Eu vou voltar

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Eu acordei decidida, não aguentava mais ter que fugir disso. Minha decisão era certa, não ficaria mais em Missouri, voltaria para o Brasil.

Eu vou voltar para o Brasil.

Desci as escadas já pronta para ir à escola, depois que as férias de inverno acabaram as aulas voltaram a ferrar as nossas vidas. Eu não estava entediada com isso, pelo contrário, algo em mim dizia que muitas coisas mudariam e eu estava certa.

Segui até o ponto de ônibus para esperar minha condução chegar, porém fui surpreendida por Namjoon e Vivian, que me ofereceram uma carona.

Eu aceitei.

Em que momento da minha vida eu iria imaginar que aceitaria uma carona desses dois?

Chegando à escola, a nossa turminha já estava reunida, a turma dos populares da qual eu nunca havia feito parte me convidou para sentar-se com eles.

Eu não estava acreditando ainda.

Não era como eu imaginei, era melhor.

Hoseok era tão brincalhão que ao lado de Taehyung tomava a atenção da escola inteira, eles viraram bons amigos e Yoongi para não ficar por baixo acabava se soltando e com Namjoon de contra peso, depois os dois ficavam morrendo de vergonha das próprias maluquices. Todos pareceram aceitar bem o relacionamento de Jeongyeon e Taehyung, acho que se eu estava de acordo tudo bem, eles também estavam acostumados a ver os dois juntos. Isso não era algo inusitado.

Só queria que fossem felizes.

Maisie, Jeongyeon, Vivian e eu andamos juntas sempre que podíamos, íamos ao shopping, ao cinema, fazíamos festa do pijama. Era nosso último semestre e Vivian estava ansiosa com a faculdade, ela havia decidido desistir da carreira de patinadora, descobriu que sua grande paixão era os bichinhos de estimação, então decidiu estudar veterinária, Jeongyeon queria seguir a carreira por mais tempo, agora que estava famosinha, não podia parar no meio do caminho. Maisie era a única que ainda tinha um ano, e tudo que conseguia pensar era em seu casamento, ela e Yoongi viviam fazendo planos, e hora ou outra Maisie pesquisava vestidos de noiva na internet. Ela não era louca, ao contrário de mim era confiante, e mesmo sabendo de suas condições de saúde preferia pensar que conseguiria chegar ao altar.

Eu admirava isso nela, e estava torcendo para que seus exames dessem um resultado diferente. A bebê do grupo merecia uma segunda chance para viver.

Mas sem me dar conselhos.

Eu era o caso sério, a iludida de Missouri. Voltei a trabalhar no Café, compensei todas as minhas faltas, atrasos e saídas antecipadas, e todo o dinheiro que consegui juntar teve um destino certo, e não era o da faculdade. Na verdade, eu não planejava uma carreira para seguir depois de terminar o ensino médio, tudo que eu queria era voltar para o Brasil, voltar para a minha terra e esquecer tudo que aconteceu aqui em Missouri.

Enquanto o Oppa estava aqui eu me sentia segura, achei que não seria capaz de amar alguém tanto quanto o amei, entreguei meu coração a um desconhecido, deixei que ele o dominasse e agora todo o encanto acabou.

Não, não estou dizendo que eu não o amo mais, estaria mentindo se afirmasse isso, pelo contrário, eu ainda o amo, ainda o desejo, ainda sonho com ele todas as noites, ainda sinto seu toque em minha pele, ainda encaro o lado que ele costuma dormir na cama, com esperança de encontrá-lo deitado lá, sorrindo para mim com aquele jeitinho bobo e doce que só ele tem.

Mas nada acontece.

Porque nada foi real.

Vão me chamar de louca se eu contar, eu sei, é por isso que não dá mais. Ficar aqui é o mesmo que tentar suicídio novamente, mas dessa vez sem morrer de verdade. Talvez ninguém entenda, mas eu sei, sei o que é estar morta, estando viva.

Segunda ChanceOnde histórias criam vida. Descubra agora