FALTA DE SORTE OU DESTINO

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LAUREN

Camila virou em minha direção assim que passou pela porta, fazendo menção de me falar mais alguma coisa sem sentido, com seus olhos repletos de culpa. Não a permiti tal ação, a fazendo engolir suas palavras e suas desculpas ao bater à porta em sua cara com extrema força.

O barulho alto do chocar da madeira fez os demais convidados, que ainda estavam ali, imunes ao que estava acontecendo, olharem em minha direção. Os acenei antes de acelerar meu passos de volta ao meu mini bar ao canto da sala, prontamente enchendo meu copo de whisky mais uma vez, carregando a garrafa que ainda continha metade do liquido em seu conteúdo, em baixo do meu braço até o meu sofá, onde me sentei, ficando ali presa e perdida em um mar de nada.

Era muita audácia dela me enfrentar e julgar dentro de minha própria casa, ainda mais sabendo de sua grande parcela de culpa e erro em nossa última discussão. Passamos tempo demais juntas em minha última ida a São Paulo, o tempo inteiro, onde a contei de minha vida e demonstrei querer ser diferente com ela, apta a ser alguém paciente, mas pelo visto, foi tudo perda de tempo e ilusão.

Não sei como me deixei levar por esses sentimentos errôneos e bobos. Ter consciência dessa realidade em combinação com as novas informações ao seu respeito com os últimos acontecimentos, me enfurecia bem mais com tudo à minha volta e diretamente com ela.

Não sei quanto tempo passou enquanto eu me via perdida em uma imensidão sem cor ao meu redor. Tudo o que via eram reflexos de pessoas se movimentando sem me prender a atenção e murmúrios distantes, mesmo estando tão perto e audíveis. Só voltei em mim quando meu copo se esvaziou mais uma vez e a garrafa não continha mais nenhuma gota da bebida dentro.

A ardência que sentia em meu corpo ao virar grandes doses de uma vez não me incomodava mais do que a frieza que eu sentia dentro de mim.

Minha real vontade era de chorar, mas não derramei nenhuma lágrima. Minha feição continuava séria e inexpressiva.

Prendi meu olhar naquele vidro vazio que me encarava de volta pedindo para ser trocado por um outro cheio de bebida, mas não apenas me senti impossibilitada de levantar, como também não consegui reconhecer meus próprios olhos naquele reflexo.

Talvez eu tenha exagerado em minhas expectativas, as quais eu não queria ter tido. Camila, mesmo que tenha se entregado por um breve momento, nunca havia firmado nenhum compromisso comigo e nem me prometido nada. O máximo que havia feito era ter concordado em curtimos nosso tempo juntas.

Eu quem esperou demais de alguém que tem coragem de menos.

O erro foi meu.

O pior de tudo é que isso parece tanto uma piada de mau gosto. Quem diria que logo eu me apegaria a alguém que não me quer, mesmo sabendo que eu posso ter qualquer outra pessoa que eu quiser?

Foi loucura demais me permitir a isso.

Nunca planejei, em minha vida inteira, ter sentimentos por alguém ou viver um relacionamento normal onde as pessoas namoram, casam e vivem juntas pro resto da vida. Isso sempre me pareceu tão banal, e começar a pensar assim neste momento, embriagada com minhas mágoas e com o álcool em meu sangue, sentia uma vontade descontrolada de rir.

Nada que uma semana ou duas de bebidas e curtições não me faça esquecer. Só estou me sentindo dessa maneira pela rejeição, pela adrenalina de tentar ficar com alguém que não tem o mesmo interesse em mim.

Pela primeira vez, perdi meu próprio jogo, mas não me permitirei sair por baixo. Para todo game over, há um recomeço.

Minha vida logo voltará para os eixos e Camila não passará de uma lembrança esquecida, superada e de apenas uma amiga em comum que eu serei obrigada a conviver a pedido de Taylor.

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