Série Psicopatas Vol.01 - Incendiário (REVISADO).

Cega

A mente do ser humano é realmente impressionante. Na verdade, na humilde opinião de alguns, a única coisa que toda pessoa tem de importante ou significativo é a mente. É assim que também se podem enxergar as pessoas conduzidas pela mentalidade, atitudes e movimentos ordenados pelo cérebro. Muitas vezes são essas mesmas atitudes que fazem muitos cometerem atitudes realmente surpreendentes, em várias ocasiões se livrando de correntes fixas aos calcanhares que os mantêm presos ao sofrimento, angústia, dor etc.

Sempre é desejado algo libertador em nossas vidas. Almejamos sempre a felicidade, mas poucas vezes se vai em busca desse objetivo. Também só se dá valor quando se perde. Isso pode até parecer clichê, mas não deixa de ser uma verdade. O pior é quando passam em nossas vidas pessoas que de alguma forma nos fazem afundar ainda mais. É possível se sentir demasiado fraco e tristonho; se você está no topo, acaba sendo puxado para baixo. Se você está na lama, vai continuar lá. Pelo fato de se esperar por alguém que nos ajude ou nos acompanhe, às vezes nos deparamos com psicopatas que arruínam todos os sonhos e expectativas.

Foi assim, ou de alguma forma, que Moisés acabou com a vida de Luigi, Samantha, e consequentemente com a de Betina, que por sua vez acabou com a de Raquel, Lucas, Fred e Vera, que de certa forma, tanto Moisés, Betina e Fred, também tiveram culpa por alguns fatores de horror, medo e mágoa na vida de Daniel. É um tipo de vírus que essas pessoas ruins possuem; elas não acabam apenas com uma vida, mas com todos à sua volta. Assim como a nossa incendiária, passamos de vítima para culpado, dependendo de cada um, é claro.

Quantas vezes você já foi magoado? Quantas vezes fomos, várias vezes? E quantas vezes você já magoou? Com certeza magoamos muita gente, algumas vezes sem intenção, outras sim, quando que não?

Acabamos sendo culpados de situações que não desejamos. Por causa de traumas que vivemos, nós nos fechamos para pessoas certase confiamos nas erradas. Pode-se apostar de que fazem ideia do que é dito, ainda assim há esperança de um dia melhor, como se passasse um dia após o outro na expectativa de esquecer os traumas vividos, sem deixar a amargura e a desilusão se fazer presente como uma sombra de dor e medo.

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Samantha está parada diante do corpo queimado de Fred, ou ao menos o que restou. Um cheiro horrível paira no ar, o corpo está praticamente carbonizado. O cadáver está de boca aberta e o pouco que dá para perceber ele está com uma expressão de terror, o que é de se esperar de uma pessoa morrendo queimada.

A sargento chegou acompanhada de sua equipe policial e conseguiram conter o fogo antes de se alastrar por todo o micro apartamento. Se eles tivessem chegado uns quinze minutos antes, com certeza encontrariam Betina. Por mais que Samantha saiba sobre a parcela de culpa de Fred na morte do irmão, a sargento realmente se pergunta o que teria feito com o rato se o tivesse alcançado ainda vivo. Claro que vê sua carcaça sem vida não lhe traz nenhum sentimento de piedade, pois talvez, apenas talvez, ela teria disparado contra sua cabeça em vez de queimá-lo vivo.

Bem mais prático. , pensa ela inquieta roendo uma das unhas.

Agora para a sargento, sua real preocupação não é só em relação ao garoto Daniel – o seu protegido -, mas Betina, que agora está envolvida em toda aquela história. Samantha se sente mal e até culpada por tudo aquilo estar acontecendo à sua volta, principalmente por ter demorado tanto em vê no que sua sobrinha se tornou.

Depois do sonho que teve com os corpos de Raquel e Lucas onde o seu irmão a culpava, não é difícil imaginar que ele pode estar se revirando no caixão – ou no caso, a urna onde foi depositada suas cinzas e colocada ao lado do túmulo de sua falecida esposa - pelo que aconteceu à sua filha. Ou ao menos é isso que Samantha pensa.