Capítulo 4: Sangue em nossas mãos

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Lágrimas rolaram do rosto de Anastasiya ao reconhecer o lugar em que estava. Perplexa por Elijah ter encontrado o mesmo local em que brincava tão alegre quando criança. Tudo estava como a menina lembrava. O banco estava alguns anos mais velho, mas as flores mantinham as cores e cheiros que sempre tiveram. Os raios da Lua que passavam por entre as plantas alegraram Anastasiya, que abraçou com força Elijah, surpreendendo-o. Não era comum que um homem e uma mulher, sem qualquer tipo de compromisso, abraçassem-se, mas a garota não se importava com isso e, naquele momento, Elijah tampouco. Ambos queriam apenas desfrutar daquele abraço.

─ Obrigada, Elijah...

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Anastasiya havia seguido seu rumo para a biblioteca, enquanto Elijah caminhava calmamente para seu quarto. Andava pelo corredor com um pequeno sorriso em seu rosto, pensando em quão bom era conseguir encontrar o amor novamente. Mas, sua felicidade durou pouco. Escutou a voz de seu irmão Kol, em outro cômodo, seguido de um grito abafado. Olhou ao seu redor, para checar se estava sozinho, e usou sua velocidade para ir ao local do som. Encontrou Kol coberto de sangue e, próximo a ele, uma mulher morta no chão. Seus outros irmãos logo apareceram no local.

─ Perdeu a noção, Kol? E se lhe vissem neste estado? ─ reclamou Rebekah, aproximando-se do irmão.

─ Estava com muita fome. ─ falou Kol, calmamente, limpando a boca.

─ Não consegue se controlar? ─ perguntou Finn.

Elijah caminhou até Kol, abaixou-se e checou se a mulher estava morta realmente. Em seguida, abaixou a cabeça, esboçando notável decepção em relação ao comportamento de Kol.

─ Irmão, se não tomarmos cuidado com cada ato nosso, chamaremos atenção de nosso pai e acaberemos mortos. É o que quer? Precisa levar isso a sério. ─ falou Elijah, levantando-se e ficando frente a frente com Kol. ─ Ou eu mesmo irei forçá-lo a isso.

Dando-lhe uma última olhada, pegou o corpo da moça e, usando sua velocidade, levou-a para um lugar onde poderia enterrá-la. Rebekah saiu do quarto, decepcionada, enquanto Niklaus, com extrema raiva, avançou em Kol, agarrando-o pela camisa.

─ Se nosso pai nos encontrar por sua causa, juro que eu lhe mato. ─ falou Niklaus, exibindo um par de olhos vermelhos como o sangue.

Antes que seus irmãos começassem uma briga pior, Finn os separou, jogando Niklaus para o outro lado da sala, enquanto segurava Kol, impedindo-o de atacar o irmão novamente.

─ Deveríamos permanecer juntos e não brigar entre si. ─ falou Finn, libertando Kol que, usando sua velocidade, tratou logo de ir embora do local.

─ Se nosso pai nos achar por causa dele, vou... ─ começou Niklaus, sendo interrompido por Finn.

─ Vai o que? Matá-lo? Matará seu próprio irmão? ─ perguntou, fazendo Niklaus calar-se.

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Anastasiya levantou-se na manhã seguinte percebendo que havia adormecido na biblioteca na noite passada. Olhou a sua volta e avistou Niklaus parado à porta olhando-a com um sorriso.

─ Que faz aqui, lorde Niklaus? ─ perguntou Anastasiya, levantando e ajeitando sua roupa.

─ Eu que deveria lhe perguntar isto, lady Anastasiya. Ainda está com as roupas da noite passada. ─ falou aproximando-se.

Anastasiya olhou confusa para suas roupas e, de fato, ainda eram as mesmas da noite anterior. Não se lembrava do que havia ocorrido, só de que havia ido para a biblioteca após o passeio com Elijah.
Niklaus mudou sua feição, enquanto Anastasiya ainda tentava lembrar-se do que acontecera. O rapaz sentia um cheiro que lhe era familiar. Começou a caminhar pela biblioteca, a procura do sangue, e Anastasiya o seguia confusa.

Atrás de uma estante, havia o corpo de um jovem criado do lorde Charpentier. Anastasiya, temendo ver o que Niklaus havia encontrado, parou ao lado do rapaz, e, em choque, correu na direção do corpo, ajoelhando-se ao lado do jovem.

─ Nichol! O que fizeram com você? ─ falou Anastasiya, segurando o rosto do garoto. A menina logo associou sua falta de memória a terrível tragédia, desesperando-se. ─ Lorde Niklaus? Eu fiz isso? Eu o matei? ─ perguntou a garota apavorada.

Anastasiya não se lembrava do que acontecera na noite anterior. Nichol era o filho de uma das criadas de seu pai quando a garota ainda era criança. Eram grandes amigos, mas quando o garoto começou a trabalhar junto a mãe, se afastaram. E se tivesse matado o rapaz e não se lembrava?
Niklaus aproximou-se do corpo do garoto e avistou as marcas em seu pescoço. Havia sido um vampiro e tinha certeza que sabia quem era.

─ Anastasiya... ─ chamou Niklaus, afastando a garota do corpo do amigo. ─ Não foi você, se acalme. Sei que não foi. ─ falou enquanto segurava o rosto da menina delicadamente com suas mãos. ─ Irei achar e punir o culpado, prometo. ─ falou, abraçando fortemente a garota à sua frente.

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