O Intercâmbio - Livro 2 | Off Campus (LGBT) - COMPLETO

Capítulo 18

LUCAS

Duas horas. Faz duas horas que eu estou sentado, tentando escrever ou pelo menos criar o corpo da matéria, mas não estou conseguindo. Não estou mesmo. E é tudo culpa de Nicholas, culpa dele e daquele beijo na festa de Harvard. Aquele beijo não foi nada parecido com os nossos beijos de sempre, foi muito muito diferente, muito melhor do que eu esperava que seria. A sensação de formigamento e borboletas no meu estômago ainda persiste em mim, sinto-as toda vez que penso em Nicholas.

Tenho evitado Nicholas desde o beijo, o que equivale há três dias. Três dias que não atendo as ligações dele – 25 para ser exato – e não respondo nenhuma das mensagens dele – 73 para ser exato –, e isso me machuca para caralho, porque eu realmente gosto de ficar um tempo, um tempo não, horas, com Nicholas. Gosto da companhia dele. Isso, da companhia, não tem nada mais. E me chateia ver que ele não me mandou nenhuma mensagem hoje. Já são oito da noite, e nenhuma mensagem dele, nenhum bom dia, como nos três dias.

Depois do beijo, nós conversamos durante umas duas horas. Descobri que ele é fã de séries de advogados, How To Get Away With Murder, Scandal, Suits – a favorita dele – e também ama séries policiais, Chicago P.D, NCIS, CSI: Las Vegas. Descobri que ele não tem um cantor que considera o favorito, porque gosta de todos estilos de música e seria muito difícil decidir apenas um. Nicholas realmente se acha o gostosão, ele me mostrou a galeria dele e é praticamente três coisas: ele malhando, animais e o pinto dele – ele diz que muitas pessoas querem saber como é o "Nichzinho".

Quando falei que tinha que ir para casa, ele pediu para eu mandar uma mensagem avisando que tinha chegado e pedi para ele fazer o mesmo. Mas só ele mandou a mensagem dizendo que chegou, eu não. Durante todo meu percurso de volta, eu fiquei pensando no beijo e nas sensações estranhas e boas demais que tinha me causado. Fiquei agoniado, desesperado e atormentado, porque eu sei o que esse beija significa, também senti as mesmas sensações no meu primeiro beijo com Adam – e olha onde eu parei, corno. Mas o beijo de Nicholas ainda foi muito mais intenso que qualquer outro que eu já tenha dado em Adam. Beijar Nicholas foi… tudo?

Eu deveria mandar uma mensagem para Nicholas e avisar que estou bem, mas não posso. Sei que se eu começar a falar, eu não vou parar. Sei que vou começar a falar sobre o beijo e como eu me sinto, e como eu fiquei com aquele beijo. Só que eu quero tanto falar com ele. Mas não posso! Isso, eu não posso. Tenho um intercâmbio para ganhar. Droga, para eu ganhar esse intercâmbio preciso de Nicholas.

Fechei a aba do meu programa para escrever – uma enorme dor me causou quando vi a minha página em branco, não sei o que está acontecendo, sempre escrevo rápido – e fui até o Google. Comecei a digitar: "como não se apaixonar por alguém que você já beijou e transou várias vezes e quer muito fazer isso de novo e provavelmente vai fazer de novo porque vocês dois têm um acordo sobre sexo casual? Ah, e você também tem que ter contato com a pessoa porque precisa escrever uma matéria sobre ela."

Ótimo, apenas respostas nada a ver. Nada a ver mesmo. Tem uma aba que me leva para se resguardar para o casamento – céus, isso é tão século passado, ou então religioso demais. Continuou descendo a aba de pesquisa, mas nada aparece. Será que eu preciso pesquisar por um feitiço? Olha, acredito muito em Deus, mas estou meio que em um problema que eu considero enorme, então vou pedir ajuda para todas religiões possíveis, até mesmo a Wicca.

Voltei para o meu programa. E nada. Olho para a página em branco, e nada aparece, nenhuma singela ideia. Eu estou literalmente com ideia para tudo, até mesmo para falar sobre as constelações – eu e Nicholas conversamos olhando para as estrelas, algumas coisas de livros e filmes são possíveis. Começo a digitar.

— Nicholas Nyham, atleta de hóquei negro gostoso da Briar – começo, mas então paro. Não posso começar a falar o que eu penso sobre Nicholas, é muita exposição, literalmente, muita exposição mesmo. — Preciso de ajuda – choraminguei, jogando meu rosto no teclado do notebook, levantei a cabeça e olhei o que eu digitei sem querer. Hhajasnada. Isso foi o que eu digitei. Até eu aleatoriamente, estou escrevendo mais que minha versão imersa em pensamentos que giram em torno do atleta gostoso de hóquei, que é Nicholas Nyham.