Em busca de pistas

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Dias depois da morte de Luigi, foi constatado que o incêndio do prédio foi um ato criminoso. Todos do batalhão presenciaram a falsa frieza da sargento Braga perante a notícia.

— Então, isso para mim não é o suficiente. Temos alguma coisa que nos leve ao filho da puta responsável? — pergunta ela secamente.

Todos estão reunidos ali, alguns fingem não prestar atenção no clima tenso que está existindo naquele momento no departamento, outros não têm uma resposta para Samantha. Existem algumas pistas, e elas estão em sigilo até o momento.

— Sargento? — A voz feminina chama a atenção de Samantha. É a tenente Teodora, uma mulher de boa índole, respeitada por todos ali.

Teodora Brasil e a sargento Braga já foram boas amigas, mas, depois do triste episódio cometido no passado contra a mulher-rocha — como fora apelidada no Batalhão —, tudo mudou. Samantha se afastou de todos, por vergonha e medo de que prendessem o homem que lhe causou tanta dor. Ela queria matá-lo — tal sentimento a perseguia por noites a fio enquanto rolava na cama em meio a lagrimas de humilhação e rancor, e a cada noite ou dia era impossível de controlar tamanho desejo que aflorava mais e mais. E foi o que fez, mas a justiça não poderia saber. Por melhor que a tenente fosse, ela não iria compartilhar esse segredo há muito em silêncio, pois ela faria o seu dever perante a lei, diferentemente da sargento.

— Preciso falar com você — informa a mulher com uma expressão bondosa e séria. — Por favor, me acompanhe.

Olhares seguem Samantha até ela entrar na sala de reuniões. Lá dentro, tem alguns rostos desconhecidos, e outros conhecidos, como um delegado, o terceiro sargento Tomás Dantas e um antigo colega de Samantha que trabalhava na área da perícia policial. Alguns se levantam e a cumprimentam em um gesto de solidariedade, mas não é aquilo que ela precisa, e sim de vingança.

— Então — começa a tenente. — Samantha, estamos aqui porque, assim como você, nós queremos pegar o criminoso que fez isso com seu irmão e com toda aquela gente. Foram trinta e duas pessoas.

Samantha já está cansada daquele blábláblá e ela quer o culpado.

— Dentro do prédio não conseguimos nada que nos levasse ao incendiário, pois ele devia usar luvas e roupas pesadas. Dentro do prédio logicamente não tinha nenhuma câmera de segurança, e não temos nenhum DNA do cara — disse o colega da perícia.

Então, é um homem? , Questiona-se Samantha internamente.

— Um DNA dele seria perfeito, mas o fogo consumiu tudo — comenta Tomás. — Mas eu pedi a tenente que reunissem vocês aqui porque conseguimos a imagem do possível suspeito.

Essas palavras fazem Samantha ficar em alerta total.

Um possível suspeito? , Pensa ela ansiosa. Poderia ser o desgraçado.

Os sargentos Braga e Dantas trocam olhares cúmplices. Samantha não tem como corresponder ao sentimento do colega, mas ele parece se esforçar para chamar-lhe atenção.

— E tudo indica que esse suspeito deva mesmo ser o incendiário, pois todos os comerciantes dali perto conheciam bem as pessoas que se abrigavam no antigo prédio e ninguém reconheceu o sujeito. — O sargento coloca na mesa fotos tiradas de câmeras de segurança de todos os prédios próximos do incêndio.

Samantha é a primeira a pegar as imagens. São fotos em preto e branco, as fotografias mostram um homem negro na faixa dos trinta anos de idade, de estatura média e corpo magro, usando um boné que cobria uma boa parte de seu rosto em certas imagens, e usava também uma máscara igual à que os médicos usam. Em outra foto, ela consegue visualizar um olhar estranhamente familiar — com o qual se deparou anos antes quando conheceu seu inimigo do passado em sua garagem.

Série Psicopatas Vol.01  - Incendiário (REVISADO).Onde histórias criam vida. Descubra agora