Uma segunda chance

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Estamos naquela época de fim de ano que todo mundo gosta, aquele clima natalino e familiar que junta às pessoas que amamos em uma mesma casa, para que juntos se alegrem e compartilhem suas conquistas e derrotas do ano, esse momento é aquele de risos, lágrimas e trocas de presentes.

É injusto, mas nem sempre ganhamos o que queremos e essa é a pior parte, porém o sorriso no rosto do outro, mesmo que for apenas te sacaneando é realmente contagiante.

Natal só serve para isso.

Todos os anos Nanny e eu passamos o Natal, sentadas em frente a nossa lareira. – Minha casa é antiga, ela tem lareira – ouvíamos a risada dos vizinhos ao longe, em suas casas, mas não ousamos sair da nossa. Ninguém nunca nos convidou, como eu havia dito é algo familiar e não temos família alguma aqui em Missouri, nem somos uma família na realidade.

Entretanto algumas coisas mudaram e nós nos permitimos mudar com elas.

Esse ano iremos passar o Natal na casa da mãe de Yoongi, e não só Nanny ou eu, Yoongi também convidou Jeongyeon e pela primeira vez eu tive uma sensação boa sobre o Natal.

Natal significa nascimento.

Eu não tenho certeza de que Jesus nasceu no dia 25, eu nem sou religiosa, e toda essa mistura do vermelho e o papai Noel sempre bagunçaram muito mente, no entanto esse ano eu resolvi entrar no clima natalino.

A mãe de Hoseok havia recebido alta, e ele estava realmente feliz. Apesar de tudo que fez em parceria com a Nanny eu não podia impedi-lo de se juntar a nós, primeiro porque a festa não era minha e segundo porque tanto a mãe de Yoongi como a própria Nanny faziam questão de sua presença e a de sua mãe.

Nanny e Hoseok mal conseguiam disfarçar que estavam apaixonados, embora ela tentasse esconder a todo custo da senhora Jung, para mim era muito claro e eu tinha certeza que a senhora Jung já sabia e só estava se fingindo de boba, as mães sempre sabem.

Yoongi e Maisie formavam um belo casal, eu percebi isso enquanto estava em sua casa.

Resolvi que iria mais cedo para a casa dos Min, mesmo a mãe de Yoongi dizendo que não precisava, não me senti à vontade em simplesmente chegar a casa alheia, eu não tinha nada para levar fora o presente do meu amigo secreto, nada mais justo que tentar ajudar pelo menos com a mão de obra.

O único problema era que eu era péssima na cozinha e meu instinto decorativo também não era grande coisa.

Meu Deus! Me pergunto se existe algo que eu saiba fazer bem, além de me iludir?

É uma pergunta retórica, não respondam isso.

A minha vida foi resumida em um único capítulo, e quando penso nela, percebo o quanto a tornei insignificante. Até um certo momento da minha estrada, nada realmente me importou ou me fez lutar por meus objetivos ou sonhos. Sempre me orgulhei por achar que estava olhando para frente, quando na verdade eu nem estava vendo o que estava na minha frente, andei por tantos anos só por andar, vivi só por viver, sem propósito, realmente, sem significância.

Até que algo realmente inusitado a fez mudar, e eu me pergunto por que precisei mudar? Seria tão mais fácil se continuasse do mesmo jeito. Sofreria menos.

Mas nada é como eu quero.

A vida me deu um choque de realidade e mudou tudo drasticamente.

Eu nasci em Porto Alegre, Rio Grande do Sul, estado do Brasil onde passei a maior parte da minha infância. Vi minha mãe apanhar do meu pai nesse período, várias vezes a peguei chorando escondido e eu não pude fazer nada.

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