Capítulo 31: Brunet

1.4K 140 13
                                    

O Sol já estava se pondo. Ninguém havia conseguido encontrar Anastasiya, e agora os irmãos teriam que lidar com outros problemas. Freya, Rebekah e Kol também haviam desaparecido. Elijah saíra para procurar por Davina, a única bruxa conhecida que poderia ajudar naquele momento.

O silêncio na casa estava atordoando os pensamentos de Niklaus. Apoiado no para-peito da varanda de seu quarto, com um copo de bebida nas mãos, o rapaz ouviu seu irmão Finn chegar, mas não se moveu. Levou o copo de bebida à boca e deu o último gole. Baixou a cabeça e suspirou quando Finn entrou em seu quarto.

─ Não encontramos nada. ─ falou.

Niklaus pegou o celular e discou o número de Elijah, tentando mais uma vez falar com o irmão, mas seu celular continuava desligado.

─ Onde está Giselle? ─ perguntou Niklaus. ─ Precisamos ficar todos juntos.

─ Acredita que estão nos atacando quando estamos sozinhos? ─ perguntou Finn, enchendo seu copo com bourbon.

Niklaus confirmou com a cabeça, enquanto Finn ligava para Giselle. O desespero começou a surgir quando o celular da garota deu como desligado.

─ O que faremos? ─ perguntou, virando o copo de uma vez, nervoso. Queria acreditar que nada havia acontecido com Giselle.

─ Eu não sei... ─ falou Klaus. ─ Estou esperando Elijah há mais de três horas e ele ainda não voltou. ─ apertou o copo com mais força, quase o quebrando em sua mão.

─ Precisamos encontrar alguma bruxa que possa nos ajudar. ─ respondeu Finn.

─ Nenhuma irá nos ajudar... Além disso, já coloquei todos os vampiros do French Quarter para procurá-lo. É apenas uma questão de tempo. ─ respondeu, caminhando até a porta do quarto.

─ Então, não iremos procurá-los também? ─ perguntou Finn, indo atrás do irmão.

─ Isso é exatamente o que estou indo fazer agora... ─ respondeu. ─ E você não é bem-vindo nessa busca.

─ É uma pena... ─ respondeu Finn. ─ Por que eu já estou indo.

|| || || ||

Elijah entrou na Igreja onde Davina costumava morar. Suas esperanças de encontrar os irmãos estavam todas sendo depositadas na jovem bruxa. Já havia procurado por toda a cidade e aquela Igreja era o último lugar de sua lista.

No silêncio da Igreja, Elijah avistou “Davina” vindo em sua direção. O rapaz sentiu seu corpo aliviar a tensão. Quando abriu sua boca para começar a falar, viu o reflexo de uma jovem mulher de cabelos negros e compridos, com vestes de mais de mil anos.

Com algumas palavras e um movimento de mão, “Davina” lançou Elijah contra a parede, ao perceber que o rapaz iria atacá-la, e o prendeu na mesma.

─ Isso é inútil. ─ começou. ─ Se você machucar este corpo, você está machucando Davina e não a mim... Além disso, eu posso voltar a hora que eu quiser. Posso entrar no corpo que eu quiser. ─ falou se aproximando de Elijah. ─ Eu poderia ser o seu vizinho.

Elijah tentava se soltar, mas a magia que o prendia era muito mais forte, o impedindo de se mover.

─ Eu te conheço, Elijah... O seu nome e os de seus irmãos são muito famosos do Outro Lado. ─ começou. ─ Você me conhece? Sabe quem eu sou?

O rapaz não respondeu. Nunca vira aquela mulher em sua vida.

─ Me chamo Amée Brunet. Eu sou a bruxa que lançou a primeira maldição na sua querida Anastasiya. ─ respondeu em tom de deboche. ─ Seu pai, Mikael, ameaçou a vida de minha filha quase eu não ajudasse... No fim, ele quebrou meu pescoço e descartou meu corpo como se eu fosse nada. ─ falou, lembrando detalhadamente daquele fatídico dia.

Mikael havia capturado sua filha, ainda criança, para que Amée o ajudasse, logo após assassinar seu marido a sangue-frio. Com a promessa de que veria sua filha novamente, a mulher o ajudou, mas teve seu pescoço quebrado pelo homem, que nem ao menos pensou duas vezes. Amée, presa do Outro Lado, viu sua filha crescer e formar sua família, mas sem nunca poder tocá-la ou ajudá-la em seus momentos de mais necessidade. Depois de uma longa vida, sua filha morreu e encontrou a paz, porém Amée permaneceu presa no Outro Lado. Faziam mais de dez séculos que a bruxa sofria com aquilo. Mikael lhe tirou tudo o que tinha. E ela queria vingança.

|| || || ||

Giselle estava sentada em um banco do French Quarter, observando as pessoas ao seu redor. Resolveu ligar para sua irmã uma última vez, na esperança da garota atender. O celular de Anastasiya tocou atrás de Giselle, fazendo-a se virar e ver a irmã, parada, a observando.

─ Anastasiya... ─ falou Giselle, se levantando e caminhando até a irmã. ─ Por favor, eu posso te ajudar. ─ segurou as mãos da irmã. ─ Eu posso te trazer de volta...

Anastasiya abraçou a irmã e Giselle realmente acreditou que poderia se redimir pelo que fizera no passado. Porém, quando menos esperava, Anastasiya se afastou e começou a rir.

─ Você tinha que ver sua cara. ─ falou, apontando para a irmã. ─ “Ah meu deus! Eu vou salvar Anastasiya! Ela vai me perdoar! Blá blá blá...” ─ falou a garota, debochando de Giselle ao imitá-la.

Giselle fechou os olhos e tentou bolar um rápido plano, enquanto Anastasiya caminhava a sua volta.

─ O que você quer? ─ perguntou.

─ Giselle, eu não tenho nada contra você. ─ falou se aproximando de novo. ─ Porém, você pode ser um atraso nos meus planos...

─ Como assim? ─ perguntou Giselle, tentando se afastar da irmã.

─ Veja bem... Você pode tentar trazer meus sentimentos de volta... E isso pode realmente funcionar, então não posso correr riscos. ─ continuou. ─ Além disso, você será um peso para Finn no final de tudo... Ele pode desistir do nosso plano por você, e eu tenho ordens de deixar isso acontecer.

─ Você vai me matar? Vai matar sua própria irmã? ─ perguntou Giselle, se preparando para se defender.

─ Você fez pior do que me matar... Você me abandonou. A morte não é nada para pessoas como você. ─ Anastasiya estava encurralando Giselle. ─ Eu costumava me destruir por dentro. Essa memória me consumia às vezes... E eu nunca te perdoei. Eu menti para você.

Antes que Anastasiya pudesse continuar seu discurso, Giselle a atacou com um soco. Um tão forte que fez sua mão sangrar. Anastasiya cambaleou para trás e passou a mão na bochecha quando sentiu o sangue escorrer. Anastasiya tentou atacá-la, mas a mais velha foi mais rápida e a derrubou. No chão, Anastasiya conseguiu puxar Giselle e imobilizá-la. A garota lhe acertava golpes tão fortes que, eventualmente, o pescoço de Giselle foi quebrado.

─ Eu não posso te matar... Isso estragaria todo o plano, pois Finn ficaria contra mim... ─ falou se levantando e ajeitando sua roupa. ─ Mas eu a farei sofrer de todas as formas que eu puder. Você, enfim, entenderá tudo o que eu passei nas mãos de Mikael.

Anastasiya levou Giselle até o lugar onde estava se escondendo. Um pequeno apartamento abandonado, no limite de Nova Orleans e Baton Rouge. Uma estranha sensação tomou conta de seu corpo novamente. Já era a quarta vez naquele dia.

Após garantir que Giselle estava devidamente presa, a dor de cabeça aguda voltara em mais força. Anastasiya caiu desmaiada no chão, mas, logo que abriu os olhos, estava no mesmo quarto vazio de sempre. Daquela vez, Esther e Finn estavam sentados à mesa redonda, ao invés da mesma casa de sempre.

Através dos SéculosOnde histórias criam vida. Descubra agora