Epílogo

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Meses depois.

No pátio do Presídio feminino Las Bárbaras, enquanto toma seu banho de sol, ela olha o dia claro. Suas feridas ainda doem, mas realmente parece se sentir melhor. É respeitada por todas as detentas, mesmo estando bem claro que sua vida na prisão não será nada fácil. Apesar de seu coração saber que ela fez o que achava certo, ela sente por tudo aquilo, não queria que tantas vidas fossem atingidas. A ex-sargento encara o céu azul, acariciando as cicatrizes que têm devido às queimaduras na sua luta contra Moisés no galpão em chamas, queimaduras que agora são sua história. Sua marca.

Seu semblante é triste em meio àqueles muros de prisão, mas existe um pequeno sorriso. Ao mesmo tempo, ela deixa esse sorriso de lado ao lembrar-se do preço que foi pago para o fim do incendiário. Luigi continua morto, assim como Raquel e o pequeno Lucas, e Betina, os crimes dessa última ainda são notícias nos jornais e Samantha continua presa. Mas ela volta a sorrir, ela sabe que pelo menos mais algumas vidas com certeza serão poupadas. E o mais importante: uma nova missão a espera; ela deve esquecer sua identidade de Samantha Braga, e apenas uma pessoa na prisão sabe da sua perigosa verdade.

Ainda de olhos fechados para receber a luz do sol — coisa que parece mais um tipo de punição contra si mesma —, uma sombra vem à sua frente e chama:

— E aí, sargento, começando com a sessão de autoflagelo? — Pergunta uma voz feminina e familiar, sabendo que a exposição ao sol é dolorido para suas queimaduras recentes.

Samantha consegue esboçar um sorriso – o que é raro - amarelo ao reconhecer a voz de sua companheira de cela que se tornou uma querida amiga. Trata-se de Helena. A prostituta que ajudou a sargento Samantha a localizar Sanguessuga, o mesmo que havia violentado ambas. Helena é a única – dentro da prisão - que sabe a verdadeira identidade de Samantha.

A ex-prostituta havia sido presa por tráfico de drogas dois anos antes da chegada de Samantha ao Presídio. Com a chegada da sargento e depois de Helena falar de onde elas se conheciam, logo tornaram-se colegas.

— Já pedi pra não me chamar assim — diz Samantha, dando espaço no banco para Helena se sentar.

— Relaxa, todas as outras detentas se cagam de medo de você — rebate a ex-prostituta. — Elas temem você.

Samantha desvia o olhar para o pátio da prisão. Muitas mulheres estão lá dentro, algumas inofensivas, outras nem tanto, uma ou duas inocentes que estão presas injustamente. A maioria paga por seus crimes, como tráfico, sequestro, assassinato. A ex-oficial da lei passa os olhos perto de algumas presas jogando baralho, outras conversando e um pequeno grupo de mulheres perto de um tipo de academia improvisada ao ar livre. Algumas de aparência frágil e outras nem tanto.
Logo, o olhar de Samantha fixa em uma figura parruda de expressão séria e maldosa, talvez por um segundo, qualquer pessoa confundisse aquela imensa mulher com um homem. Ela encara Samantha sem o menor constrangimento enquanto outra de estatura baixa e com profundas olheiras a cerca feito um cãozinho. No entanto, assim como a figura maior, seu olhar é perigoso e direcionado para as duas amigas.

— Nem todas — responde Samantha para Helena, que, ao acompanhar o olhar da amiga, entende o que ela quer dizer.

— Tá se referindo à Odetão? Relaxa, ela é o menor de seus problemas. — Helena levanta o olhar para o lado oposto da prisão. Onde um homem de baixa estatura e sem nenhum fio de cabelo, deixando o sol refletir em sua careca. Dentro de seu terno caro e bem alinhado, ele encontra os olhares das duas amigas.

— O diretor — diz Samantha para si mesma. — É, eu sei.

Mas adiante, uma elegante mulher é escoltada por dois policiais fardados entre as presas que olham curiosas. Ela usa um terno de linho escuro e bem desenhado, cabelo preso em um rabo de cavalo, salto alto e em passos firmes. É Teodora Brasil em mais uma de suas visitas para sua amiga.

Série Psicopatas Vol.01  - Incendiário (REVISADO).Onde histórias criam vida. Descubra agora