"Ele não lembra, mas ela não esqueceu"

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- Eu te amo Oppa.

- Eu te amo Noona.


Não pude conter a ansiedade de meus próprios lábios, eu precisava dele e se aquele fosse o último e único beijo que trocássemos de verdade na minha vida então eu não hesitaria em tentar.

O silencio provocado pelos aparelhos eram agonizantes, minhas esperanças iam se esvaindo aos poucos. Naquele momento com um flashback rápido minha mente me trouxe de volta seu sorriso e seu jeito tão único, tão imperativo e tão decidido, ao mesmo tempo em que bruto e dócil. Combinações estranhas para uma pessoa, mas que faziam com que ele fosse especial.

Encarei seu rosto desejando trocar de lugar com ele, se eu pudesse salvá-lo da morte, eu faria, trocaria de lugar com ele sem hesitar, sei que é errado, ele foi quem mais me machucou em toda minha vida, mas algo me dizia que aquilo não estava certo, ele não podia morrer.

As tentativas de tentar mais uma vez trazê-lo de volta foram frustradas pela ausência de seu espírito. Eu não deveria acreditar em fantasmas, mas depois de todas as experiências que vivi nos últimos tempos, seria hipocrisia a minha dizer que ainda não acredito.

Aquele garoto deitado naquela cama havia feito parte da minha vida, embora não de forma física, me ajudou e me apoiou da maneira que conseguiu e que era possível para ele. Ensinou-me além do necessário, e depois disso tudo eu não pude retribuir. Estou me sentindo mal por isso também.

Acho que realmente não sou uma pessoa confiável.

Steve me segurou com tanta força que o máximo que consegui fazer foi continuar encarando o corpo sem vida. No meu interior não queria que fosse verdade. Ainda pedia aos céus que fosse uma brincadeira e ele se levantasse daquela cama caçoando da minha cara, mas já havia se passado meio minuto e nada. Essas coisas não costumam ser no mesmo instante?

Deixei que uma lágrima solitária rolasse pelo meu rosto.

- Oppa... – balbuciei novamente. – Não me deixe...


- Ele está morto! Vamos levá-lo para o IML.

- Eu já encaminhei tudo doutor, o velório e o enterro...

- Vou doar os órgãos dele também...

- Vai ajudar outras pessoas que realmente precisam...


Eu os ouvia dizer, mas eu me recusava a acreditar

Não! Ele não podia estar morto.

Senti como se minha alma pudesse encontrar a dele, o meu desejo era incontrolável, foi como daquela vez que ele invadiu meu sonho para me proteger, acabou com os monstros que tentavam me matar em meios aos pesadelos, se sacrificou para detê-los. Também estava disposta a isso, eu estenderia minha mão para ele, para trazê-lo de volta.

- Vem Oppa, volta para mim! Não me deixe mais! - sussurrei, eu queira muito que ele pudesse me ouvir de onde quer que estivesse.

Minha ansiedade era tão grande que quando vi um de seus dedos se mexerem, achei que estivesse ficando louca, mas continuei o encarando com os olhos arregalados, ele estava apertando o pingente que deixei em sua mão. E como aconteceu no parque ele moveu o indicador de forma negativa para mim e eu mal consegui controlar meu próprio riso.

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