O Intercâmbio - Livro 2 | Off Campus (LGBT) - COMPLETO

Capítulo 3

LUCAS

Não podia ser verdade. Não podia mesmo. Mas é. Vim para o único lugar que eu achei que estaria lotado e não tem uma singela pessoa aqui, além do barman. Geralmente o Malone's é lotado de pessoas. Jogadores de hóquei, jogadores de futebol americano, garotas querendo pegar algum jogador e garotos tentando pegar algum jogador. Mas não tem simplesmente quase ninguém. 

Ótimo.

O que eu não queria que parecesse uma cena depressiva de filme minha, é exatamente o que está aparecendo. Olhei para o drink colorido na minha frente, não gosto de beber, só bebo se a bebida for doce ou colorida, e era o caso dessa bebida – o drink que Somin jura que criou. Blue berry, morango, leite condensado e um pouco/muito de vodka, fica ótimo, super recomendo, isso se você for um fã de bebidas doces.

Olhei para o barman, o jeito que ele me olhava me deixava desconfortável, não por ser estranho, ou coisa do tipo, ele me olhava com pena. Ninguém nunca me olhou com pena. Não gosto que sintam pena de mim. Só sinta pena de mim, se você for me dar alguma coisa, de resto, guarde para você.

Dei um gole longo no drink. Fiz careta pelo tanto de vodka – preciso beber mais –, dessa vez o barman colocou demais. Sinalizei com o copo que queria mais um.

Ri, sem humor nenhum. Ótimo.

Eu não sei o que estou sentindo, mas com certeza não é decepção – já esperava que isso ia acontecer. Acho que estou mais deprimido. Isso. Com certeza estou deprimido. Estou deprimido por não estar decepcionado e não ligar nenhum um pouco. Afinal, eu deveria me importar. Mais uma vez Adam esquece uma data, que eu julgo ser importante. Mas eu não me importo e isso me chateia. Somos namorados, eu deveria cobrar algo de Adam – mas prefiro não cobrar, nem tenho vontade de cobrar nada.

Quando a gente se tornou assim?

Quando eu deixei de me importar com meu namoro?

Não é que eu não ligue para Adam, me importo muito com ele, gosto dele – isso, gosto, não amo, pelo menos, não mais –, respeito ele e às vezes gosto de estar com ele. Adam sempre terá um espaço no meu coração, não como amor romântico, mas de alguém que foi importante para mim, em diversos sentidos. Adam: primeiro amor, primeiro namorado, primeira vez, primeira pessoa que eu dormi de conchinha. Adam foi meu primeiro em muitas coisas, é óbvio que sempre vai ter espaço para ele.

Agora, quando eu deixei de me importar com meu namoro? Essa pergunta continua me assombrando.

Será se foi culpa minha?

Ou de Adam? Adam e as drogas? Adam e as bebidas? Adam e as apostas em jogos? Posso citar milhares de coisas em Adam, que eu acho que atrapalhe nosso relacionamento, mas não posso julgar muito. Adam disse que está tentando melhorar, está até tomando remédios para o vício. Diz ele que esses remédios, diminuem a libido, e é por isso que não estamos transando faz dois meses. Dois meses por causa do remédio. Somando mais seis meses, porque não tenho mais atração em Adam e acho que nem ele em mim. Total de oito meses.

Meu Deus, nós dois não transamos há oito meses. Isso se Adam não tiver me traído, o que eu acho muito difícil, afinal ele sempre parece tão apaixonado por mim – isso é um dos motivos para eu não terminar com Adam, acho que ele ainda goste de mim e tenho medo de desencadear uma depressão nele e ele parar o tratamento com os remédios. Todos pensam que eu quem sou morto de apaixonado por Adam, mas não sou, já amei muito ele, agora não mais. Vejo Adam mais como um amigo, do que um namorado.

Somin e Julie dizem que estou mentindo, quando digo isso. Mas é a verdade. Adam não me atrai mais, não sei quando parei de sentir aquela atração monstruosa, mas não existe mais nenhuma. Antes, o que mais me atraia em Adam era a inteligência dele, ele é um químico e físico excelente, isso não posso negar, mas nem isso é excitante para mim. Quando ele me beija, é tão estranho, estranho demais.