Capítulo 11: Eu o quero morto

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Anastasiya olhava incrédula o rapaz que, segundos antes, havia assumido o rosto de uma besta. A menina jamais vira nada como aquilo, e, apesar da curiosidade, seu medo apenas crescia conforme Niklaus ia lhe explicando.

─ Por que sua mãe lhe fez isso? ─ perguntou, não acreditando que alguém seria capaz de amaldiçoar os próprios filhos.

─ Depois da morte de meu irmão, tudo o que ela queria era que fôssemos superiores aos lobisomens. ─ falou Niklaus. ─ Fugimos de nosso pai desde então.

Uma pergunta surgiu na mente de Anastasiya e, sentindo um aperto em seu coração, temia pela resposta que receberia.

─ Você já matou alguém?

Niklaus ficou em silêncio, confirmando o maior medo de Anastasiya naquele momento.

─ Você matou todas aquelas pessoas do Condado?

─ Não. ─ respondeu o rapaz, sentindo uma ponta de desespero. ─ Todas as vezes que matei foi por não ter conseguido controlar. Mas você me fez mudar, Anastasiya. Eu não sinto mais aquela fúria assassina que sentia antes desde que a conheci... Eu te amo. ─ disse, a abraçando.

Anastasiya o empurrou delicadamente. Niklaus podia ouvir os batimentos cardiacos da garota cada vez mais rápidos. Seu coração parecia explodir no peito, quando a menina olhou em seus olhos.

─ Eu... ─ começou, reunindo coragem. ─ Eu preciso de um tempo para pensar. ─ falou, imaginando Niklaus, o homem que amava, matando alguém.

A porta da biblioteca abriu-se violentamente, e Finn correu na direção do irmão.

─ Lady Anastasiya, poderia me dar um tempo a sós com meu irmão? ─ perguntou, logo em seguida a vendo de se afastar.

Quando já estavam sozinhos no lugar, Finn, que ainda não havia aprendido a controlar a intensidade de suas emoções, sentia vontade de quebrar tudo o que havia na biblioteca. Percebendo, Niklaus pousou a mão no ombro do irmão:

─ O que houve, Finn?

─ Abraham é como nós. ─ falou. ─ Ele matou os pais de Anastasiya e Giselle. Enterrei os corpos deles e consegui prender Abraham, mas acredito que chegou a hora de irmos embora.

─ Abraham matou os pais de Anastasiya e você não pensou que seria importante contá-la? ─ perguntou Niklaus. ─ Se prendeu Abraham, mate-o e acabou o problema.

─ Não quer saber como é possível que aja mais de nós? Acredito que Mikael está envolvido.

Ouvir aquele nome fez o corpo de Niklaus estremecer. Mikael era a única pessoa que o jovem rapaz temia e, se ele estava envolvido, todos naquela casa corriam perigo. Niklaus começou a andar na direção da porta. Precisava contar Anastasiya o que havia acontecido com seus pais.

─ Onde está indo? ─ perguntou Finn.

─ Não irei a lugar algum sem Anastasiya. ─ respondeu Niklaus, usando seus sentidos aguçados e sua velocidade para chegar até a menina, que descia a escadaria.

─ Anastasiya! ─ chamou Niklaus, fazendo a menina assustar-se e se desiquilibrar. O rapaz rapidamente a segurou e a levou até seu quarto.

─ Mas o que foi dessa vez, Niklaus? Não pedi para me dar um tempo? ─ falou, expressando a raiva em seu tom na tentativa de camuflar o medo que sentia.

─ Finn me contou algo que você precisa saber... ─ falou tentando segurar as mãos da menina, que se afastou. ─ Seus pais... Eles... ─ Niklaus tentando encontrar as palavras corretas, mas não parecia haver um jeito certo de contar sobre a morte de alguém. ─ Foram mortos.

O choque daquelas palavras acertaram o coração de Anastasiya em cheio. Aquele havia sido golpe final que derrubaria a menina. Sem saber em quem confiar e sentindo a dor de perder seus pais, Anastasiya caiu ao chão. Sentiu o impacto de seus joelhos no chão frio, mas não se importou. Uma lágrima solitária escorreu por seu rosto.

Levou as mãos à cabeça. Mil pensamentos faziam a mente de Anastasiya se sobrecarregar.

"─ O homem que amo é um assassino. Elijah e os outros irmãos também são. E meus pais pagaram o preço por se envolver com eles." pensou.

─ O que vocês e seus irmãos fizeram com meus pais? ─ perguntou, levantando o olhar.

A expressão vazia de Anastasiya assustou Niklaus. O brilho em seus olhos havia sumido. A garota que sorria quando o via já não estava mais lá.

─ Eu jamais faria nada que iria lhe machucar, Ana... ─ falou ajudando a menina a se levantar.

Convencida de que Niklaus e seus irmãos estavam envolvidos naquilo, Anastasiya começou a desferir golpes contra o rapaz, mesmo sabendo que o mesmo não sentiria nada. Niklaus sentiu o primeiro soco acertar seu peito, o segundo em seu braço, até sentir a mão de Anastasiya aproximar-se de seu rosto e segurá-la.

─ VOCÊ É UM MENTIROSO! ─ gritou, tentando se soltar. ─ QUAL DE VOCÊS FEZ ISSO COM MEUS PAIS?

Niklaus a olhou no fundo dos olhos e, pedindo perdão por aquilo, compeliu a garota para que se acalmasse.

─ Você não tem o direito de usar seus poderes bizarros em mim.  falou Anastasiya, sendo obrigada a acalmar-se.

─ Peço que acredite em mim, por favor... ─ falou o rapaz se aproximando. ─ Finn disse que suspeitava de Abraham desde sua chegada. E hoje isso se confirmou. Ele é igual a mim. Uma besta. ─ falou, vendo a expressão de Anastasiya mudar.

─ Abraham matou meus pais? - perguntou, ainda calma. ─ Onde ele está?

─ Finn disse que conseguiu prendê-lo, mas não sei onde. ─ respondeu.

─ Eu o quero morto.

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