Pesadelo

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A noite parecia mais assustadora do que qualquer outra noite, a neblina que cercava o antigo casarão da fazenda de seus pais se parecia uma casa mal assombrada em meio aquela pastagem.

_Dane-se, preciso mijar.

O pequeno de olhos verdes e cabelos loiro areia já conhecia bem aquela sensação e logo sabia que se tratava de um velho e conhecido pesadelo. Algo em seu subconsciente o alertara sobre isso. A velha lembrança da casa de seus pais no estado paranaense era uma lembrança da qual ele gostaria de esquecer para sempre.

O menino saiu da cama na ponta dos pés com as mãos em seu sexo sob o pijama, ao chegar perto da porta e olhar para trás, vendo seus dois irmãos mais novos dormirem tranquilamente. Seu olhar foi atraído pela grande janela que estava aberta, e o vento bagunçava o cabelo da pequena Bernadete que estava abraçada ao pequeno Felix. Ele fechou a janela com a trava e voltou para a porta rapidamente, mas se deteve perante o corredor.

O maldito corredor estava tão sombrio quanto antes, mas aquele garoto parecia mesmo que estava ali, em meio às trevas. Sua pele negra realçava os olhos brancos e o cheiro forte invadiu suas narinas. Fred coçou os olhos, mas depois existia apenas a escuridão à sua frente, e foi quando sentiu o arrepio subir na coluna. Ele correu para o banheiro e fechou porta com a respiração ofegante e sentindo a bexiga apertar. Ainda de olhos na porta, ele se dirigiu ao vaso sanitário e assim que seu pequeno sexo foi colocado para fora da calça ele viu a escuridão criar brilho pelas frestas da porta. Sua mente demorou a raciocinar do que se tratava, pelo menos até ouvir os gritos.

A porra dos malditos gritos que o atormentavam por tantas noites.

Cheiro de querosene.

Olhos na escuridão.

Gritos.

Explosão e escuridão.

Mas ele não acordou. Em vez disso... Vozes? Sussurros.

Estranho... Não foi como das outras vezes, mas então porque sabia que não estava acordado? Seria um daqueles sonhos em que se está dentro de outro? Ele teve vontade de rir, mas logo ouviu a repreensão de Luigi em sua mente.

Cale a sua boca, Fred, tenha respeito!

Quando Fred respirou profundamente para tentar acalmar os nervos e se concentrar nas vozes em sua mente em vez de seus batimentos no peito, que saltava de medo, entendeu que não eram sussurros, eram risadas contidas, igual quando ele estava no ensino fundamental. Mas o pior foi finalmente perceber que aquilo não vinha de sua mente, realmente as risadas estavam por todos os lados.

— Merd... Mas que merda é essa? – Seus olhos estavam arregalados. – Onde estou? Quem apagou a luz?

Ele ouviu um som de escárnio seguido de uma cuspida, e logo uma pontada no coração

Seu franguinho de merda.

Seu pai.

Os passos se aproximaram, mas foi com surpresa que Fred reconheceu o rosto de Samantha segurando um lampião em meio à escuridão. Ela mantinha o mesmo sorriso... que seu pai.

— Você é mesmo um franguinho de merda, não é?

Fred abre os olhos felinos em meio à noite e encara o relógio digital. São 03h18 e já é a terceira vez que acorda desde que chegou do Batalhão. Está irritado e inquieto desde que viu Samantha abastecendo no posto de gasolina. O tablet tem um descanso de tela de vários frascos químicos espatifando-se de encontro com outros, e assim que Fred toca a tela, vê várias imagens e pesquisa de veneno, a mesma pesquisa que havia feito mais cedo quando viu a sargento.

Série Psicopatas Vol.01  - Incendiário (REVISADO).Onde histórias criam vida. Descubra agora