Sasha e Glenn acabaram pegando a doença também, o Dr. S nos avisou que já era uma contaminação em massa e seria difícil controlar a situação. Com a falta de dois membros o conselho se reuniu outra vez para decidirmos os próximos passos.
- Se espalhou, todos que sobreviveram ao ataque no bloco D estão doentes. – Hershel começou a contar quando me sentei, sentindo o corpo dolorido.
- O que faremos?
- Vamos isolar o bloco A e mandar os novos doentes pra lá. – Eu disse olhando para eles.
- Mas o que faremos pra parar com isso? – Carol perguntou preocupada.
- Não tem como parar, se pegar vai ter que enfrentar.
- Mas acaba matando. – Michonne se pronunciou escorada perto da porta.
- Os sintomas matam, se forem tratados com antibióticos as pessoas podem se curar. – Informei me virando para ela.
- Já vasculhamos todas as farmácias e lugares que tem remédios na região. – O caçador falou.
- Existe uma faculdade de veterinária onde ninguém deve ter ido procurar.
- Os mesmos remédios que são usados lá são os mesmos que precisamos. – Completei o raciocínio do Greene. – Mas são 80 km.
- Não fomos antes porque era perigoso, mas agora não temos escolha. Vou montar um grupo pequeno, não dá pra perder mais tempo. – Daryl já foi se levantando.
- Eu vou e mostro onde achar os remédios. – Hershel começou, mas eu o interrompi.
- Você não pode ir, podemos precisar correr de algum perigo. – Disse encarando-o séria.
- Vou fazer um mapa então.
- Nós também temos que isolar os mais vulneráveis, o prédio da administração pode ser usado. – Lembrei eles.
- E quem seriam?
- As crianças. – O Greene esclareceu, olhei para ele levantando uma sobrancelha sugestiva. – E os mais velhos.
Com a reunião encerrada, vou em direção ao bloco de celas conversar e dar instruções para Raylee e Carl, sempre me mantendo distante. Sinto meus olhos e garganta doerem, soltei um pigarro e o gosto de sangue surgiu na boca, me assustando.
Não tinha como ser da situação passada com Tyreese, coloquei a mão da testa sentindo-a quente, uma crise de tosse me atingiu em seguida e constatei que também fiquei doente. Coloquei um lenço amarrado no rosto e sai para fora em busca do caçador.
- Daryl. - Chamei por ele que estava mexendo no motor do carro ao lado de Michonne. - Me desculpa, mas eu não vou poder ir.
Sua atenção se voltou para mim quando eu escorei na parede, por conta de uma tontura. Ele vem em minha direção preocupado.
- Não. Você não. - Ele tentou me tocar, mas me afastei rapidamente.
- Você não pode chegar perto.
- Que se foda tudo isso, não posso te perder. - Disse começando a andar de um lado para outro furioso. Sinto um certo alívio ao perceber que Daryl ainda gostava de mim.
- Me escuta Daryl! Eu preciso de você bem para buscar os remédios. - Falei e tive mais uma crise de tosse. - Já passei por muita merda, não vai ser uma gripe que vai me matar, eu vou ficar bem.
- Ela tem razão, quanto antes voltarmos com os remédios mais rápido eles se recuperam. - Michonne segurou o braço de Daryl puxando-o para longe de mim, sorri agradecida para ela.
- Se cuidem lá fora. - Me virei e sai sem esperar mais nenhuma resposta, meu coração se apertou ao lembrar do olhar desolado do caçador.
Avistei Rick no pátio e fui ao seu encontro precisava conversar com ele.
- Hey xerife. – Ele se virou para mim arregalando um pouco os olhos. – Não gosto de colocar problemas nas suas costas, mas preciso que você tome conta de tudo enquanto os outros não voltam com os remédios.
- Domy eu não posso. – Rick negou com a cabeça, colocou as mãos na cintura e o peso na perna esquerda. – Nós temos um conselho pra isso.
- Somente Hershel, Maggie e Carol não estão doentes, eles não conseguiriam resolver uma emergência. E além do mais ainda não sabemos quem matou Karen e David. – Falei preocupada.
Me sentia péssima colocando aquela responsabilidade em cima do Grimes, porém não tinha outra alternativa. Ele deu alguns passos, levou a mão até o cabelo nervoso, para depois me olhar e concordar com um aceno de cabeça. No final Rick sempre estaria lá quando precisássemos.
Retribui o aceno agradecia e fui para o bloco A. Na porta encontrei Carol abraçada com Lizzie, estava tentando tranquilizá-la.
- Não precisa ficar com medo eu vou estar lá também. - A grisalha arregalou os olhos vendo meu estado pálido e cansado.
- Você também. - Ela me olhou surpresa.
- É eu sei… Por enquanto Rick vai tomar conta das coisas aqui de fora, e eu dou um jeito lá dentro. - Apontei a porta aberta com a mão esquerda e a direita repousou na pistola presa a minha perna.
Impediria a transformação das pessoas que morressem e também não permitiria alguém fazer mal aos docentes. Ela olhou receosa de mim para a arma e concordou hesitante.
Segurei a mão de Lizzie e entrei, fechando a porta em seguida, procurei uma cela vazia e deixei a menina nela.
- Deite aqui e descanse um pouco, qualquer coisa é só me chamar. - Acomodei a menina na cama e resolvi procurar do Dr. S para ajudar em alguma coisa.
O cheiro de sangue e morte pairava no ar, com várias pessoas sofrendo e sem forças.
…
Algumas horas se passaram e Hershel chegou trazendo um chá que podia amenizar os sintomas. Briguei com ele por estar ali, porém o senhor não me deu ouvidos. Meu corpo doía e a febre não dava trégua, auxiliei o Greene como podia, Sasha e Glenn também ajudavam.
Acabei perdendo a noção do tempo, quatro pessoas morreram até aquele momento e eu perfurava suas cabeças longe dos outros a pedido de Hershel.
Caleb nos orientou a fecharmos as celas, pois ele mesmo e várias outras pessoas já estavam na fase final da doença e prestes a sucumbir. Então comecei a fechar e um homem caiu no chão tossindo sangue e dando os últimos tremores antes de morrer.
- Voltem para suas celas. - Hershel pediu desolado e ajoelhado ao lado do corpo, recebendo os olhares assustados de todos.
- Não escutaram? Voltem logo! - Falei alto quando ninguém se moveu e eles atenderam minha ordem. Sasha trouxe uma maca e eu ajudei o Greene colocar o corpo em cima pra levarmos para longe de mais olhares.
- As coisas vão se complicar, quando vários morrerem ao mesmo tempo. Não vamos conseguir levar todos para longe. – Disse quando entramos numa sala separada.
- Sei disso, mas não posso permitir que eles vejam o que fazemos, isso vai abalar ainda mais eles. - A voz do senhor tremeu quebradiça me vendo impedir mais um de se transformar.
- Como estão as coisas por aqui? - Rick surgiu do outro lado da parede de vidro.
- Por enquanto estamos conseguindo segurar. – Falei me sentando por um instante para recuperar o fôlego.
- Você está horrível. - Ri com a sinceridade dele, porém foi um erro. Cobri minha boca com o braço e comecei a tossir, inclinando meu corpo para frente.
- Calma, calma. Respire devagar. - Hershel me instrui alisando minhas costas. Depois de alguns segundos voltei a respirar mais devagar, meu braço e boca ficaram cheios de sangue. O senhor puxou um lenço do bolso e limpou meu rosto com cuidado.- Você me ajudou muito, agora eu vou te levar para descansar.
- Antes de vocês irem eu tenho que falar sobre a Carol. - O Grimes nos interrompeu, olhei para o mesmo vendo sua postura apreensiva. - Foi ela quem matou Karen e David.
- O que? - Arregalei meus olhos incrédula, fazendo-os doerem mais ainda.
- Ela confessou sem remorso, pensou que pararia a doença assim. Eu levei ela para uma busca e deixei-a para trás com um carro e suprimentos. - Contou colocando as mãos na cintura e abaixando a cabeça angustiado. - Tyreese vai voltar logo e eu não podia deixar ela no meio de nós.
A informação do que Carol fez me deixou atônita. Uma coisa é matar um estranho que quer nos machucar, mas fazer isso com um dos nossos? Me levantei com dificuldade e fui até o vidro, espalmei minha mão na superfície e olhei compassiva para Rick.
- Não se martirize por isso. Você tomou a decisão certa, mesmo que tenha sido difícil. - Consegui ver a insegurança e receio nos olhos do Grimes, ele ainda achava não estar pronto para voltar a tomar decisões. - Quando os outros voltarem e essa doença acabar nós conversamos melhor sobre isso.
- Certo. - Concordou com a cabeça e também espalmou sua mão na direção da minha. - Você vai ficar bem? - Perguntou preocupado.
- Vou. - Confirmei com a cabeça e dei um pequeno sorriso. - Além do mais, você não conseguiria sobreviver nesse mundo sem mim.
- Acho que você está certa. - O Grimes riu fraco e trocamos um olhar cúmplice. - É melhor você ir descansar.
Assenti e me virei para a porta onde Hershel estava esperando terminarmos a conversa, o mesmo me guiou até uma cela e foi socorrer Sasha que havia desmaiado. Deitei na cama tossindo mais sangue e puxando o ar com força, encolhi o corpo sentindo-me péssima e com a cabeça pulsando de dor.
Não sei por quanto tempo eu apaguei, porém acordei sentindo um peso cair em cima de mim. Me desesperei quando ouvi os grunhidos do errante, segurei seu pescoço com as mãos e empurrei para o lado. Cai da cama por cima de seu corpo, busquei a pistola no coldre com a mão direita e disparei em sua cabeça.
Mais barulhos de gritos e errantes vieram aos bocados do corredor. Forcei-me a levantar e saí da cela, avistei zumbis recém transformados e corpos dilacerados pelo piso, iluminados pela pouca luz de lampiões. Comecei a atirar e logo Maggie apareceu correndo.
Hershel caiu na tela de proteção do primeiro andar, lutando com um errante para tirar o respirador preso na boca do mesmo. Maggie conseguiu matá-lo e correu para ajudar Glenn que não conseguia respirar.
Depois de matar todos os errantes deslizei até o chão tossindo. Tentei limpar a boca, mas foi em vão, escorei a cabeça na parede já sem forças. Perdi os sentidos mais uma vez e a escuridão tomou conta de tudo.
…
Soltei um resmungo dolorido e abri meus olhos lentamente, ainda os sentindo pesados. Observei um soro ligado ao meu braço e do outro lado Daryl me olhando.
- Você tem que parar com isso, sempre está à beira da morte. – Sua voz saiu rouca de cansaço e com indignação.
- Você tem razão, me desculpe por isso. – Sussurrei ainda aérea pelo recente despertar, meu corpo estava dolorido e tentei me ajeitei na cama. – As crianças, Glenn e Sasha?
- Estão bem. – Suspirei aliviada. Tirou uma mecha de cabelo ruivo dos meus olhos e me olhou com aquelas íris de oceano. – Descanse mais um pouco, eu vou ajudar lá fora. - Somente concordei, minha mente ainda estava muito nublada para pensar em mais coisas, então voltei a dormir.
Acordei outra vez bem melhor, minha recuperação estava sendo rápida e me sentia mais forte. Levantei e caminhei até a cela de Glenn para conferir, encontrando-o ainda dormindo e com Maggie ao lado, acenei de longe para ela não querendo incomodar. Sai do bloco e senti o sol da tarde na pele, Carl e Raylee apareceram correndo na minha direção, abri os braços recebendo os dois num abraço apertado.
- Você ainda vai me fazer ter um ataque do coração Domy. – Brigou a garota.
- Você é muito nova pra isso mocinha. – Baguncei seu cabelo. – Além do mais eu não posso morrer, tenho que cuidar das minhas crianças.
- Eu não sou mais criança. – Protestou Carl empinando o nariz.
- Vocês não sabem de nada. Agora vamos procurar o que comer, eu estou com muita fome. – Abracei um de cada lado e fomos para o bloco C.
Depois de comermos ficamos sentados e conversando, até que um estrondo foi ouvido e a construção tremeu. Corremos para fora avistando vários carros e a merda de um tanque, o Governador estava em cima dele gritando por Rick.
- Eu não mando mais aqui, tem um conselho. – O Grimes gritou de volta.
- O Hershel é do conselho? – O desgraçado perguntou e o Greene aparece sendo arrastado, com as mãos amarradas e sendo colocado de joelhos na frente, em seguida a samurai. – E Michonne?... Venha logo aqui Rick.
- Vai lá. – Confirmei quando o policial procurou minha opinião e começou a ir para o portão, me virei para os outros . – Avisem a todos para ficarem preparados, vamos usar o ônibus como planejamos fugir para o leste se as coisas complicarem.
- E se ficar muito ruins? Até quando vamos esperar?
- Até quando puderem. – O caçador disse indo buscar o carrinho de armas.
- Raylee, vá lá dentro e prepare uma mochila com alguns suprimentos e coisas da Judith, coloque poucas coisas suas também, mas seja rápida. – Orientei a menina. – E não saia do lado dela.
Daryl me entregou um fuzil M16 e munição, me posicionei na grade e fiquei esperando. Rick tentava bravamente contornar a situação, mas o Governador não queria negociar. Foi com horror e o coração quebrado que assisti Hershel ter o pescoço cortado. As irmãs Greene soltaram gritos sofridos e começamos a atirar.
O tanque começou a avançar e derrubar as cercas, disparando e causando um grande estrago. Me separei de Daryl quando tive que correr e me abrigar, recarreguei a arma voltando a atirar contra eles.
Um tiro do tanque acertou perto de onde eu estava, me jogando longe com a onda de impacto. Rolei pelo chão e pequenos destroços caíram sobre mim, uma nuvem de poeira se levantou.
O ar faltou nos pulmões e o ouvido zunir, senti o lado direito do rosto molhado, levei os dedos até o local e eles voltaram rubros de sangue. Me levantei desorientada e a voz abafada de alguém me chamando apareceu. Mexi no ouvido tentando recuperar a audição e olhei para Raylee, que me chamava mais a frente com Judith nos braços.
A dor começou a aparecer, me despertando para a realidade, tinham muitos zumbis começando a aparecer aos montes e eu não daria conta de matar todos. Fui até a garota e peguei a bebê no colo, olhei em volta não conseguindo localizar Carl ou outros do grupo, os errantes começaram a nos encurralar e então saímos dali em direção a floresta.
Não consegui ver se os outros conseguiram sair. E não podia voltar para procurar, minha prioridade tinha que ser manter Judith e Raylee seguras. Continuamos caminhando pela floresta nos distanciando ao máximo da prisão e de todos os errantes atraídos pelo barulho.
- Calma boneca. – Judith se agitou e mudei ela de posição. Parei um instante com a respiração acelerada, observei os arredores me certificando se estava seguro. – Vamos parar uns minutos, não abaixe a guarda.
Raylee concordou silenciosa e tristonha, queria consolá-la, mas não conseguiria nesse momento porque meu estado emocional era pior que o dela. Então me limitei a pedir a mochila e dar um pouco de água para a bebê. Fiquei surpresa ao ver meu arco e aljava, olhei para a garota que deu de ombros.
Já estando com o coldre e a pistola, coloquei a aljava com arco foi nas costas, junto com o fuzil pendurado pela alça.
- Você precisa limpar sua testa. – Ray pegou um pano e molhou com um pouco de água. Exclamei de dor e me afastei um pouco quando o tecido entrou em contato com o machucado. - Me desculpa.
- Tudo bem, pode continuar. - Segurei sua mão quando ela fez menção de parar, incentivando-a a terminar. Meio receosa Raylee voltou a limpar o corte na minha testa.
Depois de descansarmos decidi que seria melhor voltarmos a caminhar, a Joplin pegou a mochila de novo dizendo que eu ainda não me recuperei totalmente para carregar todo peso, não discuti e voltamos a caminhar em passos mais lentos.
Passar a noite caminhando no relento e com duas crianças foi difícil, muitas vezes tive que entregar Judith para Raylee e matar errantes, outras vezes corríamos até nos afastar dos zumbis. O dia tinha acabado de amanhecer quando me deparei com uma vila. Procurei por uma casa menos destruída e entramos, por sorte sem nenhum errante. Fechei as janelas com as cortinas e empurrei um sofá até a porta, bloqueando-a. Subimos para o andar de cima e procurei um lençol ou cobertor mais limpo e forrei a cama de um dos quartos para as meninas.
- Pode dormir um pouco. - Ajudei Raylee a deitar ao lado de uma Judith que dormia como pedra depois de mamar. - Eu vou ficar de vigia.
Deixei as duas dormindo e fui procurar coisas úteis para nós. Achei alguns poucos enlatados vencidos na cozinha, no quarto principal tinha roupas femininas que ficariam um pouco largas em mim, mas eu daria para que servissem, arrumei tudo em uma bolsa. Voltei para o cômodo que estávamos colocando a bolsa ao lado da cama, antes de me deitar um barulho de vidro quebrando preencheu a casa e Raylee acordou assustada. Será que nunca teríamos algum descanso?
- Shii - Sinalizei com o dedo na boca e sussurrei. - Você não pode fazer nenhum barulho. Pegue isso e fique atenta, atire se alguém entrar aqui dentro. - Entreguei a pistola em suas mãos e peguei o fuzil.
- Mas …
- Vai ficar tudo bem. - A tranquilizei e beijei sua testa. - Não saia daqui.
Sai do quarto fechando a porta e caminhei até o começo da escada. Senti minha respiração mais rápida quando ouvi resmungos masculino, seus passos descuidados faziam o velho assoalho de madeira ranger em direção a cozinha. Desci as escadas o mais silenciosa possível, e encontrei um homem alto e magro vasculhando os armários.
- Coloque as mãos para cima e se vire devagar. - Falei com a voz fria e sentindo o corpo tenso.
- Eu só estou atrás de comida, não queria invadir sua casa. - Ele disse se virando assustado.
- Cale a merda da boca. Jogue todas as suas armas no chão. - Falei alto, só era visível uma faca em suas mãos, mas o estranho poderia ter alguma arma de fogo escondida. - Obedeça logo senão eu atiro. - Apertei meus dedos sobre a arma até as juntas ficarem brancas.
- N-Não me m-machuque moça, eu vou embora. N-Nunca mais você vai me ver, me deixa ir. - O homem pediu suplicante, era visível seu nervosismo e medo. - Eu tenho que voltar para minha esposa, ela está doente.
Foi como se o tempo parasse, nem me importei com o que ele falou sobre sua esposa, flashes de Julian quando chegou na prisão e quando me torturou inundaram minha mente. “ P-Para! Me deixa ir!" foi como voltar para aquela sala suja, eu implorando para que ele parasse de me machucar e o Miller continuando e continuando.
Aproveitando da minha distração momentânea o estranho olhou para a porta dos fundos e começou a fugir, voltei para a realidade e avancei em sua direção, conseguindo derrubá-lo poucos metros antes de alcançá-la. Ele começou a se debater desesperadamente e tentou empurrar meu corpo para longe. Num momento insano tirei a faca de suas mãos e comecei a golpeá-lo várias vezes.
Sangue espirrava em minhas roupas e rosto, minha visão ficou rubra e só parei de esfaqueá-lo quando seu corpo se tornou inerte, irreconhecível. Levantei transtornada e joguei a faca longe, olhando minhas mãos banhadas em vermelho vivo.
O gosto ferroso preencheu meu paladar enviando ondas de náusea ao estômago. O enjoo foi tão forte que me curvei e vomitei o pouco que tinha comido horas atrás. Desabei no piso de madeira e comecei a chorar, tentando limpar freneticamente as mãos sujas na calça, porém eu estava coberta de sangue.
- Mãe? - Uma voz trêmula chamou minha atenção.
- Ray? - Olhei ainda atordoada para a garota com a arma em punho no início do corredor. - O que você está fazendo aqui? Eu disse para ficar no quarto.
- Eu ouvi barulhos e fiquei preocupada. - Me olhou assustada, vendo o corpo desfigurado e eu toda suja.
Seus olhar sobre mim, me causou vergonha. Aquele homem só estava com medo e tentando achar comida e eu o matei com tanta brutalidade.
- Volte para cima. - Ordenei, não queria que ela continuasse olhando para aquela cena. Entretanto Raylee continuou ali, parecia estar paralisada. - Agora! - Elevei o tom de voz, sobressaltando-a. Logo ela se virou e subiu as escadas correndo.
Fui até a sala achando uma manta em cima do sofá e tentei limpar o máximo de sangue de mim. A janela perto da porta tinha um buraco e os vidros estavam espalhados pelo piso. Olhei para fora tentando captar alguma movimentação tanto de pessoas como de errantes, encontrando silêncio e quietude. Puxei uma estante média de madeira colocando-a na frente da janela quebrada para bloqueá-la.
Agora mais calma percebi o grotesco erro que cometi, tirando a vida de uma pessoa sem motivos, ele estava assustado tanto quanto eu. Com a manta em mãos fui até seu corpo, me abaixei para cobri-lo, podendo ver seus olhos ainda abertos.
Já tinha matado muitas vezes antes, de varias formas, mas não de forma tão covarde. E se fosse verdade que aquele homem possuía alguém doente que precisava cuidar, eu também seria responsável por essa morte. Sangue de inocentes em minhas mãos.Desculpem a demora, mas tá ai um capítulo saido do forno.
Não deixem de comentar😘
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Alvorecer - Daryl Dixon | TWD
Genel KurguEm um mundo que a morte dominava, ter a oportunidade de mais um dia para viver era privilégio de poucos. Dominique Lewis era uma pessoa com um passado ruim, quando mais nova perdeu a mãe biológica, mas ganhou a oportunidade de poder amar novos pais...