Capítulo 25

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LUCAS

Acabou, afinal uma hora tinha que acabar, eu só não esperava que fosse doer tanto em mim. Já passei por isso várias vezes, mas nenhuma vez doeu tanto, como essa.

Já viajei muitas vezes, ou seja já me despedi várias vezes de cidades maravilhosas, mas dessa vez é diferente. Não quero ir embora – sempre falei isso depois de uma viagem, mas dessa vez eu realmente quero dizer isso. Quero passar mais um tempo em Nova York, sem todas as preocupações da Briar, como por exemplo escrever uma matéria sobre esse homem gato que está dirigindo e meu trabalho – meu Deus, eu esqueci que tenho um trabalho.

Olhei para meu lado, Nicholas está bastante focado na estrada, resolvemos voltar para Briar depois do fim do show das drags – que acabou apenas às duas da madrugada, ou seja ele está bem cansado para dirigir. Nicholas amou a boate, amou mesmo, já eu não aproveitei tanto porque tinha várias pessoas querendo se esfregar em Nicholas, o que ocasionou no aparecimento de um Lucas bastante ciumento – eu literalmente fiquei agarrado no pescoço dele e beijando ele a cada cinco segundos, para que todos naquela boate soubessem que estamos juntos.

Será que estamos realmente juntos?

Quero muito perguntar para ele, mas tenho medo da resposta, tenho muito medo da resposta. Nicholas nunca namorou, nunca mesmo, ele tem uma fama enorme de galinha pela Briar. Todos descrevem o estilo de vida de Nicholas como: "Sem amarras, sem namorados ou namoradas. Livre e putaria total". Não tem espaço para mim nesse estilo de vida, não mesmo.

Quero tocar a mão dele, enquanto ele dirige, mas acho que é uma coisa muito casal. Ele começa a dirigir com apenas uma mão, será que é um convite? Será que é um sinal de Deus? Ou pior… será que é um sinal do diabo? Tipo, o diabo está me tentando a fazer algo que Nicholas não vá gostar, e assim a gente nunca mais vai se falar, porque ele pensou que eu estava pensando que a gente era um casal, quando ele nunca considerou nós dois como um casal e segurar a mão enquanto dirige é um passo enorme demais.

Ok, respira fundo. Estou pensando demais. Se lembre o que a sua psicóloga disse, que nem todas as ações precisam ser pensadas demais, os melhores momentos são construídos por ações expressadas por lapsos de adrenalina momentânea. Ok, é isso, vou segurar a mão de Nicholas. Isso, vou segurar a mão de Nicholas e ninguém vai me impedir.

Respirei fundo, minhas mãos estão ficando cada vez mais próximas das dele, quando sinto o calor das mãos dele próximas demais das minhas, eu recuo. Lucas, foco. Você consegue. É só segurar a mão dele. Respiro fundo, e tento mais uma vez, mas quanto mais chego perto – consegui ficar mais perto 0,001 decímetro –, eu começo a entrar em pânico e travo. E se Nicholas não gostar? E se ele achar pessoal demais? Íntimo demais? Casal demais?

Mais uma vez. Vou tentar mais uma vez. Não sei o motivo de eu estar fazendo tanto drama, é literalmente só segurar a mão desse homem – pensando bem, Julie e Somin sempre disseram que eu tenho uma tendência enorme de transformar coisas pequenas, em problemas enormes, o que eu discordo. Não consigo, não consigo segurar a mão dele.

— O que você tá fazendo? – me assustei com a voz rouca e sonolenta de Nicholas. Olho para a estrada, ainda bem que estamos perto de Sioux City, porque Nicholas está a um pé de dormir no volante. — Faz uns três minutos que você aproxima a mão da minha, depois afasta.

— Sério? – perguntei, com uma voz aguda demais. — Nem percebi – dei de ombros. — É que eu estou testando uma nova lei da gravidade – Nicholas riu.

— Que seria? – ele perguntou. A mão que eu deveria segurar, agora está no queixo dele, do jeito mais sexy e sensual possível.

— Tipo, eu tava fazendo várias análises – comecei a mentira.

O Intercâmbio - Livro 2 | Off Campus (LGBT) - COMPLETOOnde histórias criam vida. Descubra agora