Capítulo 12: Dói ter que dizer adeus

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Niklaus caminhava confiante do que iria fazer. Havia pedido que Anastasiya procurasse a irmã, para que tivesse tempo de matar Abraham com as próprias mãos. Não queria que a amada realizasse sua vingança e se sujasse de sangue. Ele sabia que Anastasiya jamais iria se perdoar caso acabasse com a vida de alguém.

Naquele momento, Finn tentava convencer Giselle a perdoá-lo pelo tempo que a manteve presa, pois havia feito aquilo por amor. Ele não poderia tomar conta de Abraham e proteger Giselle caso ele quisesse machucá-la. Agora, depois de ter contado a Niklaus onde o homem estava, sabia que Abraham estaria morto em pouco tempo.

─ Giselle, por favor, venha comigo... ─ falou Finn. ─ Tenho motivos para achar que Mikael está mais próximo do que meus irmãos pensam. Preciso ir embora...

A menina andou em sua direção e Finn pode ver a raiva se mesclar com preocupação em seus olhos.

─ Como pode querer que eu vá com você se nem confia que posso me defender? ─ perguntou. Giselle entendia que era para protegê-la de Abraham, mas ainda se sentia extremamente chateada com o que Finn fizera.

─ Você pode se defender contra humanos, Giselle, mas Abraham não é humano. Ele não morreria nem com uma espada no coração. ─ falou Finn. ─ Venha comigo e não precisaremos mais nos preocupar com ele e nem com meu pai.

─ Mas e Anastasiya? Irei deixá-la sozinha aqui? ─ perguntou, lembrando-se da única família que lhe restava.

─ Peça-a para vir conosco. ─ falou Finn, certo de que Giselle jamais aceitaria ir sem a irmã.

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Niklaus finalmente avistou o local em que Abraham estava. Era uma pequena casa de pedra, sem janela alguma, no meio da grande floresta. Parecia abandonada há anos. Sem exitar, abriu a porta e avistou Abraham acorrentado. O rapaz estava deitado e Niklaus suspeitou que seu pescoço estaria quebrado. Então, esperou até que Abraham acordasse.

─ Sabe, tenho uma dúvida... ─ começou Niklaus, quando escutou Abraham acordando. ─ Como e por que você é igual a mim e meus irmãos?

Niklaus agarrou o pescoço de Abraham, forçando-o a olhá-lo. Ainda confuso, o rapaz foi capaz de pronunciar apenas uma palavra:

─ Mikael...

Antes que Niklaus pudesse perceber que alguém havia afrouxado as correntes de Abraham, o rapaz se soltou e quebrou o pescoço do homem à sua frente.

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Anastasiya ia ao encontro da irmã, que a havia chamado para uma conversa mais cedo. Niklaus estava sumido pelo resto da tarde, mas a menina não se preocupou. Ainda não acreditava em tudo que ouvira, mas sentia-se despedaçada por dentro.

Escutou um barulho ao fim do corredor, mas estava tão absorta em seus pensamentos que nem percebeu quando uma sombra a atacou. "- Me perdoe..." foi a última coisa que a menina ouviu, antes que sentisse seu pescoço ser perfurado.

Anastasiya se desesperou, tentando se soltar do aperto. Aquela sensação não lhe era estranha, mas a dor a impedia de pensar direito. Sentiu a pressão em seu pescoço diminuir, mas sua visão escureceu antes que soubesse o que havia acontecido.

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Um barulho estranho chamou a atenção de Elijah, que procurava pelos irmãos. Finn o havia convidado para uma "reunião de família" mais cedo naquele dia, mas o rapaz sabia que aquilo teria que esperar. Usando sua velocidade, correu em direção ao som, avistando Abraham atacando Anastasiya. Antes que pudesse pensar racionalmente, já se via atrás do rapaz com a mão atravessada em seu peito. Não conseguiu se conter e viu Anastasiya cair no chão quando arrancou o coração de Abraham.

Em um piscar de olhos, lá estava Niklaus, com sua amada em seus braços. Desesperado, mordeu seu pulso e o colocou na boca de Anastasiya, que já se encontrava desarcordada. A menina começou a redobrar a consciência quando o sangue se espalhou de Niklaus pelo seu organismo.

Os olhos horrorizados de Anastasiya lembrou Elijah de tudo aquilo que ele queria protegê-la. Decidiu não apagar sua memória daquele vez, mas sabia que precisaria partir. Niklaus também pensava naquilo. Preferia partir e perdê-la, mas saber que Anastasiya poderia ser feliz sem ele, do que perdê-la para a morte. Pegou a carta que havia escrito e guardou em seu vestido, e, com muita dor no coração, Niklaus e Elijah deixaram a menina em seu quarto e partiram.

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O vento frio cortava a pele de Anastasiya. Alguém havia deixado a janela aberta, fazendo a menina virar na cama, procurando pela coberta. Ao abrir os olhos, as memórias voltaram gradativamente. Sentiu o gosto de sangue em sua boca e procurou desesperadamente pela ferida em seu pescoço. Surpreendeu-se quando não viu nada além do sangue que havia escorrido por toda sua roupa.

Giselle havia partido com Finn sem avisar a irmã. Não havia tempo para despedidas. Sabia que havia sido egoísta, mas sentia que era isso que a irmã a pediria: não perder a chance de ser feliz.

Agora, Anastasiya se encontrava sozinha na casa onde sangue fora derramado. De seus pais, seu próprio sangue e de vítimas inocentes. Niklaus e seus irmãos haviam ido embora sem se despedir. Ainda havia sangue no lugar onde Anastasiya fora atacada. Se perguntava o que havia acontecido no tempo que passara desacordada. Onde estaria Abraham naquela hora?

Andando pelo corredor frio e solitário, sentiu a presença de alguém. Entrou no quarto da irmã, na esperança de encontrá-la. Nada. Um barulho na porta chamou sua atenção, mas antes que pudesse reconhecer a pessoa parada à porta, sentiu uma rápida sensação de dor. Tudo se apagou. Seu pescoço havia sido quebrado e Anastasiya estava, enfim, morta.

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