Capítulo 39: Arrependimentos e traições

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Finn entrou na loja e caminhou até a mulher que segurava a faca. O rapaz a fez esquecer do que havia acontecido e a mesma caminhou para fora da loja, com o olhar perdido. Finn se aproximou de Daria, o que a fez sair de seu caminho, enquanto desviava o olhar para a avó. Agata entendeu o olhar da neta, mas, antes que pudesse fazer algo, Daria já havia lançado o feitiço sobre Finn. O rapaz gritou ao sentir seus ossos das pernas se partirem e olhou furiosamente para Daria. 

— Garota estúpida! — gritou ao sentir seus ossos novamente se quebrando. — Queremos a mesma coisa.

— Daria, pare já! — gritou Agata, chamando a atenção da garota.

Daria lançou um feitiço paralisante em Finn e se aproximou, a raiva estampada em sua face.

— Quero que você suma das nossas vidas. — falou, cuspindo as palavras no rosto do rapaz.

— É exatamente por isso que vim até aqui. — começou, ainda paralisado pelo feitiço. — Se me ajudarem, garanto que, não só eu, mas todos os meus irmãos sumirão de suas vidas para sempre.

Daria desfez o feitiço, repentinamente interessada pelo que Finn tinha a dizer. Agata se aproximou da neta com o olhar de reprovação. A garota sabia que era um risco atacar um Original daquela maneira, mas tudo o que queria era proteger sua avó, sua única família.

— Preciso que me ajudem a trazer alguém de volta à vida. — começou Finn.

A expressão no rosto de Daria mudou subitamente, o medo tomando conta de seus olhos. Sua avó a encarou com a feição preocupada. Tal feitiço era extremamente forte e perigoso. Agata estava pronta para recusar o pedido e expulsar o vampiro Original de sua loja, porém Daria tomou a frente e aceitou. Não se importava com as consequências. Queria proteger sua avó e faria o que fosse preciso para aquilo.

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Horas haviam se passado e mais um dia se encerrava. Anastasiya tentava ignorar a dor que as cordas embebidas em verbena lhe causavam. Sua audição estava atenta à qualquer som que viesse do lado de fora de sua cela. Seus olhos corriam pelas escuras paredes do lugar, enquanto sua mente trabalhava em achar uma solução para a garota se libertar de vez.

Fechou os olhos e a única coisa que imaginava era quando teria a chance de acertar as adagas de Esther em cada Original ali existente. No fundo de seu subconsciente, Anastasiya ainda podia ouvir uma voz que tentava alertá-la, lhe convencer de que aquilo era um erro, porém o feitiço de Esther ainda estava entrenhado profundamente em sua mente.

Uma sensação estranha surgiu em seu corpo, fazendo a garota abrir os olhos abruptamente. Para Anastasiya, o que estava sentindo era algo impossível de acontecer, porém, tinha certeza do que ocorrera naquele mesmo momento. Esther estava viva. A garota podia sentir a conexão que tinha com a mulher fortalecer. Minutos depois, as cordas que a prendiam se soltaram com movimentos bruscos e a porta abriu a sua frente.

Já era noite, então Anastasiya não teve problemas para fugir sem seu anel da luz do Sol antes que alguém aparecesse. Segundos depois, Niklaus se encontrava parado em frente a cela de sua amada. As cordas caídas ao redor da cadeira e a porta escancarada à sua frente.

Niklaus perdeu o controle e começou a gritar, enquanto quebrava tudo que via à sua frente. Estava terrivelmente frustrado e sentia uma culpa maior do que era capaz de suportar. Niklaus levantou a cadeira que Anastasiya ainda estava instantes atrás e a lançou longe, partindo-a em vários pedaços ao atingir a parede. Ao lado da escada estavam seus irmãos e Giselle, com o espanto visível em seus rostos.

O rapaz tentava se controlar enquanto contava o ocorrido para seus irmãos, mas a verdade era que Niklaus estava surtando por dentro. Não sabia o que fazer e era incapaz de imaginar o que Anastasiya iria fazer agora que estava livre. Aquilo o corroía por inteiro.

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Anastasiya abriu a porta do novo local aonde iria se esconder. Era um pequeno apartamento, quilômetros de distância da mansão dos Mikaelson, que havia encontrado antes de ser presa. Estava destruído por dentro e parecia não ter dono há várias décadas. Porém, era um escondeirijo quase perfeito. O local estava no nome de um humano qualquer, que Anastasiya não se deu ao trabalho de lembrar. Também forçara uma bruxa do French Quarter, logo após fugir, a realizar o feitiço necessário para que a garota não pudesse ser localizada. Apenas Esther poderia saber de seu paradeiro.

A garota caminhou até o velho guarda-roupa embutido na parede. Suas portas de madeira estavam em terríveis condições, mas ainda lhe serviram para algo. Anastasiya abriu o guarda-roupa e destrancou o pequeno cofre à senha que havia no mesmo. Pegou as adagas que ali havia guardado e se preparou para a guerra, que mal havia chegado ao seu ápice e já se encontrava quase no final. Tudo que a garota precisava fazer era derrubar, um por um, cada Mikaelson.

Anastasiya sabia que procurariam por ela. No momento em que Esther entrara em seu apartamento, sentiu que sua missão chegaria ao fim. A menina sabia o desejo de Esther em matá-la, mas não podia fazer nada contra aquilo, além de seguir suas ordens.

Esther a avisou que Finn estava junto de Rebekah e que aquela era a chance perfeita para que Anastasiya adagasse a mulher no coração. A garota segurou a adaga com o nome de Rebekah com mais força e partiu ao seu encontro. Em alguns minutos, Anastasiya chegou ao French Quarter, onde Finn estava junto de Rebekah.

A garota parou na frente de Rebekah, que reagiu avançando em sua direção. Rebekah estava cansada. Sabia que a grande culpada era Esther, mas já não conseguia aturar as ações de Anastasiya. Finn segurou a própria irmã, facilitando o trabalho de Anastasiya.

— Finn? — chamou Rebekah, em choque com a ação de seu irmão mais velho. — O que está fazendo? Me solte! — gritou, espantada.

— É necessário. — foram as últimas palavras que Rebekah escutara, antes que Anastasiya lhe cravasse a adaga em seu coração.

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As lágrimas quentes escorriam pelo rosto de Daria. Havia percebido o que erro que havia cometido mais cedo naquele dia, quando acreditara que realizar o feitiço de ressurreição era sua única opção para afastar Finn de sua família.

A garota havia aceitado aquilo, contra a decisão de sua avó, e decidira realizar o feitiço sozinha. Sabia que Agata jamais sobreviveria a uma magia tão poderosa como aquela por conta de sua idade já avançada.

Enquanto as palavras em latim saíam de sua boca, Daria começara a se sentir cansada. Sangue escorria de seu nariz e, alguns segundos depois, seus ouvidos também sangravam. Agata decidiu ajudar a neta, contra a vontade de Daria, para impedir a morte da garota. Acreditava que juntas sobreviveriam a um feitiço tão forte como aquele, que não Daria não estava acostumada a realizar.

A garota abriu seus olhos e viu Esther, a poderosa bruxa da família Original, renascer das cinzas e levantar-se à sua frente em carne e osso, enquanto sua amada avó caía, desmaiada no chão. Sangue escorria de seu nariz, ouvidos e olhos. Em poucos segundos, a mulher morrera.

Daria sentia o sabor salgado de suas lágrimas que caíam em seus lábios. Apertava a mão de sua avó, que se encontrava deitada sobre sua cama. A garota precisava consagrar a mulher, mas não encontrava forças para fazer aquilo. Havia perdido todos que amara em sua vida.

As palavras saíam com dificuldade de sua boca, ao mesmo tempo que jurava para si mesma que buscaria a vingança por sua família e por todos os danos causados pelos Mikaelson.

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