Capítulo 10: Agora somos só nós

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O céu acinzentado daquela manhã preocupava Giselle, que sentia algo ruim no ar à sua volta. Procurava por Anastasiya, que prometera encontrá-la na noite anterior, mas não havia aparecido. Distraída em seus próprios devaneios, não percebeu quando Finn se aproximou e tocou em seu braço.

─ Finn? ─ perguntou ao ver quem a chamava. ─ Aconteceu algo?

Percebendo a expressão preocupada do rapaz à sua frente, Giselle enquietou-se. Passou a seguir Finn, que olhava para os lados como que verificando se não haviam outras pessoas por perto.
Se aproximavam do quarto do conde e sua esposa, quando Giselle viu o que parecia sangue escorrer por baixo da porta. Correu e a abriu com uma força desesperada, quando avistou seus pais caídos em uma poça de sangue.

─ O QUE VOCÊ FEZ? ─ gritou Giselle, indo na direção dos pais. Imaginava se havia sido Finn o autor daquele crime. ─ Meu deus, eles estão mortos. ─ falou sentindo as lágrimas escorrerem.

─ Eu os encontrei assim. ─ falou Finn, aproximando-se da menina que estava ajoelhada ao lado dos pais. O rapaz a abraçou, sentindo-se triste pela garota. Sabia que havia sido um de sua espécie, e aquilo só fazia seu ódio pelo que se tornara aumentar.

Vendo aquela cena, os pais de Giselle mortos e a menina que se afogava em lágrimas, Finn só conseguia pensar em uma coisa. Por mais que quisesse ficar ali com Giselle, sabia que não podia. Todas as suas suspeitas se confirmavam gradualmente e sentia o medo subir por sua espinha.

─ Ficará tudo bem, Giselle. ─ falou o rapaz, sentindo a menina abraçá-lo mais forte em resposta.

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Abraham seguia seu caminho normalmente, afastando tudo e qualquer coisa de sua mente, deixando espaço apenas para Rebekah em seus pensamentos. Na maior parte do tempo, o rapaz não entendia porque pensava ou fazia certas coisas, mas sentia que tudo desaparecia quando estava perto de Rebekah. Como se ela o ajudasse a se libertar de alguma compulsão que o atordoava.

Pensava na noite anterior, em como havia segurado sua amada em seus braços, quando Anastasiya passou correndo ao seu lado, sem nem perceber a presença do rapaz. Naquela hora, era provável que já haviam encontrado os corpos. Mudou sua direção, seguindo Anastasiya, mas foi interrompido por algo que bateu fortemente contra seu corpo, jogando-o na parede.

─ O que você fez? ─ perguntou Finn. ─ O que você é?

Abraham se recupera da agressão e olha seriamente para o rapaz a sua frente. Sabia que haviam descobrido seu segredo. Queria gritar que aquilo não era o que parecia, que já não conseguia ter controle de suas ações, mas tudo que saiu de sua boca foi: " ─ Não sei do que está falando, lorde Finn."

─ Ora, pois sabe muito bem. ─ falou, andando em sua direção. ─ Você é como eu... Como? ─ perguntou Finn. ─ Por que matou os pais de sua noiva?

─ Solte-o! ─ falou Giselle, separando Finn e Abraham. ─ O que está acontecendo aqui, lordes? ─ perguntou esperando uma resposta do amado.

Finn a olhou e, antes que Abraham pudesse falar algo, a segurou pela cintura e saiu de lá o mais rápido que seu sangue sobrenatural o permitia. A levou para o quarto e trancou a porta, não sem antes verificar se havia alguém por perto.

─ Eu acredito que Abraham é como eu. - falou Finn. ─ E que é ele o assassino de seus pais.

Giselle olhou para o sangue ainda fresco em seu vestido e em suas mãos. Uma mistura entre tristeza e ódio subiram por suas veias.

─ Por que acha isso? ─ perguntou Giselle, impedindo que as lágrimas voltassem a descer.

─ Todas as mortes misteriosas acontecerem quando Abraham chegou. Desde que o vi pela primeira vez, senti algo que só sentia perto de meus irmãos. Um certo poder. Preciso pará-lo, e é por isso... ─ falou abrindo a porta ─ que você irá ficar aqui até eu e meus irmãos resolverem isso. ─ disse trancando a porta por fora. ─ Não posso deixar que você seja a próxima vítima dele.

Finn virou as costas para a porta, ignorando os gritos da amada que tentava desesperadamente derrubar a porta. Giselle não sabia como era sentir aquela fome insaciável. O rapaz que Abraham, com sua força sobrenatural, não encontraria dificuldades caso quisesse arrancar o pescoço de Giselle, e Finn não podia deixar.

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Anastasiya fechou a porta atrás de si e logo avistou Niklaus que lia um dos livros da biblioteca, distraído, com os cabelos loiros que caiam pelo seu rosto. A menina desejou tocá-los e assim o fez quando se aproximou. O rapaz rapidamente fechou o livro e beijou a amada, que retribuiu na mesma intensidade.

─ Eu tenho que lhe contar algo. ─ falou Niklaus, após o fim do beijo. ─ Algo sobre mim.

Anastasiya sentiu-se curiosa, ainda mais por saber pouco sobre o passado de Niklaus, que permanecia um mistério. Pousou sua mão no rosto do rapaz, que se sentiu tranquilizado com aquele pequeno gesto.

─ Você confia em mim? ─ perguntou Niklaus, segurando suas mãos.

─ Claro que confio, meu amor. ─ respondeu Anastasiya, ansiosa.

Niklaus olhou no fundo dos olhos verdes da menina e percebeu a mudança na feição da garota. Anastasiya viu seus olhos, antes em um tom perfeito de azul, virarem vermelhos sangue e várias veias descendo por sua bochecha. Presas surgiram em sua boca, fazendo a menina soltar as mãos de Niklaus.

─ Por favor, se acalme. ─ falou o rapaz, tentando pôr as mãos no rosto da amada, mas sendo rejeitado.

─ O que você é? ─ falou Anastasiya, assustada. Sairia correndo daquele lugar se não fosse pelas lindas lembranças com Niklaus que vieram à sua mente.

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