Capítulo 25: O reencontro

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Nova Orleans

Fazia apenas algumas horas que haviam chegado a Nova Orleans, mas Anastasiya já se encontrava ansiosa pelo que estava por vir. Subia as escadas da nova casa, quando avistou Niklaus andando no corredor. Seu coração queria que a garota fosse ao seu encontro, mas seus pés não lhe permitiram isso. Anastasiya apenas ignorou o olhar de Niklaus e entrou no quarto de Freya.

─ Já está pronta? ─ perguntou a mulher, surpresa. Anastasiya sorriu como nunca sorrira antes. Iria rever sua irmã. ─ Entendo. ─ respondeu Freya, também sorrindo. ─ No seu lugar, agiria da mesma forma.

Freya pediu que Anastasiya se aproximasse e segurou suas mãos. Palavras estranhas saíram de sua boca enquanto cortava a mão de Anastasiya e deixava o sangue pingar pelo mapa. Em questão de segundos, já não estavam no quarto da mulher. Anastasiya olhou a sua volta, admirada pela paisagem. De um lado, haviam imensas casas e prédios coloridos, e do outro havia um imenso oceano.

─ Bem-vinda à Nyhavn. ─ falou Freya, olhando ao redor. ─ Aqui que o feitiço nos trouxe. ─ respondeu, pensativa.

Anastasiya fechou os olhos e tentou usar sua audição, mas o grande barulho que os turistas faziam tornou sua habilidade inútil. Ansiosa, começou a andar pela rua, olhando para os lados.

Freya a acompanhava, quando Anastasiya parou de repente, fazendo a mulher quase tropeçar. A garota olhava congelada para uma das barracas que haviam no lugar. Ao acompanhar seu olhar, Freya avistou uma mulher, um pouco mais alta que Anastasiya, com longos cabelos alaranjados.

Anastasiya começou a caminhar na direção da misteriosa mulher, enquanto Freya apenas a observava. Ao se aproximar o suficiente, Anastasiya pôs a mão no ombro da mulher, fazendo-a se virar.

O choque em seu rosto era evidente. A mulher balançou a cabeça, como se a imagem de sua irmã mais nova fosse desaparecer, como havia desaparecido nas outras vezes. Será que daquela vez Anastasiya era real? Giselle levou a mão na direção do rosto da irmã, enquanto algumas lágrimas começavam a se formar em seus olhos.

─ Como? ─ foi a única coisa que saiu de sua boca ao sentir a pele macia de Anastasiya sob seus dedos.

Anastasiya puxou a irmã para um abraço, o qual a mulher retribuiu com toda a força que tinha. As memórias que tanto tentava afastar começaram a voltar, e o remorso e a culpa tomaram conta da mente de Giselle.

Ao ouvir o que sua irmã passara, Giselle entrou em total desespero. A culpa agora a corroía de uma forma que nunca havia feito antes. Giselle era jovem e ingênua, se preocupou mais em ser feliz que com as consequências que seus atos trariam.

Giselle sabia agora. Sua irmã não havia tido a vida feliz que havia idealizado em sua mente. Anastasiya não se casara, nem tivera os filhos que queria ter. Aquilo estava errado. Era para Anastasiya ter morrido mil anos antes, rodeada pela família e pelos amigos que ela merecia ter tido.

A mulher caiu de joelhos. Sua visão turva devido às lágrimas a impedia de enxergar a irmã. A culpa a estava destruindo. Anastasiya a olhou confusa e se ajoelhou na frente da irmã, lhe lançando um sorriso.

─ O que houve, Giselle? ─ perguntou, secando as lágrimas da irmã.

Giselle lançou-se sobre Anastasiya, implorando seu perdão de forma tão rápida que a menina fora obrigada a afastar Giselle e segurá-la pelo rosto.

─ O que aconteceu, minha irmã? Está me assustando. ─ falou, em seu antigo idioma.

─ É minha culpa... ─ balbuciou, também em seu idioma nativo. ─ Eu fugi com Finn, sem nem ao menos me despedir... Fui egoísta, minha irmã. Eu poderia ter impedido Mikael de ter feito o que fez com você...

Anastasiya sabia que Giselle teria morrido se tivesse ficado, mas a raiva que crescia em seu peito era tanta que impedia a garota de pensar racionalmente. Anastasiya respirou fundo e abraçou a irmã, que derramava lágrimas em seu ombro.

─ Está tudo bem. ─ não estava. ─ Já se passaram mil anos. Eu lhe perdoo por isso, minha irmã. ─ era mentira. Anastasiya sentia que jamais poderia perdoar Giselle por aquilo.

─ Se eu soubesse que ainda estava viva, eu teria ido atrás de você... ─ falou Giselle, segurando os ombros da irmã.

Anastasiya já não estava aguentando aquilo. Sentia que explodiria se não saísse daquele lugar. Freya se aproximou, irritada com o que ouvira, mas não perdeu tempo em perguntar o que mais lhe importava:

─ Onde está Finn?

Giselle levantou-se e enxugou as lágrimas com as costas das mãos. Encarou Freya, que cruzou os braços, impaciente.

─ Esta é Freya, irmã mais velha de Finn. ─ falou Anastasiya.

─ Impossível. ─ falou Giselle, desconfiada. ─ Finn me contou sobre a irmã várias vezes. Ela está morta.

─ Esta é uma longa história. ─ falou Freya, irritada. ─ Onde está meu irmão?

Giselle virou o rosto para o lado e fechou os olhos. Anastasiya pode sentir a dor da irmã quando a mulher abaixou a cabeça.

─ Eu não sei. ─ falou, encarando os próprios pés. ─ Niklaus o tirou de mim há muito tempo. ─ concluiu com dificuldade, sentindo um nó na garganta voltar a se formar.

Freya parou de respirar por um instante. Desde que encontrara seus irmãos sonhava com o dia em que voltaria a abraçar Finn. Ouvir o que Giselle disse havia sido como uma facada em seu coração. Anastasiya balançou a cabeça, confusa.

─ O que... O que Niklaus fez? ─ perguntou, com medo da resposta.

Giselle balançou a cabeça negativamente. Suas lembranças daquele dia estavam confusas. Já havia se passado tanto tempo. Giselle fugira por tantos séculos, que evitava lembrar do que acontecera.

─ Eu... Não sei. ─ começou. ─ Depois de alguns séculos separados dos irmãos, convenci Finn a encontrá-los. Senti que aquilo seria melhor para ele. ─ falou, o arrependimento emergindo. ─ Mas Niklaus estava descontrolado. Depois de alguns dias juntos, ele acertou Finn no peito com algum tipo de adaga... Que fez ele cair no chão na mesma hora.

Freya não conseguia acreditar no que ouvia. A mulher sabia o que Niklaus havia feito aos seus outros irmãos durante sua vida, mas sempre que perguntava sobre Finn, o homem mentia. Dizia que nunca mais o havia encontrado.

─ Se não fosse por Elijah, eu provavelmente teria morrido também naquele dia. ─ concluiu.

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