Vera Billard tem os cabelos loiros que caem pelos seus ombros, os olhos azuis e um sorriso encantador. É muito bonita e nunca pareceu se importar de ser uma completa piranha, e, como é acostumada a ser chamada de "Puta de traficantes", não parece ter problema algum em relação a isso. No entanto, quando está sozinha não deixa de se lamentar por seus erros contínuos. Sempre direta em suas palavras e odeia hipocrisia; se autodenomina "melhor que muitos", pois ela não se esconde e não tem medo de encarar qualquer um. O que ela não sabe é que muitas de suas atitudes também a levariam para um lugar sem volta.
Vera tenta ignorar o ronco em seu estômago vazio enquanto esquenta o fundo do prato com seu isqueiro e sente a gengiva dormente por passar a substância química com o dedo. A loira já está bastante alcoolizada depois de beber quase uma garrafa de Whisky que furtou de uma conveniência antes de se encontrar com Betina.
No banco do passageiro do Fusca de Vera, Betina procura um cartão para preparar e deixar as "tiras" de pó bem alinhadas, a incendiária está chapada da forma como ela gosta. A cocaína está em pasta antes de ela deixar tudo de forma prática para usar uma nota em formato de canudo para poder inspirar facilmente, e isso a deixa ainda mais excitada. A ansiedade causada pela droga parece o menor de seus problemas perto da empolgação e adrenalina que sente segundos antes da substância fazer efeito em seu cérebro.
É pura dependência.
Vera aproveita que Betina mantêm seus olhos fechados para poder admirá-la. Sua vontade é de poder abraçar a garota birrenta e enchê-la de carinhos.
Talvez seja isso que a revoltada garota precisa. , pensa a loira, mas o medo da possibilidade de levar um fora é bem maior.
Vera quer ajudar Betina, no entanto as duas estão perdidas em suas vidas obscuras e destorcidas.
— E aí, Betina? — Vera interrompe seu próprio diálogo mental para fungar discretamente. — Por que você demorou tanto?
Betina vira o rosto com os olhos ainda fechados para a colega e quando os abre Vera tem a sensação de tratar-se de olhos de Iceberg e deixa cair os ombros desanimadamente como se soubesse o que vem pela frente.
— Ocupada. — Betina só está ali pelas drogas, mesmo. A menina está completamente perdida, parece não ter mais alma e tomou um caminho do qual não consegue encontrar a saída. E mesmo se conseguisse jamais mudaria o que fez.
— Se liga só — diz Vera fingindo não perceber a indiferença da outra. — Eu conheci uns caras aí, eles têm uma parada boa, boa mesmo.
— E? — pergunta Betina sem muita animação.
— Eles têm de tudo um pouco e chamaram a gente para uma festinha num galpão abandonado — continua a loira encarando o seu celular ao mesmo tempo em que sente a empolgação de Betina por aceitar.
— Vamos. — A incendiária quer drogas.
Vera conversa com um de seus "contatos" pelo seu WhatsApp, combinando como seria e se volta para Betina com um sorriso na face depois de acertar horário e local.
— Um dos meninos mandou a gente ir na frente. É quase uma hora de carro, eu sei onde é — Vera parece animada.
— Os caras estão esperando a gente lá? — pergunta a incendiária dando mais um "pega" na cocaína com ajuda da nota em formato de canudo e depois limpa o nariz discretamente.
A loira revira os olhos.
— Ah, que saco, cara. — Vera agora demonstra impaciência. — Eles mandaram a gente ir à frente e esperar por eles lá porque ainda estão agilizando as paradas para a gente usar. Disseram que vai rolar coisa pesada.
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Série Psicopatas Vol.01 - Incendiário (REVISADO).
Mystery / ThrillerOs psicopatas podem ser charmosos e extremamente astutos, muitas vezes levando suas pobres vítimas a acreditarem que são elas próprias culpadas por suas sinas desgraçadas e até mesmo a levarem ao ápice da loucura. Muitas vezes essas próprias pessoas...