Final Infeliz

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Antes.

Sanguessuga já estava de olhos fechados com força, já havia molhado a calça com sua urina quando ouviu alguém pedir para Samantha parar. Seja lá quem fosse o musculoso ruivo agradecia internamente, mesmo não ignorando aquele alerta total de que seria por pouco tempo.

Samantha já havia destravado sua beretta e preparava-se para disparar quando Luigi a interrompeu. A contragosto, ela retirou o dedo do gatilho e soltou o ar dos pulmões lentamente.

— O que quer? — Perguntou a sargento com um tom mais irritado do que ela mesma esperava. Ela já imaginava qual seria a resposta de seu irmão.

— Não faça isso, mana — pediu Luigi com um tom de voz calmo e fraternal. — Você o venceu. Isso já está mais que comprovado.

Ela deixa sair uma risada um tanto histérica.

— Não! Não está — rebateu ela, encarando seu inimigo agora de pernas abertas e tentando levantar-se. — Não entendo porque você está fazendo isso por ele. — Samantha respirou fundo e depois gritou com o irmão em frustração: — Ele acabou com minha vida!

E ela realmente estava certa. Qualquer pessoa vítima de uma violência sexual tinha a sua vida profundamente afetada. E Luigi a compreendia.

— Não é por ele, Samantha. Quero que esse infeliz se ferre — assumiu o sargento.

— Então...

— Você não entende? É por você, minha irmã, por você.

Aquelas palavras acertaram o estômago de Samantha feito um soco. Os irmãos se encaram, ambos com os olhos marejados.

— Eu nem imagino o quanto você deve estar sofrendo, mas matar esse desgraçado não vai mudar o que aconteceu, infelizmente não vai. — os olhos em lágrimas, que se desviavam do homem caído para a mulher furiosa. — Não quero que você seja presa por matar esse canalha.

— Eu não vou — ela disse com firmeza na voz mesmo embargada enquanto mantinha um dos olhos fechados e o outro atento na alça e mira da arma em suas mãos, apontada para o estuprador. — Ninguém nunca vai saber. Ninguém vai dar conta desse cretino.

— A cadeia é a menor de minhas preocupações — admitiu Luigi, finalmente.

— Então...

— Que droga! — Gritou ele, interrompendo a irmã novamente em frustração. — Temo pelo seu psicológico, minha irmã. Eu te conheço desde que você nasceu. Você é durona para os olhos dos outros, mas só eu sei como você é de verdade e, se você puxar esse gatilho, você vai se arrepender para sempre.

Samantha agora tinha as mãos trêmulas enquanto seu olhar encarava o de Sanguessuga que continuava sentado de pernas abertas enquanto retomava o fôlego, os olhos dele iam da mulher para o homem. Samantha podia jurar ver um dos sorrisos debochados do estuprador.

— Eu agora vivo num mundo feio e obscuro independentemente de ele viver ou morrer — assumiu Samantha.

— E o que você vai fazer? — Perguntou Luigi, intrigado. — Vai matar todos os estupradores deste mundo sombrio?

A sargento deixou sua coluna ereta, preparou sua empunhadura depois de secar seu rosto molhado de lágrimas e disse:

— Apenas os do meu mundo sombrio.

— SAMANTHA!

O disparo cometido pela beretta da sargento ecoa pelo lugar deserto, fazendo alguns pássaros lançarem vôo das copas das árvores.

Série Psicopatas Vol.01  - Incendiário (REVISADO).Onde histórias criam vida. Descubra agora