Inglaterra, 1010
Haviam se passado oito longos anos desde que Giselle vira Anastasiya e os irmãos de Finn pela última vez. Se questionava o que sua irmã estaria fazendo naquele momento. Se havia assumido o comando do Condado de Charpentier ou se havia fugido, assim como Giselle. Torcia para que Ana tivesse formado sua própria família e vivesse feliz.
Nos primeiros anos após fugir com Finn, a dor da culpa era tão grande que, em seus momentos mais desesperados, Giselle implorava para que Finn apagasse sua antiga vida de suas memórias. Porém, o rapaz sempre negava o pedido. Com o passar do tempo, Giselle aprendeu que havia tomado a decisão que mais a faria feliz, e que não precisava se culpar por aquilo.
Giselle se convenceu de que Anastasiya estaria agora, apesar de tudo, feliz e bem, mas sabia que, caso voltasse a encontrá-la, a garota jamais a perdoaria. Era aquilo que mais doía na mulher.
Giselle estava agora morando na Inglaterra, junto a Finn, seu marido, e tentavam juntos não atrair a atenção de Mikael, o que havia se tornado mais fácil depois de se afastarem dos irmãos do rapaz. Giselle escrevia em seu diário, como fora seu dia, quando Finn voltou para casa. Havia saído para caçar e passou pela porta com alguns coelhos em suas mãos.
Finn tentava agir como uma pessoa normal, ignorando o que ele de fato era, e Giselle não gostava disso. Ela sentia que aquilo não faria bem para o rapaz. Finn precisava aceitar o que ele era.
- Finn? - chamou Giselle, aproximando-se do rapaz. - Quero conversar com você...
Giselle havia tomado uma decisão. Uma que sabia que Finn não iria concordar de primeira, mas que, com o tempo, passaria a aceitá-la. O rapaz sentou-se e encarou a esposa preocupado. Lá no fundo, ele já sabia qual rumo aquela conversa tomaria.
- Mais cedo, quando você saiu para caçar, fui até a vila... Para pensar. - Finn fechou os olhos, já esperando o que estava por vir.
- Não. - respondeu, já sabendo o que a garota iria falar. - Eu não irei transformá-la. Me recuso a puní-la desta maneira.
Giselle aproximou-se do marido, apoiando as mãos em seu rosto. Finn respirou fundo e tentou manter a postura. A garota sabia o quanto mexia com o rapaz quando fazia aquilo.
- Poderemos ficar juntos pela eternidade, meu amor... - falou Giselle. - Não é isso que quer? Ou você quer me ver morrer e não poder fazer nada?
- Eu posso te curar se você se ferir. - falou Finn, segurando as mãos da esposa.
- Mas você não pode me curar da velhice. - respondeu Giselle. - Para mim, mais 50 anos ao seu lado seria magnífico. Eu teria passado minha vida toda ao seu lado. Mas e você? Para você 50 ou 60 anos é muito pouco comparado ao quanto você pode viver.
Finn soltou as mãos de Giselle e as levou à cabeça. Levantou-se bruscamente e saiu pela porta da casa. Ele sabia que aquele dia chegaria, e sabia que não suportaria ver Giselle morrer e não poder fazer nada para impedir.
Giselle apenas suspirou e sentou-se na cadeira, apoiando a cabeça na mesa, perdida em seus pensamentos. Imaginava como seria depender de sangue para sobreviver. A garota sabia que havia perdido tudo quando decidiu fugir com Finn, e que não poderia voltar atrás, mas ela só tinha a Finn agora, e não queria perdê-lo também.
Algumas horas mais tarde, Finn retornou. Giselle dormia com a cabeça ainda sobre a mesa. Finn pegou a esposa no colo e a colocou sobre a cama, e a cobriu. O rapaz havia tomado sua decisão definitiva.
Itália, 1465
Finn e Giselle haviam se juntado aos irmãos do rapaz há apenas alguns meses. Apesar dos protestos de Finn, Giselle acreditava que aquilo seria melhor para o rapaz, sem saber que, no futuro, se arrependeria daquela escolha.
O dia se passava calmamente. Giselle lia seu livro predileto, quando Finn entrou em seu quarto, transpirando ódio. A garota nem precisou perguntá-lo para saber o que havia ocorrido. Desde a última vez que Niklaus havia visto Anastasiya, ele agia diferente.
Giselle havia aceitado que a irmã estaria morta, afinal, quatro séculos haviam se passado. Porém, aquilo não entrava na cabeça de Niklaus, o deixava louco. Todos os anos, no dia do aniversário de Anastasiya, Giselle lhe escrevia uma carta, mesmo sabendo que a garota jamais as leria. Aquilo a ajudou a aceitar o fardo de ter vivido mais que a irmã.
Já Niklaus, vez ou outra, enlouquecia e se descontrolava. Elijah tentava acalmá-lo lhe dizendo que Anastasiya, provavelmente, havia tido uma vida feliz, mas Niklaus nunca aceitava. Ele parecia sentir que algo sempre esteve errado.
- Acredito que Klaus desligou as emoções desta vez. - fazendo o queixo de Giselle cair.
Por dentro, a garota se desesperava. Já havia visto e ouvido falar sobre coisas horrendas que Niklaus havia feito com suas emoções ligadas. Não sabia o que o homem seria capaz de fazer naquele momento.
- Finn... - Giselle fechou o livro bruscamente. - Temos que partir.
O rapaz a olhou, entendendo o que a amada queria dizer. Niklaus viria atrás de Finn, por tê-lo abandonado todos aqueles séculos, fazendo Giselle correr um grande perigo igualmente. Finn selou os lábios com os de Giselle, porém, antes que pudesse sair do quarto, sentiu algo atravessar suas costas.
Niklaus havia sido mais rápido. Quando Giselle percebeu, Finn estava caído aos seus pés com uma adaga cravada em suas costas. Não sabia o que era aquilo, apenas que havia sido suficiente para derrubar seu amado. Antes que Giselle pudesse se mover, Elijah apareceu no quarto e imobilizou Klaus.
- CORRA! - gritou Elijah, tentando segurar Klaus pelo máximo de tempo possível.
Contra sua vontade, Giselle correu, utilizando de sua velocidade, e desapareceu, sem saber o que havia acontecido com seu marido. Niklaus estava descontrolado. Sempre fazia questão de expôr seus sentimentos em relação a separação de Finn dos irmãos no ano de 1002.
Giselle havia jurado a si mesma que iria descobrir o que Klaus havia feito com Finn, mas para isso precisaria fugir do rapaz, que a caçaria por meses, talvez anos, ou séculos.
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Através dos Séculos
FanficSéculos atrás, antes da fera existir, havia um homem, bom e apaixonado, e sua princesa. Sua paixão eterna. Mas ela se foi, tomaram-na dele por muito tempo. Agora só lhe resta o monstro. "─ Eu vou te amar até que o Sol morra." No século XI, Anastasiy...