Química

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O incendiário estava de saída do mercado com suas pequenas compras quando sua atenção foi atraída pelo noticiário da TV – era só o que passava naquela senama caótica - que continuava a falar da hipótese de um segundo incendiário, que poderia ser ou não um imitador do mesmo há cinco anos atrás. Os olhos de Moisés reconheceram o rosto com o nome procura-se logo abaixo, e não deixa de mostrar um sorriso como se dissesse "eu sabia" ao reconhecer a garota de olhos claros e profundos, era a foto de Bethina, até então, ela estava sendo a principal suspeita do pequeno incêndio na escola e pelo assassinato contra um Sargento do BM que tinha sido queimado até a morte pela garota. Moisés saiu rapidamente do mercado e não viu as últimas notícias, das quais falavam do parentesco entre a garota que ele ajudou no acidente com a Sargento Braga que estava em seu encalço e logo depois as recentes imagens do incendiário.

O homem já estava a caminho do velho galpão, ele imaginava o porquê da garota ter matado aquele Sargento do BM, talvez ela teve um motivo assim como ele teve em relação ao seu velho pai, mais uma coisa que eles tinham em comum e isso era mais que óbvio para ele que ouviu quando o repórter disse que a garota seria uma principal suspeita, mas ele sabia que na verdade ela era culpada, ele viu nos olhos dela, ela também quis a morte da sua colega que estava presa no carro. Foi quando Moisés lembrou que de duas uma, ou ele se livrava do carro carbonizado com um corpo preso às ferragens ou ele tinha que sair do galpão o quanto antes, ele foi descuidado, os pensamentos em Bethina o distraíram completamente e agora ele uma grande bagunça em seu quintal causada pela garota incendiária.

Ele tinha que ser rápido e ardiloso, a garota poderia ser um experimento curioso de que ele não era o único ser "especial", mas com certeza ela poderia e muito lhe prejudicar já que o suposto acidente que matou sua amiga foi próximo ao seu esconderijo e a polícia chegando até lá não demoraria até chegar nele. Foi com uma frustração conhecida que ele chegou a essa conclusão, a garota poderia lhe ajudar, mas com certeza poderia atrapalhar e ele teria que chegar à uma solução o mais rápido possível ou todo seu trabalho e fuga teria sido em vão, até porque ele também tem um assunto a tratar com uma certa testemunha que coincidentemente está em um lugar que só o causou dor e fúria.

A incendiária acordou sobressaltada, estava suada e sentia dores na coluna e pescoço, ela tenta lembrar-se da última coisa que tinha acontecido, e rapidamente as imagens das chamas consumindo o carro virado, e dos gritos de Vera que estava dentro dele vieram em sua mente em um turbilhão de frenesi, ela não deixou de mostrar um sorriso cansado e dolorido com a lembrança dos gritos de Vera Billard, eram bem parecidos com o de Raquel e Lucas.

Lembrou-se de tudo, exceto como ela tinha chegado até onde estava, um lugar escuro e abandonado, mas um flashe de lembrança invadiu sua dolorida cabeça e ela se lembrou de um homem, alto e negro, não lembrava do rosto, não tinha detalhes, a dor que ela sentia atrapalhava sua concentração. Foi quando Bethina ouviu vozes vindas de fora daquele lugar, ela se arrastou - com dificuldades devido seus ferimentos - até uma fresta e viu três rapazes que estavam olhando o que tinha restado do velho Fusca e consequentemente, o que tinha restado de Vera.

— Puta que o pariu, cara, eu estou dizendo — disse um rapaz de boné. - Esse é o carro da Vera

— Caralho! Tem um corpo aqui dentro, vem vê isso — falou o segundo que Bethina não conseguiu reconhecer.

— Temos que ligar para a polícia — Bethina reconheceu o terceiro rapaz que já estava com o celular na mão, era o Pedro, um "ficante" da Vera, era com ele que a falecida falava pelo Whatsapp. — Porra, mano, está faltando à outra garota. Acho que esse corpo é o da Vera já que ela nunca deixa ninguém dirigir o seu Fusca. Deixava, melhor dizendo.

Série Psicopatas Vol.01  - Incendiário (REVISADO).Onde histórias criam vida. Descubra agora