INESPERADAMENTE

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CAMILA

Confesso que enviei a última mensagem por impulso e apenas agora, depois que os efeitos alucinógenos de sua aparição inesperada se dissiparam, conseguia ver o peso de minha resposta. Não tenho ideia do que conversar com Lauren, apesar de que ela aparentemente, tem alguma coisa para resolver comigo, já que por duas vezes, havia me falado sobre essa necessidade.

A mente e as palavras me travam de receio e medo, mas quem eu quero enganar? Sei muito bem sobre o que ela deseja resolver e conversar e é exatamente o mesmo assunto no qual eu deveria estar apta a dialogar. As consequências não são só nossas e nem tudo gira apenas em torno de nós, então eu a deixarei começar a falar e talvez assim, com as perguntas e pontos certos, ela acabe me ajudando a entender o motivo de toda essa confusão e desses sentimentos embaralhados que ela tem me causado.

Me senti afobada e nervosa demais para esperar seu comentário sobre minha resposta, mesmo tendo em mente que nesse exato momento, ela deve estar satisfeita por me ver falando aquilo, ainda mais depois de tantas vezes que a ignorei. Ela não virá por mim. Não virá por Taylor. Lauren virá nessa viagem com suas intenções óbvias de provocação, como alguém que não aceita perder o seu jogo de ego.

Tomei um banho rápido e extremamente quente para tentar aliviar a tensão e o cansaço do dia. Apesar de me sentir confusa sobre minhas reações, estava feliz por saber que não demorarei a ver minha melhor amiga, ainda mais agora que me tornei alguém tão perdida em sensações incoercíveis e devido a isso, por ter que o engolir constantemente, me sentia cada vez mais desiquilibrada emocionalmente e sozinha.

Levantei de minha cama na manhã seguinte pronta para enfrentar os próximos dias, estes que não se demoraram a passar. Meus horários se tornaram tão mais corridos no trabalho devido a novas licitações de contratos e as novas matérias apresentadas na faculdade, estas que aparentavam ser mais difíceis de se aprender sem tanto esforço, que agora me faltavam horas no dia para conseguir fazer o tanto de coisas que necessitava.

Assim como o meu, o horário corrido de Dinah também piorava. Quanto mais tempo ela trabalhava, mais seus patrões exigiam dela, principalmente depois que sua colega de trabalho, que atendia regiões um pouco mais distantes e que estava grávida, tirou sua licença maternidade. Isso culminou em mais serviços e mais viagens, estas que começaram a ficar mais longas.

Hoje mesmo foi mais um dos dias dos quais ela perdeu a primeira aula por não ter conseguido chegar a tempo na universidade, aparecendo somente no segundo período, quase atrasada novamente.

A assisti correndo da porta da sala até a cadeira ao meu lado, que ainda estava vazia, a esperando. Segurava seu caderno grosso e alguns livros na mão, com a mochila pendurava em seu braço, quase caindo. Ela aparentava estar inteiramente estabanada.

Se sentou, sendo vigiada por meu olhar avaliativo de sobrancelhas arqueadas, derrubando algumas coisas ao chão, se encurvando para as recolher, voltando a ficar ereta e respirando fundo. Não me encarou.

- Antes que fale qualquer coisa, apenas não diga nada. – Me olhou de canto de olho, sobre o ombro, relutante. – Já irei aproveitar sua repressão para a avisar que terei que viajar amanhã para uma cidade distante e não poderei voltar no mesmo dia. Ficarei hospedada em um hotel e na manhã seguinte, terei que viajar novamente a trabalho para outro local. Ficarei 4 dias longe. – Desatou a falar, quase sem respirar, não me dando espaços para interrupções.

- Dinah, estamos entrando em período de prova, você não pode perder as últimas aulas do semestre. Além disso, como conseguirá estudar? – Me mostrava visivelmente incrédula e completamente contra a ideia na qual ela havia acabado de me comunicar. Meu tom era sério e repressivo.

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