Capítulo 8: Nem tudo é o que parece ser

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Após Niklaus e Elijah se afastarem, Anastasiya seguiu seu caminho em direção à escadaria. Rebekah já havia saído do terceiro andar, mas talvez tivesse deixado alguma prova do que fazia por lá. A menina subiu degrau por degrau, lembrando-se dos acidentes que haviam ocorrido naquele andar. A estrutura do lugar estava enfraquecida em vários pontos, amendrontando a menina a cada passo que dava.

Ao subir todos os degraus, Anastasiya viu pela primeira vez em anos o andar proibido. Quando criança, a menina possuía algumas aulas de etiqueta e idiomas. Sua mãe a levava até uma grande sala do terceiro andar para lhe ensinar, enquanto Giselle aprendia a como governar com o pai, visto que um dia ela seria a Condessa de Charpentier. A sala onde aprendia com a mãe encontrava-se agora em ruínas. A porta estava despedaçada e haviam buracos nas paredes. Parecia ter ocorrido um incêndio naquele lugar.

Anastasiya pensava que, talvez, Rebekah tenha ido até lá por engano, quando avistou uma parte do lugar que ainda estava intacta. Haviam algumas portas abertas que davam em mais quartos que a residência possuía, mas uma em específico havia lhe chamado a atenção. Estava trancada e com alguns móveis empilhados a sua frente. Devagar, aproximou-se, escutando o ranger do chão a cada passo que dava. Assustou-se quando escutou um gemido de dor vindo da sala bloqueada. Algo começou a se arrastar pelo chão e a bater fracamente na porta. Anastasiya percebeu que quem estava trancado ali estava há dias, por conta da fraqueza que apresentava.

Com dificuldade, começou a arrastar os móveis, tomando cuidado onde pisava. Haviam cadeiras em frente a uma cômoda e um armário. Algumas estavam muito danificadas pela invasão e pelo tempo, sendo fáceis para Anastasiya tirar do lugar. Outras eram grandes e ornamentadas, dificultando o processo. A menina arrastou a cômoda para o lado e, quando encostou no armário, sentiu o chão ranger mais alto. Conseguiu afastar o mesmo o suficiente para abrir a porta. Não havia ninguém na sala.

Anastasiya entrou no cômodo confusa, pois jurava ter escutado alguém naquele lugar. Haviam correntes arrebentadas em uma das paredes, e, antes que pudesse sair da sala, sentiu algo pulando em seu rosto. Uma dor aguda invadiu seu corpo e sentiu sangue escorrer pelo pescoço, enquanto uma mão puxava seu cabelo para o lado. Antes que pudesse gritar, a mesma mão que segurava seu cabelo agora tampava sua boca.

Desesperada, a menina se debatia tentando se soltar, quandos sentiu suas forças abandonando seu corpo, já fraco. A dor passou, embora o sangue ainda escorresse, e a mão que tampava sua boca passou a segurar seu corpo para impedir que a menina caísse. Antes que suas pálpebras se fechassem completamente, Anastasiya reconheceu os olhos castanhos escuros de Kol, que a olhava com o rosto amendrontado.

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Elijah voltava da biblioteca, onde havia tido uma breve conversa com seu irmão Niklaus, quando um som estranho no terceiro andar chamou sua atenção. Lembrou-se de Kol e se preocupou. Olhou para os lados, para ver se alguém estava por perto, e, usando sua velocidade, foi até o lugar onde o irmão estava preso. Avistou a porta aberta e Kol segurava uma mulher em seus braços, enquanto se alimentava da mesma.

Aqueles cabelos ruívos não eram estranhos para Elijah, que se desesperou ao reconhecer Anastasiya. Correu até o irmão e o empurrou, tomando a menina em seus braços. Passou a mão pelo rosto de sua amada, tentando controlar sua sede de sangue. Olhou para Kol, que o encarava com um semblante culpado. Mordeu seu próprio pulso e deu sangue para Anastasiya.

─ Sorte sua que descobrimos que nosso sangue cura, irmão... ─ falou Elijah, tranquilizando-se ao ver a menina reagir. ─ Ou já estaria morto.

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Anastasiya abriu lentamente seus olhos ao escutar vozes ao seu lado. Virou seu rosto e avistou Elijah e Kol conversando. Sentia-se tonta, não conseguia lembrar muito bem o que ocorrera e o que fazia naquele quarto.

─ Niklaus jamais poderá saber disso... ─ falou Elijah, que se calou ao ver a menina acordada. ─ Anastasiya...

Ao ver o sangue que ainda escorria da boca de Kol, todas as memórias da garota voltaram a sua mente. Desesperou-se e levantou da cama, correndo até a porta. Elijah a impediu, tentando acalmá-la.

─ O que vocês fizeram comigo? ─ gritou a menina. ─ Você... ─ falou apontando para Kol. ─ Eu senti você me mordendo... O que vocês são? ─ gritava desesperada.

─ Acalme-se. ─ mandou Elijah, compelindo-a.

Kol andou até o lado do irmão, sem entender o que o mesmo fazia.

─ Porque não a faz esquecer logo, Elijah? ─ perguntou Kol, confuso.

─ Ela merece saber a verdade. ─ respondeu o rapaz.

Anastasiya não entendia como havia se acalmado tão rápido. Sabia o que tinha acontecido, Kol havia sugado sangue de seu pescoço. A menina havia sentido, havia visto o sangue e o rosto do rapaz. Então, porque não havia machucado algum em seu pescoço? O mesmo estava limpo, deixando como única prova do que ocorrera o sangue em suas roupas.

─ Ela não pode saber a verdade! ─ enfureceu-se Kol. ─ Se você não a fizer se esquecer... Eu farei. ─ falou o rapaz, segurando Anastasiya pelos ombros.

Elijah segurou o irmão, o afastando da menina. Sabia o que tinha que fazer, o que era o correto a se fazer, mas também sabia que Kol estava certo. Ele jamais conseguiria se perdoar por deixar Anastasiya entrar naquele mundo em que viviam.

─ Ao menos, me deixe fazer isso. ─ falou Elijah, olhando no fundo dos olhos verdes de Anastasiya. ─ Esqueça-se do que aconteceu. Você irá até o seu quarto, sem deixar que a vejam, e troque de roupa. Você não lembrará de que esteve aqui.

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