A noite surgia lentamente. A lua emergia radiante no céu ao lado da imensidão de estrelas. Anastasiya observava a vista da janela de seu quarto, quando sentiu a presença de alguém na porta. A garota já sabia quem era antes mesmo de virar-se e encarar aqueles belos olhos azuis.
Klaus estava parado há apenas alguns metros de distância, com as mãos para trás do corpo. Não sabia ao certo o que o havia levado até o quarto de Anastasiya naquela noite. Olhava para todos os lados, tentanto evitar o olhar da mulher à sua frente.
- Como você está? - foram as únicas palavras que conseguiram sair da boca de Klaus.
O rapaz entrou no quarto, ainda mantendo certa distância de Anastasiya. Passou os olhos pelo lugar, procurando nenhum lugar específico, e encorajou-se a encarar a garota.
- Estou bem. - falou, mas não estava.
Anastasiya tentava fazer Klaus revelar seus sentimentos desde que o encontrara novamente, mas não esperava que o rapaz fosse tomar a iniciativa de conversar com ela tão de repente. A garota sentia que Klaus estava em conflito consigo mesmo e desejava poder entendê-lo.
Klaus não conseguia falar. Nada mais saía de sua boca. Virou-se para ir embora. Havia se arrependido de ir até o quarto de Anastasiya daquele jeito. O rapaz não conseguia entender suas próprias ações. Antes que Klaus saísse pela porta, Anastasiya utilizou de sua velocidade para impedí-lo.
- Qual é o real motivo de você ter vindo aqui, Niklaus? - perguntou, fechando a passagem da porta e ficando mais próxima do rapaz.
Klaus estava sem reação. Estava sofrendo dos efeitos que Anastasiya causava nele. Cada sentimento e memória que Niklaus já sentiu pela garota voltava a sua mente, fazendo-o lutar fortemente para afastá-los.
- Por que me afasta tanto? - perguntou Anastasiya, cansada das escolhas do rapaz. - Nós tivemos uma história junta, Niklaus. Fomos separados, mas o destino nos uniu novamente.
Anastasiya afastou-se, deixando a passagem livre para que Klaus fosse embora. O rapaz abaixou a cabeça, acompanhando os movimentos da garota pelo canto dos olhos.
- Quando eu o vi na casa dos Salvatore, quando você me salvou das correntes... - continuou Anastasiya. - Eu acreditei que você ainda me amava. Mas, se não me quer aqui, então irei embora.
Klaus fechou os olhos. Não podia perder Anastasiya novamente. O arrependimento de tê-la abandonado o corroeu por dentro durante todo aquele milênio. Como ele poderia explicar, àquela doce menina que ele se apaixonou, todas as escolhas ruins que havia feito em sua longa vida? Todo o sofrimento que causou somente para esquecer do próprio? Como Klaus poderia explicar à Anastasiya que ainda a amava, mas que tais sentimentos só o enfraqueceram? Coisas ruins acontecem quando ele não consegue ser forte o suficiente.
Uma lágrima solitária escorreu o rosto de Anastasiya, fazendo-a limpá-la imediatamente para que Niklaus não visse. Deu as costas para o rapaz e voltou a admirar o belo céu pela sua janela. Antes que percebesse, Niklaus já a havia tomado em seus braços. Seus rostos estavam próximos por poucos centímetros e o rapaz sabia que se arrependeria mais tarde.
Klaus apoiou uma de suas mãos na bochecha de Anastasiya, enquanto a outra estava em sua cintura. Os olhos verdes da garota o hipnotizavam e sua boca clamava pela dela. Anastasiya o beijou, antes que Klaus tentasse fugir novamente. A mão na cintura de Anastasiya apertava forte, enquanto a garota abraçava Niklaus, sem querer que o rapaz se afastasse.
Toda a saudade que sentiram um do outro era exposta naquele beijo apaixonado. Todas as barreiras de Klaus haviam caído e qualquer pensamento que ocupasse a mente de Anastasiya já havia se dissipado. Ambos queriam gritar ao mundo o quanto se amava.
Mas aquele momento íntimo não durou muito. As lembranças de seus terríveis atos voltaram a mente de Klaus. Ele sabia que não era o homem certo para Anastasiya. A mão na cintura da garota se afroxou, e antes que Anastasiya percebesse a intenção de Klaus, ele já havia partido.
Anastasiya abriu os olhos, incrédula. Naquele momento sentiu uma forte vontade de matar o rapaz pelo que havia feito com ela. Queria gritar. Xingá-lo de todos os nomes possíveis. Reprimiu um grito que subia por sua garganta, mas se permitiu chutar a pequena mesa de madeira que estava próxima a sua cama, partindo-a em pedaços.
A garota acalmou-se e caminhou para fora do quarto. Precisava de um tempo afastada de Niklaus e havia decidido, enfim, o que mais ansiava desde que aprendera aquele novo idioma. Andou até o quarto de Freya, xingando Klaus mentalmente, mas ao mesmo tempo tentando afastá-lo de sua mente.
- Freya? - chamou Anastasiya, ao bater na porta.
A mesma se abriu, relevando Freya, que logo lhe lançou um sorriso e lhe cedeu passagem para seu quarto.
- Preciso de sua ajuda. - falou, fechando a porta atrás de si.
Freya aparentava estar mais calma desde o último encontro que tiveram juntas, apesar de a preocupação ainda estar um pouco aparente em seu rosto.
- Agora que posso me comunicar com mais facilidade, gostaria de encontrar minha irmã. - falou. - Eu apenas sei que, após eu ser levada por Mikael, Giselle partiu com seu irmão, Finn. - continuou, sem ter certeza de suas palavras.
Anastasiya lembrou-se de não ter conseguido encontrar a irmã naquele dia, mas logo afastou esse pensamento. Sua mente queria fazê-la acreditar que a partida de Giselle havia sido depois de ter sido presa, e que sua irmã havia tentando encontrá-la até perder as esperanças. Agora, seria a vez de Anastasiya de procurar pela irmã.
- Soube que você era a mais próxima de Finn... - falou, esperando que Freya pudesse lhe ajudar. - Você teria alguma ideia de onde ele está agora?
Freya lhe lançou um olhar dolorido. Caminhou até sua mesa, onde se encontravam alguns grimórios abertos. Freya abriu espaço na mesa e colocou sobre a um grande mapa.
- Eu já lhe contei o que houve comigo... - começou, olhando para a garota. - Mas eu nunca lhe disse o que aconteceu entre meu irmão, Finn, e eu.
Anastasiya aproximou-se, enquanto Freya procurava por algo nas gavetas da grande mesa.
- Eu costumava visitá-los, depois que consegui fugir de nossa tia. - falou, tirando uma pequena faca de uma das gavetas. - Um dia, Finn e Giselle simplesmente já não estavam mais junto de meus outros irmãos... Quando passei a morar com Klaus, Elijah, Kol e Rebekah, perguntei o que havia acontecido... E ninguém soube me responder. Finn apenas desapareceu. E levou Giselle junto com ele.
Freya pegou a mão de Anastasiya e passou a faca, fazendo escorrer sangue sobre o mapa. No começo, a garota não havia entendido o porquê de Freya ter feito aquilo, mas começou a compreender quando viu o sangue percorrer o mapa.
- É um feitiço de localização... - explicou Freya. - Com o seu sangue, podemos encontrar Giselle.
- Você nunca tentou isso para encontrar Finn? - perguntou Anastasiya.
- Perdi a conta de quantas vezes tentei. Mas o feitiço nunca funcionou. Meu sangue simplesmente se espalhava pelo mapa... - explicou, olhando para Anastasiya. - Era como se Finn estivesse em todos os lugares... E, ao mesmo, em lugar nenhum...
O sangue de Anastasiya finalmente havia parado. A linha vermelha agora se concentrava em uma região específica do continente Europeu.
- Parece que sua irmã está na Dinamarca. - falou Freya. - Alguém lhe contou que voltaremos para Nova Orleans amanhã? - perguntou a mulher. Anastasiya balançou a cabeça negando. - Depois de voltarmos para nossa casa em Nova Orleans, podemos procurar por sua irmã. - falou Freya, animando Anastasiya, que não via a hora de encontrar Giselle.
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Através dos Séculos
FanficSéculos atrás, antes da fera existir, havia um homem, bom e apaixonado, e sua princesa. Sua paixão eterna. Mas ela se foi, tomaram-na dele por muito tempo. Agora só lhe resta o monstro. "─ Eu vou te amar até que o Sol morra." No século XI, Anastasiy...