Capítulo 28

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NICHOLAS

Meus pais estavam sendo incrivelmente surpreendentemente simpáticos com Lucas, minha mãe em especial. Dona Pia já perguntou a vida de Lucas e da família dele inteira. "Como sua mãe ficou depois de parar desfilar?", "Quando seu pai descobriu que queria ser médico?", "Como seus avós ficaram tão ricos?", "Tua irmã é bonita do jeito que as câmeras mostram?", "Por que tua mãe deixou de modelar?", "Seu irmão vai seguir o mesmo caminho do teu pai?". Minha mãe simplesmente interrogou o coitado.

— Não, na verdade Marco quer ser neurocirurgião – Lucas disse, com um sorriso. — Ele sempre foi o mais inteligente de nós três.

— Nosso Nicholas também é muito inteligente – minha mãe disse, orgulhosa. Agora, definitivamente tudo está estranho. — Ele passou na prova de direito de Harvard, mas não quis fazer – ela falando nem parece que quase me matou nesse dia com uma colher de plástico. — Eu odiei, claro. Toda mãe fica cheia de orgulho, quando diz: "Meu filho estuda em Harvard. Faz direito, sabia?" – Lucas riu, a mesma risada estranha que eu sou tão apaixonado.

— Desculpa – ele disse, envergonhado. — Meu pai ficou meio chateado, quando eu disse que não seguiria o caminho da medicina.

— Imagino – meu pai disse. — Acho que todo mundo pensa que filho de peixe, peixinho é, quando não são – ele riu, e eu concordei baixinho.

Todos dessa cidade esperavam e ainda esperam, que eu seja que nem meu pai, mas não sou, nem vou ser. O que eu quero e o que eu sou, é bastante diferente do que o meu pai quer e o que ele é. Ele é pastor da cidade, é isso quem ele é. Eu sou o atleta de hóquei apaixonado pelo aluno de jornalismo, que quer ser um grande veterinário. Meu pai quer tocar milhões de pessoas com suas pregações e que todos conheçam Deus. Eu não, não me importo com religião, ainda tenho meus problemas com Deus. Eu quero apenas me formar, poder estagiar com Marie e fazer tudo isso com Lucas sendo meu namorado, também quero muito ver meus amigos fazendo sucesso – Ian abrindo o próprio restaurante, Jonah e Dylan jogando no Bruins –, porque ver meus amigos no topo, também faz parte da minha felicidade.

— Acho que essa é uma das coisas mais chatas que pais podem fazer – Lucas disse. Minha mãe e meu pai se assustaram. — Colocar expectativas de vocês na gente. Especialmente, quando tudo é muito confuso na maioria dos jovens. Por exemplo, ainda tenho um pouco de dúvidas se estou no rumo certo, em relação a minha profissão.

— Pensei que você gostasse do que faz – falei, atento em Lucas.

— Não gosto. Eu amo – ele me corrigiu, rindo. — Mas a dúvida é inerente ao ser humano – ele explicou. — Existem coisas que são certeza? Sim. Mas existem coisas que sempre vão ser uma dúvida.

Lucas está certo. A gente acha que muitas vezes estamos certos de uma coisa, mas geralmente nossa cabeça sempre prega uma peça em nós, e nos faz mudar completamente. E é tudo bem se perder um pouco, se souber o caminho de volta.

— Talvez eu só pare de ter dúvida, quando eu chegar nos meus quarenta, sendo âncora e redator principal da BBC, conhecido por ser o melhor jornalista do mundo, também quero ser conhecido como o mais bem pago, casado há uns dez anos – espero ele falar: "Casado com Nicholas Nyham", mas não acontece, não nego a frustração que se instala no meu corpo. — E também quando eu tiver dinheiro o suficiente, para nunca ficar pobre.

— Mas você já tem! – minha mãe pontuou, rindo. E eu julgo ser uma das maiores verdades de todas, Lucas nunca vai ficar pobre dependendo do dinheiro dos pais.

— Mas é dos meus pais – ele disse, sorrindo. O sorriso dele é tão lindo. Os olhos dele quase somem, quando ele sorri, talvez esse seja um dos maiores, senão o maior, charme de Lucas. Não, com certeza é um dos maiores. A bunda dele ainda é o maior charme, em todos sentidos possíveis. — Quero ter meu dinheiro.

O Intercâmbio - Livro 2 | Off Campus (LGBT) - COMPLETOOnde histórias criam vida. Descubra agora