🖤 23.° Capítulo

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Os olhos brilhantes do Arty fazem com que uma parte de mim doa. Eu não sei o que é que ele está a sentir, mas tenho quase a certeza que é o mesmo que eu sinto: medo, dor, angustia... Houve uma altura em que eu me perguntava o porquê, eu queria ser normal, sentir-me normal. Depois que descobri o que realmente me deixa acesa, não consegui mais parar. Uma parte dentro de mim anseia por mais e eu não me sinto nem acho que poderei algum sai sentir-me capaz de viver sem esta parte de mim. Eu achava que era uma aberração e que, no meu caso de vida, a morte seria bem-vinda.

As pessoas que passam pela nossa vida marcam-nos, cada uma, de uma forma diferente. Eu conheci alguém que gostava de dar prazer a alguém como eu e eu descobri que é normal sentirmo-nos excitados com coisas diferentes. Eu não posso esperar que alguém me aceite sem antes me aceitar a mim mesma. Eu tenho medo de perder os meus amigos, mas dói pensar que eles poderiam não aceitar este meu lado que eu tenho mantido escondido deles por tanto tempo.

Cada um tem os seus demónios e ao que parece iremos descobrir qual o demónio que assombra cada um de nós.

O Arty é o capitão do time de futebol e após a primeira parte desastrosa de um jogo, ele foi parado à porta do balneário por um árbitro, um pouco mais velho, mas muito gostoso. "O James disse que és muito bom! Vamos ver se és realmente bom, talvez apenas precises do incentivo certo." O árbitro tem um sorriso lindo, cabelo castanho claro, olhos dourados e uns lábios vermelhos grossos, uma verdadeira tentação.

De repente, lembro-me da Daisie e só consigo pensar no quão parecidos eles são. Talvez irmãos, gémeos?

"Podes chamar-me Adam. Se perderes o jogo, eu quero assistir-te foder a tua amiguinha loira, no entanto, se tu ganhares o jogo eu deixo-te escolheres qualquer coisa. E então aceitas?" O Arty sorri maliciosamente como se tivesse uma carta na manga e eu quase posso ver as engrenagens a funcionar na cabeça dele.

Arty Gallagher nunca perde uma aposta, apenas com o irmão, e quando ele mete algo na cabeça, dificilmente essa ideia lhe é tirada.

Eu, com toda a certeza, posso confirmar o que o árbitro disse. Às vezes, pequenos incentivos podem parecer insignificantes, mas houve, claramente, uma mudança da postura do Arty em campo. Com movimentos perfeitamente implacáveis, ele foi capaz de garantir a vitória.

O árbitro estava à espera do Arty na rua, ao pé do balneário, com um sorriso enorme no rosto como se ele tivesse ganhado o que queria. "Com que então só precisavas do incentivo certo. O que é que vais querer?" O sorriso do Arty torna-se arrogante e eu, realmente, acredito que ele tem uma carta na manga e o árbitro nem desconfia. "Como é que está a tua amiga ruiva?" Há um certo tom sarcástico na voz do Arty que me leva a crer que a ruiva não é apenas amiga do Adam. E apesar da surpresa na cara do Adam, há algo mais como o pequeno sorriso na ponta dos lábios vermelhos. O Adam tem o Arty exatamente onde ele quer, o que me leva a crer que ele considerou todas e quaisquer outras possibilidades em o caso do Arty ganhar a aposta. "Queres a Evie?", a forma como os olhos do Arty brilham posso dizer que ele não vai ficar só por aí. "E que tal, eu, tu, a Evie e a Violet, ou achas que não dás conta?" Os olhos do Adam brilham de uma forma tão intensa que eu, quase, sou capaz de ver desafio aceite escrito neles.

O parque de diversões do Sul era o meu parque favorito quando era criança. Durante o verão, eu era o criança mais feliz do mundo porque podia ir todos os dias para o parque fazer a mesma coisa, vezes sem conta, tendo apenas de trabalhar à socapa em alguns sítios para conseguir passe livre por todo o grande parque de diversões. Dizem que é necessário de memórias novas para esquecer as antigas e acho que essa parte da minha infância será substituída por algo perverso e profundamente arrebatador.

Jogo de Prazer (Livro 1)- Série Switch Onde histórias criam vida. Descubra agora