14. Confissão

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-S-sou Amélia.  -gaguejei e ele me olhou sem entender.

- Seu nome não é Hilary?  -Falou desentendido.

- Não. Quer dizer sim.

Me olhou sem expressão e eu tentei explicar.

- Meu nome é Hilary,  mas...

- Mas?

- Você deve saber da seita de 1912 -falei convencida.

- Sim, eu sei. Amélia já morreu, faz mais de um século, que maluquisse é essa? -Falou arcando as sombrancelhas alterando sua voz e se levantando e me levantei também.

- Bom, Alex me disse que ela sempre se encarna em algum corpo. - Deixei escapar "Alex".

- Quem é Alex?  Aquele que era da seita? -Falou incrédulo. - Tá,  você é maluca. - Falou saindo e eu o segui.

- Eu sou Amélia, Jake -falei sem certeza.

- Isso só é uma história real que virou uma lenda, você não deve acreditar nessas coisas -falou segurando meu rosto e fiquei ainda mais nervosa.

- D-desculpe -gaguejei.

- Eu vou te contar o que realmente aconteceu -falei erguendo as mangas da blusa e mostrando as marcas.

- Você tentou se matar. -afirmou ele desanimado.

- Sim, mas eu posso explicar tudo à você se me der chance.

- Nunca tente tirar sua vida por nada -falou me olhando nos olhos. - Vamos sentar la no lago de novo.

Fomos até o lago e se sentamos, eu não sei se eu estaria preparada para contar, mas sinto confiança em Jake como nunca senti em alguém. E que poderiamos ser grandes amigos.

-Eu só queria morrer . - foi só o que eu disse.

-Talvez você devesse tentar ser feliz.

-Estou ficando maluca. - Falei desanimada.

- Não está. - Afirmou -só esta perturbada com o que vem acontecendo.

Eu sei que agora eu não queria mais contar tudo a ele, simplismente ter uma nova vida e esquecer tudo para amenizar minha dor.

- Será que amanhã eu posso ajudar na lanchonete pra eu não me sentir tão imprestável -debochei e ele riu.

- Nada vai deixar você de ser imprestável -brincou e eu bati em seu ombro sorrindo.

¤ ¤ ¤

Acordei com a luz do sol forte batendo em meu rosto e cheiro de grama em minhas narinas. Tinha mato dentro do meu nariz. No fim acabamos por dormir na frente do lago olhando as estrelinhas e dando nomes a elas, que ridículo.

- Acordou? -ouvi Jake dizer.

- Não,  durmo de olhos abertos. E falo dormindo -brinquei e ele riu sem jeito.

- Tem certeza que vai querer ajudar na lanchonete mesmo? -Perguntou.

- Tenho, assim me distraio um pouquinho -falei sem tirar os olhos dos seus e ele ficou sem jeito desviando o olhar.

- Podemos tomar nosso café na lanchonete então -falou sem me olhar.

A tarde foi bem cansativa, a lanchonete tinha vários clientes mas não tanto como o trabalho na cozinha, descobri que sou uma perdição em relação a cozinhar, lavar louça etc. Eu disse a Jake que iria resolver umas coisas sobre minhas documentações e que depois voltaria a lanchonete, na verdade eu não sabia se iria voltar, mas eu tinha que ver Alex.

Espíritos MalignosOnde histórias criam vida. Descubra agora