O Intercâmbio - Livro 2 | Off Campus (LGBT) - COMPLETO

Capítulo 26

NICHOLAS

Ontem, eu fiz tudo o que eu queria ter feito: dormir. Dormi em todas as posições possíveis, dormi em cada lugar possível do meu quarto – dormi até na privada, acordei quase batendo meu rosto lindo no chão. Eu consegui até dormir em pé, sempre sonhei em saber se eu realmente conseguiria ou não, e sim, eu consigo dormir em pé, sou foda demais. 

Me sinto tão relaxado, tão leve. Não só pelo sono maravilhoso e todos sonhos eróticos que tive com Lucas – vou propôr que ele use uniforme de policial, meio que um fetiche que acabei de descobrir –, mas pela viagem em si. Viajei para uma das cidades mais incríveis do mundo, atrás de fazer o que eu gosto e com a minha pessoa favorita de todas – Ian que me desculpe, mas Lucas se tornou minha pessoa preferida, desde que sentou em mim.

No meu último dia com Marie, ela disse para eu manter contato com ela, se eu quiser realmente me especializar em cuidado de animais, e bom, mal posso esperar para encher todas as redes sociais dela de mensagens minhas implorando por uma chance. Conhecer Marie foi uma das melhores coisas da viagem, ela é uma mulher incrível, que me proporcionou momentos incríveis do lado dos animais. Nunca vou me esquecer do pato, nem do terrier, nem do jeito que Lucas me olhava quando eu estava com o terrier nos meus braços. Todo segundo que eu passava com qualquer animal, seja um pato, um coelho, um porco – sim, cuidei de um mini-porco –, um cachorrinho ou hamster, eu percebia que eu nasci para isso, amar e cuidar de animais.

Parece um pensamento um pouco ansioso, mas já consigo imaginar meu consultório, já consigo ver eu criando uma ONG para cuidar de animais em situação de rua, me imagino organizando várias ações para a adoção de animais. Sim, com certeza é um pensamento ansioso demais.

Tiro o lençol fino que me cobria, e me levanto, olhando para o teto, tenho uma ideia de colocar espelhos no meu teto – me daria uma visão melhorada de Lucas sentando em mim, porra estou com saudades de Lucas. Vou até o espelho do lado da minha cama e examino meu corpo, nenhum arranhão, nenhum chupão, nenhuma mordida, nenhuma marca e me chateio. Eu e Lucas transamos apenas uma vez em Nova York, e eu queria muito mais – afinal levei camisinha para pelo menos setenta rodadas de sexo. Um dia estávamos indo e no outro já estávamos voltando, eu poderia ficar para sempre lá com Lucas – eu ficaria para sempre em qualquer lugar, se eu tivesse Lucas ao meu lado.

Visto uma calça moletom cinza, sem cueca mesmo, tenho uma leve aversão a usar cueca – só uso para tirar fotos provocantes. Vejo uma garrafa de Jack Daniels encostada do lado da minha porta, rio com a memória de Lucas chegando no meu quarto com ela, depois de eu ter socado a cara de um dos jogadores. Lembro da roupa dele, do sorriso dele, do cheiro dele, de como os olhos dele estavam, do jeito que o cabelo dele estava arrumado, não acho que algum dia eu vá esquecer qualquer detalhe de Lucas. 

Lucas. Lucas Gabriel Rojas Ellis. Céus, olha por quem eu fui me apaixonar, logo quem eu jurava que nunca ia acontecer, pensei que seria apenas sexo casual e nada mais, mas Lucas me conquistou, com a risada estranha dele, com os beijos quentes dele, com as maluquices, com o jeito difícil de lidar – um jeito diferenciado para não dizer que ele é mimado –, com o carisma, o sorriso enorme, a compreensão dele. É, Lucas me amarrou. Dylan estava certo, quando você se apaixona por alguém, seu humor inteiro muda, tudo parece mais feliz e motivo para festejar. E é assim que eu me sinto, quero comemorar, quero celebrar.

Isso tudo me faz lembrar, que eu não disse as três palavrinhas para Lucas, nem muito menos ele para mim. Quero que seja o momento perfeito, e não senti nenhuma vez que o momento perfeito chegou. Lucas merece todas as coisas perfeitas do mundo – e eu sou uma delas, óbvio.

Eu ia descer e agradar a todos meus amigos com a minha beleza matinal, mas o barulho da máquina de cortar o cabelo me prendeu. O som vinha do banheiro. Quem é o doido que tá querendo cortar o cabelo? E em casa ainda. Espero que não seja Dylan, uma vez pedi para ele passar a máquina no meu, fiquei parecendo um pinto pelado por três semanas, até meu cabelo começar crescer. Também espero que não seja Ian, ele está ficando bonito com o cabelo crescido. Meu Deus, e se for Jonah? Jonah é inteligente, para hóquei e matérias de humanas, mas para o resto ele é simplesmente uma porta – me lembro que uma vez, eu e Ian passamos quase duas horas explicando o sistema métrico e as transformações para ele.