Rato na armadilha

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Betina está na lanchonete do Batalhão do Corpo de Bombeiros conversando com Fred. Ela o procura demonstrando gentileza e parece arrependida por ter o destratado quando o encontrou na casa de apoio infanto-juvenil onde Daniel se encontra. Enquanto eles comem e conversam, na televisão, passa mais sobre o ataque do incendiário; dessa vez, tinha sido no abrigo de jovens onde a suposta testemunha do incêndio de cinco anos atrás estava. A repórter fala que tinham sido encontrados quatro corpos.

A incendiária se surpreende, pois pensa que apenas o odiado Daniel havia morrido. A repórter continua, falando que um corpo tinha sido encontrado no local do incêndio e outros três parecem um caso diferente, pois tratava-se de envenenamento. Fred – que de início não entende o que o incêndio tem a ver com o caso - abre um pequeno sorriso quando finalmente falam do envenenamento. Agora que sabe que o veneno é de fato poderoso não tem dúvidas da morte da sargento Braga.

O sorriso do covarde também - assim como o da jovem à sua frente -, trata-se pelo fato de imaginar que Daniel tinha comido seus chocolates envenenados e tinha dado para alguns colegas. A diferença entre os psicopatas é que para a incendiária o jovem desafortunado sucumbiu às chamas.

Ambos assassinos estão satisfeitos, mas Betina ainda não parece cem por cento – ainda não. - Ela não se importa com as outras vítimas, não entende por que a história de envenenamento está na mesma matéria do incêndio e aquilo é a única coisa que a deixa confusa. A repórter não divulga nomes, mas entraria mais tarde com mais notícias. Ainda sim, Betina tem certeza de que Daniel está morto, como deveria estar cinco anos atrás. Faltam agora mais duas "pendências" a serem resolvidas, e uma delas a garota incendiária irá colocar em prática logo.

Tirando a parte de convencer o covarde de ir vê-la na lanchonete, seu plano parece estar bem encaminhado e pronto para ser colocado em prática. A única parte chata é ter que ser gentil, até porque a gentileza em si não é o forte de Betina, e ainda mais ter que ser gentil com àquele rato covarde é bem pior para seu estômago tolerar.

— Confesso que fiquei surpreso de você vir me procurar. Você foi tão grossa comigo — diz Fred encarando os ponteiros de seu relógio. Sabe que a hora de se encontrar com Samantha se aproxima; ele tem certeza de que ela não teve tempo de falar com Daniel, e que agora estava morto, mas logo ele volta sua atenção para a garota. — Isso é confuso.

Ela deixa o ar sair dos pulmões pacientemente.

— Pois é, sargento, é sobre isso que vim lhe procurar. Não devia tratar um homem como o senhor daquela forma, uma pessoa tão especial e que merece o maior respeito do mundo. — Betina sabe ser doce e gentil quando é preciso.

O homem pisca ainda mais confuso e ao mesmo tempo orgulhoso.

Aquelas palavras fazem Fred levantar uma de suas sobrancelhas, mas ele também não esconde sua satisfação. Ele adora ser bajulado, mesmo que saiba que é falsidade.

— E vim até aqui saber se existe alguma coisa que eu possa fazer para me desculpar.

Ele mostra seu sorriso ardiloso e convencido.

— Seu pedido de desculpa já é bem interessante, só falta mesmo aquela sua tia que vive me enchendo. — Fred toma um pouco do suco que está próximo.

A estupidez do sargento Fred está tirando a pouca paciência da garota incendiária que mantêm um olhar provocante enquanto mordisca o lábio inferior inocentemente. Ela coloca uma mecha de cabelo para trás da orelha enquanto encara o homem à sua frente. A alça de sua blusa desliza pelo ombro pálido e com sardas. O olhar de Fred é atraído instantaneamente.

Série Psicopatas Vol.01  - Incendiário (REVISADO).Onde histórias criam vida. Descubra agora