. Dos decks mais altos, pedaços de papel e tecido em chamas caem incessantemente pelo fosso central do setor. E finalmente alguns corpos começam a aparecer, jogados como lixo pelos cantos dos corredores.

Armacell - Primeiro ImpactoOnde histórias criam vida. Descubra agora