Capítulo 9

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LUCAS

Ele pensa que eu sou besta. Nicholas acha que eu nasci ontem, mas mal sabe ele, se ele quer me provocar, saiba que vai ser três vezes mais tentado. E há uma diferença enorme entre a gente, ele não consegue se controlar, eu consigo me controlar – não tanto, quando estou perto de Nicholas, mas o suficiente para fazer ele ceder primeiro.

Ele pensa que eu não sei, que ele puxou as mangas do suéter para mostrar os braços com a tatuagem e as marcas das minhas unhas nele, para tentar me fazer fraquejar. Um movimento esperto, mas muito amador. Quando perdi a troca de olhares com Julie, e tive que sentar na frente, eu já imaginava que ele iria fazer isso – só não pensei que iria me afetar tanto.

— E aí? Como foi o dia de vocês? – Nicholas perguntou, atencioso na estrada. Ele fica charmoso dirigindo.

Estranhei a pergunta, esperava que ele fosse mais objetivo no flerte.

— Foi bom, o mesmo de sempre – falei, dando de ombros. — Tive uma reunião do intercâmbio, e todos estão muito ansiosos com a nova tarefa – resolvi ocultar a parte que diz que eu preciso escrever uma matéria sobre ele.

— Ah, legal – ele disse, sorrindo. Estreitei meus olhos para Nicholas, ele está muito estranho. Simpático demais, cafajeste de menos. — Você conseguiu andar até lá? – ele perguntou, os olhos agora ficaram atentos em mim. 

Os olhos castanhos claro não tão claro, agora posso bem dizer qual é quer, me devoram sem pudor nenhum, enquanto analisam minha feição de horror. Não acredito que ele disse isso.

— Tô surpreso que você tá conseguindo sentar no banco – ele sorriu, agora eu reconheço esse sorriso, foi o mesmo que ele usou depois de gozar na camisinha, quando a gente estava transando dentro do guarda-roupa dele. Céus, me lembro de detalhes demais. 

— Ué, porque eu não conseguiria andar e sentar? – perguntei, pressionando meus lábios um contra o outro. Quero socar Nicholas.

— Ah, sentar você consegue sim – ele disse, rindo. — E muito bem por sinal – ele piscou para mim. Odeio como meu corpo está reagindo aos encantos de Nicholas. Porra, eu era para ser mais contido.

Olhei para trás, os olhos escuros de Julie estavam arregalados. A boca aberta num perfeito "O". Julie não é nenhum um pouco burra, ela já estava desconfiando desde a briga de olhares para ver quem ia na frente – eu queria que ela fosse na frente, e ela que eu fosse na frente, até que eu cedi e aqui estou, sendo provocado por Nicholas Nyham. Agora ela tem a certeza. E ela está segurando a risada – que amiga eu arranjei.

— Quando? – a feição de Julie perguntou.

Privilégios de sermos tão íntimos: temos super poderes um com o outro, o que significa que muitas vezes consigo ler a mente de Somin e de Julie e elas a minha.

— Depois do término com Adam – respondi, sem usar minhas bocas.

Julie riu e negou com a cabeça. Supliquei por um pouco de ajuda com Nicholas, mas ela tampou os ouvidos, os olhos e a boca. Surda, cega e muda. Ótimo. Espero que Julie se acostume com essa situação, porque depois daqui eu sou capaz de deixar ela surda, cega e muda.

— Sabe, não me lembro de ter acontecido nada, que me deixaria assim – falei, fitando Nicholas. Mas em nenhum segundo ele tira o sorriso confiante. Nicholas tem total consciência do taco dele, e de como eu amei o taco dele, e odeio isso. — Ou então – peguei na corrente de prata dele. Saudades dela batendo no meu rosto. — Não foi tão memorável – falei, soltando a corrente no peito dele.

O Intercâmbio - Livro 2 | Off Campus (LGBT) - COMPLETOOnde histórias criam vida. Descubra agora