Segunda Chance

Acordado, porem não vivo

Era de madrugada quando entrei no escritório. Não era minha vontade ver ninguém àquela hora da noite. Por isso fiz questão de entrar direto e me trancar nele.

O problema de ficar sozinho era que, sem ninguém para conversar, eu me sentia perdido em meus pensamentos obscuros. Era uma espécie de latrocínio contra minha própria mente, e eu não podia controlar.

No fundo da minha alma sentia que havia algo muito errado comigo, como se nada fizesse mais sentido como antes, uma perturbação em meu espírito me deixava atordoado e eu tinha certeza de que aquela garota tinha algo a ver com isso.

Eu não fazia ideia de como ou porquê, só sabia que desde aquele dia no hospital não conseguia parar de pensar nela. Era irritante, não estava interessado – estava convencido de que não. – Porém não conseguia entender o porquê de tamanho interesse.

Se ela não significava nada, então por que deveria me importar?

Mesmo sabendo disso, ali estava eu, tentando entender o que aconteceu na minha vida nesses últimos tempos e onde é que ela se encaixava nessa mudança.

- Senhor Jeon, está tudo bem? – James bateu na porta, já entrando.

Droga! Esqueci que ele tinha a chave extra.

- Não. Não estou nenhum pouco bem. – Respondi ríspido.

- O que está acontecendo? Eu posso ajudá-lo? – ele perguntou preocupado.

- Eu não estou bem James... Estou perturbado, parece que tem uma arma apontada para o meu peito pronta para atirar e a maior tortura é a maldita espera, dói tanto... Eu nem sei como isso aconteceu...

- Bem senhor Jeon...

- James eu estou tão confuso, isso é tão assustador... Eu dormi odiando e acordei amando. Não faz sentido... Eu estou enlouquecendo... Só pode ser isso, não sei se choro ou se sorrio, estou fazendo os dois ao mesmo tempo, estou com um ódio tão grande e ao mesmo tempo estou feliz. Me explica isso se puder...

- Senhor, aconteceu alguma coisa com o senhor enquanto estava em coma?

- O que quer dizer James? Você não acredita nessas bobagens, não é? – perguntei incrédulo.

- Não é uma bobagem, aconteceu com uma prima minha... – diz convicto.

- James, deixa de maluquice, não existe isso.

- Senhor Jeon!

- Esquece isso! Estou conversando com um lunático. – Reclamei irritado.

Ele riu de mim.

- O senhor não percebe, mas está diferente de antes. Cada vez mais estou convencido de que aquela garota do hospital está falando a verdade.

- Você está louco igual a ela!

- Boa noite, senhor Jeon. – Ele se retirou ainda sorrindo.

- Não James, não me deixa aqui sozinho. James volta aqui! – O chamei.

Mas ele não voltou.

- Ayshi! Estou sem moral. – me afundei na cadeira e voltei a pensar na vida.

❁ ════ ❃•❃ ════ ❁

No dia em que fui chamado ao hospital, novamente encontrei aquela garota, parece que é um Karma, ela simplesmente aparece e para minha surpresa, dessa vez, ela reconheceu Jin.

Estávamos em meu escritório quando o abordei com uma curiosidade que não me pertencia sobre ela.

- Seokjin de onde você conhece a garota?