Capítulo 16

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LUCAS

Ok Lucas, respira. Respira fundo e depois solta o ar pelo nariz, bem devagar.

Isso.

Cheira a flor e assopra a vela.

Não precisa se assustar, é só um emprego. É só o seu primeiro dia, no emprego que Deus sabe como você ganhou, já que foi horrível na entrevista – sério, parece até que Deus obrou um milagre. 

Você só precisa sair do carro e passar pela porta, porta pela qual você ainda nem olhou porque está se cagando de medo. Ok, olhei para a porta do estabelecimento, o melhor é que só agora que eu descobri o nome da lanchonete que eu vou trabalhar e ser o melhor funcionário – sempre quis aparecer no quadro de funcionário do mês, que nem no MC Donald's.

Vejo Frank, vestindo um novo moletom do time de Harvard, esse diz CAPITÃO enorme na frente com o número dele – sério, alunos de faculdades precisam começar a queimar os moletons e vestir roupas de verdade – e uma calça também moletom cinza. Ok, entendo que são confortáveis, mas gente um pouco de dor para se manter fashion é essencial. 

Tipo, o que estou vestindo agora: é caro, confortável e elegante. Uma jaqueta de couro balmain, com pelos pretos, por baixo um suéter bege com duas listras pretas – não me lembro a marca – e uma calça bege slim em sarja, e uma sapatilha Dolce and Gabbana preta – sim, eu tenho uma paixão enorme por qualquer coisa que seja Dolce and Gabbana. Minha mochila de couro preta da Versace, combinava perfeitamente com o look. 

É simples, confortável, casual, elegante e bonito, e mais importante ainda: sem nenhum moletom.

Ah, isso me faz lembrar de que Ryan, hoje na reunião do jornal da Briar, passou quase trinta minutos me chamando de esnobe. Eu quase falei que ele tinha inveja, que não podia comprar, mas me lembrei que ele é um Heyward Di-Laurents. Ryan precisa urgentemente começar a se vestir como um Heyward Di-Laurents.

Meu Deus, perdi o foco total. Olhei para o relógio do meu celular, estou atrasado há quarenta minutos. Passei tanto tempo assim no carro? E pior, passei tanto tempo no carro falando da roupa do povo que passava?

Peguei minha mochila no banco do passageiro, guardei o celular no bolso e caminhei até a entrada do meu novo emprego, surreal eu ter um emprego. Sério. Julie e Somin passaram vinte minutos rindo, quando eu disse que tinha conseguido. E riram mais ainda, quando eu falei que foi o próprio dono que me ligou para me dar essa notícia, saí do nosso alojamento puto com elas. Ok, que eu não sou perfeito para esse cargo, mas eu definitivamente sou esforçado e vou me tornar perfeito para esse cargo. Eu quero ser o funcionário do mês, que nem os meninos do MC Donald's!

É a primeira vez que vejo a fachada do estabelecimento. É uma jukebox vermelha, uma xícara branca de café quente e uma moça de uniforme dançando, enquanto equilibra uma bandeja na mão. Bom, se o senhor Sans espera algo parecido disso de mim, ele vai ter todas as esperanças trucidadas. Eu mal consigo equilibrar a bandeja sem estar dançando, imagina se eu estiver dançando. Pensando bem, eu nunca vou dançar e servir algum cliente e ele não pode me exigir isso. Afinal, não é nem uma prova de No Limite ou algum reality show.

Além da Jukebox, do café e da garçonete equilibrista o nome tá pintado em rosa pastel e verde água. Sansnack's. Um nome que eu achei até criativo, mas meio básico.

Frank sorriu, quando percebeu que eu estava chegando mais perto dele. Odeio isso. Frank não pode gostar de mim, odeio que ele goste de mim, porque eu sei que não posso retribuir o carinho dele. E provavelmente se ele perguntar se eu gosto dele, eu vou confirmar, pois não quero que ela sofra. Frank é bom demais para sofrer. Se qualquer garoto partir o coração de Frank, eu faço questão de incendiar a casa dessa pessoa.

O Intercâmbio - Livro 2 | Off Campus (LGBT) - COMPLETOOnde histórias criam vida. Descubra agora