Capítulo 56

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Liz

Quando acordei na manhã seguinte Alex ainda dormia no colchão no chão já que havia me oferecido a cama. Olhando para o teto, fiquei ponderando os últimos acontecimentos. Peguei meu celular que carregou no criado durante a noite e vi o grande número de ligações. Suspirei pensando no caos que eu havia causado.

Fui até o banheiro escovar os dentes e lavar o rosto, e logo em seguida comecei a arrumar minhas coisas na mochila, tirando apenas uma roupa para um banho.
Continuei pensando muito enquanto estava debaixo d'água, deixando a água cair sobre meu rosto e tentando ao máximo relaxar.

Quando saí do banho, Alex havia acabado de acordar e esfregava os olhos sentado no colchão.

- Foi eu quem o acordou? - eu disse enquanto passava a toalha no cabelo. - Espero que eu também não tenha acordado seus pais.

- O sono deles é pesado, relaxa. - ele disse, se levantando um pouco tonto. - Eu já costumo acordar essas horas.

- Mas chegamos muito tarde ontem a noite. Não deveria dormir mais? - indaguei pegando minha escova que já havia deixado de fora por ter usado ontem a noite, e comecei a passa-la no cabelo de frente ao espelho que ficava logo ao lado da porta.

- Sim, deveria. E você também.

- Na verdade tomei uma decisão. Vou voltar pra casa agora.

- Agora? - Alex olhou pra mim surpreso enquanto arrumava o colchão para guardar. - Se sair sem deixar minha mãe te servir um café ela não a perdoaria.

- Vou esperar só até eles acordarem, pra não fazer desfeita pela recepção.

- Tudo bem... Pode voltar quando quiser, sem necessidade de uma situação tempestuosa. - Alex disse se levantando.

- Pode deixar. - eu sorri, olhando pra ele pelo espelho.

Não demorou até que os pais de Alex se levantassem. Me serviram café e panquecas, e comi enquanto esperava meu Uber.
Eles eram uma família muito unida, de sorrisos permanentes. Era legal ter a companhia deles, aquela casa era de fato um lar.

Quando meu Uber chegou, todos me seguiram até a pequena varanda onde me despedi e agradeci.

Eu percebi quando minha mãe viu pela janela a chegada do carro, e gritou para todos.

Reuni todas as minhas forças pra agradecer ao motorista pela viagem, entregar seu pagamento, e sair daquele carro rumo a um destino indefinido.

Minha mãe já havia saído para a varanda, e encarei seu olhar furioso enquanto o carro saia. Ela estava fria, como nunca havia visto antes. Além da sua expressão, não sabia que novas atitudes ela poderia ter quando me aproximei dos degraus. Fiquei cara a cara com ela, mas sua ação me surpreendeu e não pude esconder a expressão surpresa no meu rosto até então impassível. Ela me puxou para um abraço com força, e pude sentir sua respiração desacelerando por muito tempo. Não me mexi, não me afastei, pois tinha que reconhecer que as últimas horas podem ter sido torturantes a ela.

- Não se iluda pensando que não terá um castigo só porque estou grata por ter voltado. - ela sussurrou no meu ouvido, a voz fria como a expressão anterior. Mas pelo menos agora quando ela me afastou pude ver um brilho mínimo nos seus olhos até um pouco marejados. - Suba para o seu quarto e me espere lá.

Sem relutância, segui reto rumo as escadas sem ao menos olhar para os presentes na sala. Subi as escadas e na virada para o corredor, me escondi para ouvir os comentários atrás de mim. Nada foi dito.

Nisso, apressei os passos rumo ao meu quarto. Ele estava vazio, agora sem as caixas do dia anterior. A cama estava lá, mas sem colchão, apenas a cadeira de frente a minha penteadeira permanecia ali e foi onde me sentei pra aguardar minha mãe.

Nosso ritmoOnde histórias criam vida. Descubra agora