Capítulo 16: Falsa liberdade

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O Sol sumia no horizonte. Anastasiya contava os segundos para que pudesse ser finalmente livre. Sentia sua liberdade a esperando do lado de fora da velha cabana.
Mas, algo chamou sua atenção. Em meio ao vazio do lugar, uma caixa se encontrava no topo da velha estante. Desviou seu olhar para a escuridão que surgia na floresta, mas nem mesmo naquele momento, a curiosidade de Anastasiya a deixava em paz.

A menina caminhou na direção da caixa, que apesar de velha, parecia mais nova do que tudo que havia naquela cabana. Pensou que, talvez, Mikael a tivesse deixado ali em uma de suas últimas visitas, poucos séculos antes. A abriu e avistou uma estaca de madeira clara, talhada com vários símbolos.
A menina aproximou sua mão, mas logo recuou. Sua mente a ordenava que pegasse, fazendo com que a menina, cansada de lutar, obedecesse à ordem. Rasgou um pedaço da saia de seu longo vestido e o utilizou para amarrar a estaca em sua perna.

Em um piscar de olhos, Anastasiya corria pela floresta. A casa em que passara todos aqueles séculos, que havia sido enfeitiçada, agora estava em chamas.
Sons desconhecidos cada vez mais altos chamavam a atenção de Anastasiya. Uma luz indicava o fim da floresta. As árvores foram diminuindo, o cheiro que entrava por suas narinas já não era o mesmo. Sentia medo do que iria encontrar, de como o mundo havia mudado no tempo em que esteve presa.

Parou de correr ao deparar-se com estranhos objetos que corriam pelas ruas. Anastasiya via pessoas dentro de tais coisas e não conseguia entender porque elas estavam lá. Onde estariam os cavalos? As poucas pessoas que andavam perto da saída da floresta se vestiam como aquele rapaz da cabana. Sentiu vergonha por suas roupas, que estavam velhas e rasgadas, além do sangue que continha nelas.

Sentia-se próxima de Niklaus, Elijah e Rebekah, mas quase não sentia a presença de Kol e Finn, fazendo-a perceber que estava mais próxima de seu amado do que deveria.

─ Boa noite, senhor. ─ chamou a menina. ─ Poderia me dizer que dia é hoje?

O homem a sua frente estranhou suas vestimentas, mas a respondeu com um pequeno sorriso em seu rosto:

─ Hoje é 3 de agosto. ─ falou, olhando no mesmo aparelho que Anastasiya havia encontrado com o rapaz da cabana.

─ De qual ano, senhor? ─ perguntou novamente, tremendo ao esperar a resposta.

─ 2016. ─ respondeu o homem, estranhando ainda mais e apertando seu passo, afastando-se de Anastasiya.

O choque paralisou a menina, fazendo seu coração querer sair do peito. A vontade de gritar crescia e sentiu a raiva voltar. Todo o ódio causado pelo feitiço que Mikael fizera mil anos atrás, voltava em sua força total. Reunindo coragem e voltando a caminhar, avistou uma grande estrutura à sua frente, com os dizeres "Mystic Falls High School".

Já havia conseguido se localizar e, agora, precisaria de roupas novas se quisesse passar despercebida. Tudo o que vinha em sua mente era Niklaus e seus irmãos. Sentia uma imensa vontade de matar todos, mas as palavras de seu amado voltaram à sua mente. Anastasiya havia deixado o feitiço dominá-la por um instante, mas sabia que precisaria aprender a se controlar, caso conseguisse achar Niklaus.

Avistou uma mulher passar em frente à grande estrutura e, usando sua velocidade, a atacou, prendendo-a na parede de um beco que havia por perto. Queria tentar o controle de mente que Mikael havia feito com ela algumas vezes.

─ Me dê suas roupas. ─ ordenou, olhando no fundo dos olhos da mulher.

─ Claro. ─ falou.

Em menos de um segundo, Anastasiya sentiu seu pescoço ser quebrado.

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Ao abrir seus olhos, Anastasiya percebeu estar trancada novamente. Seu coração começou a disparar e a menina se jogou contra a porta, na tentativa de abri-la. Sentia-se fraca, mas continuou batendo na mesma e gritando, pedindo que alguém a soltasse dali. Levou as mãos à cabeça, na tentativa de acalmar-se. Se lembrou da mulher, alta e de cabelos escuros, que a atacou. Seria outra pessoa igual a ela? Quantos mais existiam?

Ouviu alguém se aproximar e jogou-se contra a porta. Avistou a mesma mulher, desta vez, acompanhada de outros dois rapazes, que conversavam em um idioma desconhecido para Anastasiya.

─ Me soltem! ─ gritou a menina, fazendo a mulher se aproximar da porta que a prendia.

─ Ainda não. Precisamos saber quem é você antes disso. ─ falou a mulher, no idioma de Anastasiya.

Os rapazes que a acompanhavam voltaram a conversar entre si e, por mais que a menina tentasse, nunca havia escutado aquele idioma antes. Ficou apenas observando os movimentos daquelas pessoas desconhecidas, para tentar entender algo.

─ Vocês estão falando francês? ─ perguntou o homem de olhos azuis.

─ É Francês Antigo. Não sei muito sobre esse idioma, mas aprendi um pouco alguns séculos atrás. ─ respondeu a mulher, mexendo em seu longo cabelo.

─ E por que, exatamente, você prendeu essa mulher no nosso porão, Katherine? ─ perguntou o rapaz loiro.

─ Francês Antigo era falado na França entre os séculos VIII e XIV. Além disso, olhem as roupas dela. Não tem menos de mil anos. ─ respondeu Katherine.

O rapaz de olhos azuis se aproximou da porta, estranhando o silêncio da menina. Anastasiya não havia entendido sequer uma palavra do que haviam discutido, mas sabia que gritar não iria soltá-la de sua segunda prisão.

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