Capítulo 6

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Stella

Ao cantar Taking Chances para eles, uma mínima apresentação para desconhecidos despertou sentimentos que há muito não via. Cada nota que saía pela minha voz me fazia transbordar por dentro, e eu podia admitir para mim mesma que sentia falta daquilo.

Além disso, me identificava com a letra, mesmo sendo calma demais para uma primeira impressão.

Sunshine puxa aplausos que são seguidos de elogios assim que termino, e aos poucos a ficha de que eu acabara de cantar fora do meu quarto ou da internet vai caindo, e me conhecia o bastante para saber que logo a paranoia e a insegurança viriam.

Não demorou muito para D. Amélia nos chamar para o jantar. Os outros foram na frente, e guardando o meu violão acabei ficando para trás. Eu achava que estava sozinha, até ouvir a voz de Dylan.

- Você foi muito bem. Conseguiu me deixar impressionado. – olho para ele, que arrumava os instrumentos colocando-os no lugar.

- Obrigada. – sorri, um pouco nervosa.

- Só foi um pouco... deprimente?

Apenas ergo as sobrancelhas e não respondo nada.

- Mas você foi muito bem, de verdade. Há muito tempo alguém não me encantava assim.

- Obrigada. -sinto meu rosto corando.

- Vamos? – ele pergunta, já indo em direção a escada, e eu o sigo.

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Depois de experimentar o jantar de D. Amélia, que se provara realmente bom, e ter a oportunidade de conhecer o avô de Dylan, voltamos para o porão.

- Afinal, vamos fazer o que? - pergunta Nathan se sentando no balcão.

- Algum jogo, sei lá. - diz Michael se jogando no puff.

- Daniel, mais cedo você me disse que era do Brasil. Há quanto tempo se mudou pra cá? - digo na tentativa de surgir um assunto naturalmente pois estava com medo de um jogo onde eu parecesse um animal de zoológico com perguntas apenas voltadas a mim.

- Olha, eu vim pra cá com a minha família um ano antes de começar o ensino médio, então já tem quase 4 anos.

- Você já tá no penúltimo ano?

-Aham, eu e o Nathan somos os mais velhos aqui.

- E vocês, já nasceram ou vieram morar aqui? - digo olhando para Michael, Nathan e por último Dylan.

- Eu nasci aqui, minha mãe foi transferida para o Brasil, moramos lá 3 anos e acabamos voltando. - diz Nathan.

- Eu morei lá até os meus 10 anos, meus pais se divorciaram e eu vim pra cá com meu pai.-responde Michael.

- O Michael é quase o mesmo lance que eu - diz Sunshine.

- O que você está achando melhor aqui em comparação ao Brasil? - diz Dylan se direcionando a mim ao invés de responder minha pergunta, e até então eu nem tinha me questionado sobre o porque dele morar com os avós e onde estaria seus pais, e pelo visto era um assunto que ele não gostaria de falar.

- Sinceramente? A chance de um recomeço. -meu olhar encontra o de Sunshine, que era a única ali a entender a minha situação.- Tudo aqui é novo e diferente, os hábitos, a cultura. Eu amo o Brasil e sempre fui apaixonada por tudo aqui também, então...

- Boa resposta. - diz Nathan.

Continuamos conversando e até tocando algumas coisas por quase 2 horas, até Sunshine receber uma mensagem de seu pai.

- Já está ficando tarde, meu pai está vindo me buscar. Acho que vou esperar lá de fora.- diz ela se levantando e se despedindo de todos com high five.

- Vou com você- já vou me levantando para me despedir pois não tinha intimidade o suficiente para fica a sós com os garotos.

- Obrigado por vir hoje. - diz Daniel.

- Desculpa por qualquer coisa. - completa Nathan.

- Será bem vinda sempre que quiser. - diz Michael.

- Podem deixar que eu arrasto ela . - Sunshine diz com um enorme sorriso voltado para mim.

- Obrigada pelo carinho, foi muito bom conhecer vocês.

- Te vejo amanhã na escola? -diz Dylan entregando meu violão.

- Acho que sim?

Depois de me despedir de todos acompanho Sunshine até a saída, e fico com ela na varanda de Dylan até seu pai chegar.

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Liz

A noite parecia longa pois esperava ansiosamente Stella voltar da casa de Dylan. Depois de ter cumprido tudo que tinha planejado não me restava muita coisa para fazer, então vou até a sala onde estava minha madrinha e João Victor.

- Vocês acham que a Stella vai demorar? -digo me sentando no sofá.

- É bom que ela esteja fazendo novos amigos. Só espero que sejam boas pessoas. -responde meu tio, fazendo com que acendesse uma luz na minha cabeça.

Stella sabia a reputação das pessoas com quais eu andava, mas eu não fazia idéia de quem era os amigos dela.

Amy sempre estava por dentro por tudo na escola, então mando uma mensagem perguntando o que ela sabia sobre a Sunshine.
Não demora muito e ela me responde enviando o link de um vídeo com a legenda "veja com seus próprios olhos".
Meu queixo vai ao chão quando vejo do que se tratava.
- Isso só pode ser brincadeira - digo em voz alta sem perceber.

- O que? - minha madrinha pergunta.

- Nada não. - ela cerra os olhos para mim e saio em rumo ao meu quarto.

Acabo descobrindo uma página no instagram sobre tudo e todos da escola com milhares de seguidores e fofocas de anos anteriores, inclusive de Sunshine.

Quando escuto barulhos indicando que Stella chegou, mal via a hora para falar com ela. Ao sair rapidamente do meu quarto, vejo-a subindo a escada e me olha assustada.

- Eai, como foi? - pergunto suspirando.

- Foi bom... por quê? - ela me olha com estranheza.

- Entra aqui, eu tenho que te contar uma coisa.

Assim que ela entra e fecha a porta lhe entrego meu celular com o vídeo aberto na página.

-Isso é... a Sunshine? - seu cenho estava franzido.

- A própria.

- E por que está me mostrando isso?

- Achei que deveria saber.

- E como deduziu que eu já não sabia?

- Pelo que fiquei sabendo -resolvi não citar Amy pois ela tiraria minha razão- ela morreu de vergonha por muito tempo, então não é o tipo de coisa que contaria pra alguém que acabou de conhecer.

- E que diabos de página é essa? - ela começa e mexer pelo meu celular.

- Outra coisinha que descobri.

- Isso é horrível, toda essa exposição desnecessária de todo mundo.

Stella me entrega o meu celular e vai indo em direção a porta.

- O que vai fazer?

- Vou para o meu quarto...?

- E sobre a sua amiga?

- Ela não fez nada de errado, erro é dar importância e agir como se fosse algo absurdo.

Stella sai e vejo que talvez eu tivesse agido um pouco errado. Meu irmão beijava garotos, e Sunshine beijava garotas.

Nosso ritmoOnde histórias criam vida. Descubra agora