Capítulo 18

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Stella

O clima havia ficado um pouco tenso para mim. Eu estava em saia justa. Apesar de ser uma grande salvação para os meus amigos, eu não tinha capacidade ou psicológico para me apresentar no palco. Por mim, eu não poderia apresentar.

- Vai ser muito pior para vocês se eu ficar travada no palco. Não... desculpa, não consigo. - digo saindo de perto deles.

Menos de 5 passos a diante, Dylan se posiciona na minha frente.

- Não posso deixar você ir. - ele diz, decidido. Arregalo os olhos, chocada com sua atitude.

- Dá licença Dylan. Nathan consegue segurar a barra sozinho.

- Isso é verdade. Se ela não quer, não insiste. - Nathan se pronuncia assim que o cito.

- Você não pode perder essa oportunidade. Se você subir naquele palco, você não só estará fazendo um favor para nós como para si mesma.

- Eu. Não. Consigo. - digo pausadamente e com ênfase para ele enxergar que aquilo estava além de mim.

- Você consegue.

- Não é você quem pode determinar isso. - digo, perdendo o que me restava de controle com a situação. O empurro para o lado para que finalmente me liberasse a passagem;

- Eu estava enganado. - Dylan grita quando estou um pouco a frente. Paro de andar. - Lembra quando eu disse que você era forte? Eu estava errado. Você é FRACA. Esse é o adjetivo. Você não luta por si mesma.

Volto com passos rápidos para trás, me posicionando a sua frente.

- O que você disse? - Digo com os dentes cerrados. Eu sentia o sangue esquentando pelo meu corpo.

- Você vive se arrastando apenas com a sua dor do passado. Não se arrisca, não se permite. É covarde em assumir seu próprio rumo.- ele diz sem hesitar.

Com o impulso da raiva, só tomo conta do que fiz ao escutar o atrito da palma da minha mão na sua cara. Não me arrependo mesmo ao ver a cara de todos em volta.
Como ele tinha a capacidade de falar aquilo? Onde estava esse vestígio da suas personalidade que eu não havia conhecido até então. Há poucos se mostrava preocupado comigo, e hoje já não mostrava sinal disso.

- Você não me conhece nem metade do que pensa, então não tem o direito de me chamar de fraca. Só eu sei o que é melhor pra mim, o que eu consigo ou o que eu quero fazer. - exclamo com o dedo apontado para sua cara. - Eu me torno forte só por me levantar da cama todos os dias e continuar aqui viva em um mundo tão cruel onde inocentes morrem e assassinos ficam livres. Me torno forte por superar cada pedra no caminho pra continuar viva! - nos encaramos, em silêncio total antes que eu pudesse continuar. - Mas olhe para as características que você me deu e pense bem se não está descrevendo a si mesmo.

Mais uma vez, saio em direção ao parque, finalmente conseguindo o deixar para trás.

Me sento em um banco no pier para processar o que havia acontecido nos últimos minutos e na última semana.
Não muito depois, Daniel se senta ao meu lado. Ele me dá espaço, e apenas fica em silêncio.
Ao passar um vendedor de donuts, vejo-o chamando sua atenção e comprando uma dos que ele oferecia. Assim que o vendedor saí ele me oferece um e da a mordida em outra.

- Me desculpa. - digo aceitando e pegando o donuts.

- Pelo o quê?

- Por não ajudar vocês.

- Não havia nada que você podia fazer. - ele dá de ombros.

Lhe forço um sorriso por sua compreensão, e depois me volto novamente para a frente.

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