JOGO DO QUARTO

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CAMILA

Andava de um lado para o outro na sala de minha casa com as mãos entrelaçadas atrás da cabeça. Não conseguia mais definir o que é mais assustador nesse exato momento. Se é o fato de Dinah ter desconfiado de nós ou o fato de me ver aqui sozinha, sem Lauren, me despedaçando em minúsculos fragmentos por a ter magoado em meio ao meu surto descontrolado e ter a deixado ir embora dessa maneira.

De minuto a minuto, de maneira frenética e ansiosa, desbloqueava a tela do celular na esperança de receber alguma notificação de mensagem sua. Faziam horas que eu estava a ligando e ela não me atendia, e agora, minhas ligações caiam direto para caixa postal, sem mais toques, sem mais otimismo.

Me permitia chorar exaltada, engasgando com meus próprios soluços, que apertavam meu peito de maneira sufocadora.

Eu sou uma idiota.

Idiota e merecedora de sua raiva.

Nunca me senti tão viva em toda minha vida como me sinto quando estou com Lauren, mas o medo de toda essa minha nova realidade as vezes fala mais alto do que meus desejos e o receio sobre alguém nos descobrir se gruda firmemente em cada parte de mim, sugando todo o meu juízo, tentando destruir meus sentimentos bons e por vezes, como foi o que acabou de acontecer, ele consegue se sobressair e agir por mim, me fazendo perder o controle.

Ainda não posso deixar ninguém saber, pois eu não estou preparada para lidar com os olhares ignorantes e preconceituosos, mas eu não precisava ter agido feito louca.

Nunca fui de me permitir envolver com facilidade, mas sempre fui aquela pessoa que, internamente, sem precisar que todos soubessem, sonhava em encontrar alguém que me tirasse de órbita, que trouxesse sentido para minha vida para poder viver um relacionamento considerado normal, onde a demonstração de afeto, como andar de mãos dadas no meio da rua e poder abraçar em público, não fossem alvo de ódio alheio. Nunca imaginei que eu encontraria tal pessoa, mas que para poder a ter em minha vida, precisaria viver escondida.

Ao aceitar estar com Lauren, nunca poderei ter esse tipo de relacionamento, não sem receios e sem medo constante e isso é o que mais me assusta.

Meu choro se estendia em um desespero inconsolável e não sabia mais se era devido à nossa briga ou se era pela dor que esse meu pensamento cheio de verdade me causava.

A sensação de desejar estar com alguém sabendo que esse querer é reciproco, mas se sentir presa em grossas correntes que te machucam impiedosamente em cada tentativa de fuga ao tentar se esticar e alcançar as mãos da outra pessoa que tenta te ajudar a sair desse sufoco, é cruelmente insuportável. Eu queria ser capaz de a tocar para ser resgatada de meu calabouço gelado e escuro, mas sentia meu pavor encurtando as correntes, me afastando dela e minha covardia me puxando para cada vez mais distante.

Estava me sentindo a pior pessoa possível, não apenas por ter meu mundo desabado por sua visível dor com minhas atitudes, mas também por me sentir incapaz de lutar e enfrentar o mundo por ela.

Desde o começo eu poderia jurar que seria a Lauren quem me machucaria, mas nesse momento, sou eu quem não a merece de maneira alguma. Talvez me afastar dela seja a melhor opção, não diretamente a mim, mas para o seu bem. Já tivemos provas o suficientes para saber que não daremos certo.

Bem que Taylor me avisou que toda essa minha negação faria eu me tornar uma pessoa amarga que machucaria os outros.

Talvez eu também deva deixar Lauren pensar que eu sou uma pessoa fria, assim ela desiste de mim e tudo volta a ser como era antes. Com ela longe, eu terei disposição para continuar negando cada gota desse sentimento, me permitindo, eventualmente algum dia, verdadeiramente o fazer se tornar insignificante, assim como a darei espaço para esquecer tudo o que passamos.

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